Autor: Jorge
Amado
Editora: Companhia
das Letras
ISBN: 9788535917260
Ano: 2010
Páginas: 184
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Sinopse:
Segundo
livro de Jorge Amado, Cacau é narrado em primeira pessoa por um lavrador, filho
de industrial decaído, que trabalhara brevemente como operário fabril. O
pequeno romance é a saga de uma tomada de consciência social e política. Atesta
o clima de polarização ideológica da época em que foi escrito e o entusiasmo
revolucionário de seu jovem autor.
Cacau
inaugura também um dos veios mais ricos da literatura de Jorge Amado, o dos
livros dedicados à rica e sangrenta história da região cacaueira da Bahia,
imortalizada em obras como Terras do sem-fim; São Jorge dos Ilhéus; Gabriela,
cravo e canela e Tocaia Grande.
Neste
apaixonado livro de juventude, com um vigor e uma urgência que o tornam
encantador, encontramos alguns dos méritos mais louvados do autor, como o
apurado ouvido para a fala popular; o trânsito pelos vários registros do
discurso, do mais formal ao mais coloquial; o caloroso afeto por suas
criaturas.
Livro
de denúncia e esperança, anuncia o grande romancista que conquistaria os
leitores do Brasil e do mundo nas décadas seguintes.
Resenha:
Depois
de ler A morte e a morte de Quincas BerroDágua, eu precisava desbravar mais obras do Jorge Amado. Sua forma de
narrar, tão próxima a de um contador de histórias – algo raro em clássicos –
chamou-me a atenção em demasia. Foi assim que mergulhei em Cacau, uma das primeiras obras do autor. Em parte, saí satisfeito
com a leitura. Em parte, decepcionado. Se a história é rica e mantem o padrão
de abordar os esquecidos, os estereótipos me incomodaram. Porém, no saldo
final, a leitura foi positiva.
Na
obra, acompanhamos o Sergipano, filho de um industrial, mas que ficou pobre
após a morte do pai e o golpe do tio. Por ironia do destino, o futuro
empregador se tornou empregado; para ser mais exato, lavrador em uma das
enormes plantações de cacau da Bahia. Lá onde a essência do doce nasce,
Sergipano e os demais lavradores vão experimentar o amargo da vida, com dor,
castigos, uma semiescravidão e até traços de fome.
Partindo
dessa premissa simples, Amado cria um romance competente. O objetivo, com a
obra, é denunciar a situação precária dos trabalhadores nas plantações de
cacau; isso é alcançado com todo êxito. Ademais, o autor também mantém as características
que são famosas em sua obra: a fala daqueles que não possuem voz, a linguagem
coloquial do povo que ele retrata, a boa representação social e uma bagagem
ideológica forte.
“Cidade pequena, eu rodei por todas as ruas. Acostumara, por assim dizer, com a fome. Olhava para as raras pessoas que ainda perambulavam pela cidade, com um ar de espanto. Às vezes elas me olhavam também. Eu sorria confuso, quase com vergonha de ter fome” (p. 10).
Contudo,
por outro lado, ao mesmo tempo em que consegue fazer com louvor a abordagem da
vida do explorado, Jorge cai em estereótipos quando vai desenvolver seus
dominadores. Os capitalistas são gordos, pois são glutões, sempre são
perversos, esnobes, vingativos e possuem desejo de humilhar os que descendem de
uma classe social inferior. Esse maniqueísmo estereotipado talvez não incomode
o leitor menos atento, mas é latente na obra e retira uma parcela da qualidade
que ela poderia possuir.
Contudo,
apesar do ponto negativo anteriormente mencionado, o livro consegue ser
envolvente. Como o autor se aproveita de uma narração em primeira pessoa,
através dos olhos do explorado, há uma grande aproximação de quem lê com o
enredo. Jorge Amado consegue despertar, com sucesso, a empatia do leitor,
fazendo com que a leitura seja rápida, algo que é bem incomum em livros canônicos
da literatura brasileira. Contudo, não se engane por essa leitura ágil: o livro
possui muitos níveis e deve ser pensando e repensado.
Quanto
à parte física, eu tenho apenas que elogiar a Companhia das Letras. A capa é
maravilhosa e retrata muito bem o que podemos esperar do enredo. A parte física
é confortável, bela e proporciona uma boa leitura. No fim do livro, ainda
encontramos um artigo escrito por José de Souza Martins sobre a obra, onde ele
aborda as principais características da escrita de Amado e aponta alguns
problemas e sucessos do desenvolvimento do livro. O trabalho ainda conta com um
breve resumo da vida e obra de Jorge, incluindo fotos.
“– A gente aluga máquina, burro, tudo, mas gente, não.– Pois nessas terras do Sul, gente também se aluga” (p. 35).
Em
suma, Cacau é um bom romance, mas que
peca em certos aspectos, impedindo que alcance toda qualidade que poderia possuir.
Porém, por se tratar apenas do segundo livro do autor, esse é um problema perdoável.
Para quem quer conhecer mais sobre a obra de um dos grandes autores da
literatura brasileira e também entender melhor o Brasil, o livro é, sem
dúvidas, recomendado.
Outras fotos:
Outras fotos:
ah, esse do jorge amado não li. bela edição. beijos, pedrita
ResponderExcluirOie,
ResponderExcluirnão conhecia o livro, parece ser interessante, mas não leria no momento.
bjos
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Oi Marcos!
ResponderExcluirFico feliz que vc tenha gostado da obra mesmo que alguns pontos tenham sidos decepcionantes. Já li alguns livros do escritor nos tempos de escola e tbm gosto muito de sua escrita e narrativa. Não li esse ainda, mas gostei da dica e vou adicioná-lo na minha lista de desejados!
Bjo bjo^^
Oi Marcos, você escreve muito bem, parabéns! Gosto de livros assim e sempre achei dificuldade em encontrar pessoas que gostem desses livros que tem tanto a oferecer.
ResponderExcluirBeijos
Quanto Mais Livros Melhor
Gostei muito da resenha! =D
ResponderExcluirBom, eu nunca ouvi falar desse livro mas me parece uma leitora muito boa pra ler, pelo fato de contar sobre a história do Brasil e o cenário onde está sendo contado, além dos personagens com características fortes. A capa deixou a desejar mas as fotos e desenhos dentro do livro com certeza superou.
Acho esse chic também, rsrs.
ResponderExcluirAdorei a resenha! Não li o livro, mas fiquei com vontade. Mesmo com esses micro pontinhos negativos, nada que afetasse a grandeza da obra. Amei!!!
Bjksssssss
Lelê
Pela sua resenha da para notar que o autor retrata de maneira bem real, coisas que aconteceram naquela época e que marcaram, isso com certeza deve vir carregado de muito conhecimentos, e esse foi um ponto que me chamou bastante atenção nesse livro, confesso que achei essa obra um tanto surpreendente, e por isso pretendo ler.
ResponderExcluirAdorei a resenha, gosto muito de livros que tratam o passado, sou vacinada, fiquei com vontade de ler
ResponderExcluirBeijos
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Já li Capitães da Areia e gostei bastante. Não achei a leitura cansativa, isso deve ser uma característica do autor.
ResponderExcluirNão conhecia esse livro mas achei interessante a história, retrata um pouco de como era o Brasil há um tempo atrás.
Olá, Marcos.
ResponderExcluirEu não conhecia esse livro do autor ainda. Achei a edição muito bonita. Acho que leria porque os pontos negativos que você levantou, acho que não iriam me incomodar. Mas entendo o que você quis dizer. É meio que uma contradição isso, querer levantar uma bandeira enquanto generaliza outra.
Blog Prefácio
Olá!
ResponderExcluirMeu único contato com o Jorge Amado foi Capitães da Areia, que li pra FUVEST, e pra falar a verdade também senti bastante essa coisa dos estereótipos nele, então infelizmente esse não foi um traço só do início de carreira do autor :/
Mas a prosa do Jorge é mesmo muito fluida e, mesmo encontrando certos defeitos, a gente continua firme e forte até o fim, né? Estava com vontade de ler algo mais do autor e essa edição da Companhia parece lindíssima, já quero.
Abraços,
Elisa~
The Fat Unicorn
Olá!!
ResponderExcluirQue livro doce gte!! :)
Adoreei a resenha Marcos!Ilustrações mto bacanas tbm, quem sabe não dá pra desfraçar com os pontos negativos do livro né....
Parabéns pela resenha!
Bjs!
Já li um livro do Jorge, Capitães de Areia. Foi um livro que me marcou tanto que está até nos meus favoritos. A forma com que ele escreve é tão real e crua, ele joga na sua cara fatos que você nem sabia que existiam, não tem como não gostar e refletir sobre. Já tinha visto o livro Cacau em algumas livrarias, mas nunca li a sinopse. Pelo jeito, segue a mesma linha de escrita e com certeza vou adorar, e o melhor de tudo é que é nacional (nunca me imaginei gostando da literatura nacional, mas já me livrei desse preconceito)
ResponderExcluirAmei a resenha, abraços.
Oi, Marcos
ResponderExcluirJorge Amado foi elogiado por você e é elogiado por outras pessoas. Tenho curiosidade em ler suas obras. Uma pena que o livro apresentou alguns pontos negativos para você, contudo, fico feliz que não tenha sido uma má leitura.
Adorei o tema do livro e leria com certeza.
Olá!
ResponderExcluirÉ uma vergonha eu me considerar uma leitora assídua e nunca ter parado pra ler os clássicos nacionais. Nem na época da escola, quando era "obrigada" a ler, eu não lia.
Não conhecia essa obra do Jorge Amado e fiquei curiosa. Sempre que pensamos em plantios do país lembramos imediatamente de Café e Açúcar, mas esquecemos de outros tipos de plantações.
Deve ser interessante ler um relato a respeito de uma plantação de Cacau e como era a vida de quem trabalhava nessa lavouras.
Venha conferir a Promoção de Inauguração do Confissões de uma Mãe Leitora!
Olá!
ResponderExcluirNão conhecia essa obra doa autor. Com certeza deve ser uma leitura muito interessante e rica em explorar a história de outra época. Mesmo com sua ótima resenha, sempre tão detalhada e crítica, deixo passar, pois no momento não me chama a atenção. Quem sabe em outro momento venha a ler, se surgir oportunidade. Abraços.
E eu ainda não li nada do autor :P
ResponderExcluirEstou começando a achar que não lerei esse ano :(
Esse da resenha eu não conhecia Marcos. Então foi legal conhecer, mesmo que através de uma resenha, um pouco mais do trabalho do autor.
Mas acredito que não leria. Acho que os pontos que te incomodaram, também me incomodariam. Então acredito que seria melhor começar a conhecer o autor através de outras obras :)
Mas sua resenha está maravilhosa :)
Beijooos
http://profissao-escritor.blogspot.com.br/
jorge amado... ahhhh, como nao se apaixonar pelas escritas dele? mas Cacau ainda nao li e me interessei! apesar dos pontos negativos que você destacou, a obra ainda me chamou a atenção e a capa realmente é linda!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu sou apaixonada por Jorge Amado mas só li os seus livros mais famosos. Concordo com você que ele pode ter estereotipado os capitalistas, mas na minha opinião acredito que ele não estava muito errado. Acho que o talento dele para representar na sua obra o Povo baiano é sem igual, quando lemos Jorge Amado temos sempre a impressão que estamos dentro da história, vivenciando a mesma. E suas críticas sociais são sempre o ponto forte da trama, que infelizmente mantém-se atuais.
ResponderExcluirabraços
Gisela
www.lerparadivertir.com
ResponderExcluir
faz tempo q eu não leio nada do amado, mas é impressionante o quanto as questões sociais que ele tanto aborda no livro, passa os anos e continua do mesmo jeito.
ResponderExcluiracho que essa visão maniqueísta também condiz com o fato de ser narrado em primeira pessoa. mas é uma características que os autores (e pessoas) da época tem e isso me irrita um pouco...
mas mesmo assim preciso voltar a ler os grandes autores brasileiros e pelo jeito é um ótimo livro!
Conhecia a obra, mas ainda não li e também não tinha lido nenhuma resenha da mesma. Gostei do enredo, do fato de mostrar um personagem em duas "visões" ele rico, empregador e ele pobre. Uma pena o ponto negativo do livro e que bom que ele não tira o excelência da obra. A parte da diagramação realmente está bem bonita. Gostei da resenha e da dica.
ResponderExcluirAbraço!
A Arte de Escrever
Devo confessar que não sou muito ligada a Jorge Amado, mas depois da sua resenha fiquei tentada a repensar! KKKK
ResponderExcluirAbraços
Jovem Literário
Nunca gostei de livro Brasileiro, mas todo mundo fala de Jorge Amado. Acho que vou dar uma chance. Ótima resenha!
ResponderExcluirNão leio sempre livros clássicos, mas gosto de vários. Infelizmente nunca li nenhum de Jorge Amado, que as pessoas gostam tanto. Pretendo ler os livros dele com certeza, mas não sei se começaria por esse, a história não me chamou tanto a atenção.
ResponderExcluirAbraços :)
Não li nada do Amado ainda, mas tenho muita vontade de conhecer seus livros, a crítica é sempre tãooooo positiva!
ResponderExcluirEsse parece ser um bom romance, até com um fundo reflexivo, dando enfoque nas desigualdades sociais.
Vou anotar aqui e procurar na biblioteca.
Adorei seu exemplar. Capa lindérrima!
bjos