09/06/2016

Resenha: Correspondente de Guerra

Título: Correspondente de Guerra
Autores: Diego Schelp e André Liohn
Editora: Contexto
ISBN: 9788572449557
Ano: 2016
Páginas: 240
Compre: Aqui

Sinopse:

O correspondente de guerra quer estar naquele exato lugar de onde muitos estão fugindo. Entretanto, nunca foi tão perigoso buscar notícia em meio a um conflito quanto neste início de século. O que faz alguém se enfiar em uma guerra, consciente dos riscos envolvidos, apenas para contar uma história? Como a internet e os celulares mudaram a maneira que os acontecimentos nos rincões impenetráveis e conflagrados do planeta chegam ao grande público? O jornalista Diogo Schelp e o experiente fotógrafo de guerra André Liohn se reuniram para responder a essas perguntas em um livro cheio de revelações, histórias emocionantes e fotos de impacto. Em formato especial, o livro possui um caderno 4 cores com dezenas de fotos impactantes.

Resenha:

Correspondente de Guerra, obra jornalística de Diego Schelp e André Liohn, é um livro que vai além do esperado. Não que eu imaginasse um livro ruim, porém, esperava um livro apenas memorialista. Contudo, o que encontramos aqui vai bem além do que um relato de experiências: temos também uma parte teórica forte e inteligente, que dá uma base de sustentação importante para a obra.

Aliás, é com essa base que o livro é aberto. A presente obra é dividida em três tomos: o primeiro, escrita por Schelp, dá uma visão do universo da guerra para o jornalista; o segundo, escrito por Liohn, abrange a parte mais pessoal e memorialista, partindo da vivência do escritor. O terceiro é um apanhado de fotos belas e chocantes que retratam o horror da guerra.


A primeira parte da obra, nomeada de Os Jornalistas e as Guerras, é a espinha dorsal do trabalho. É ela quem permite um aprofundamento no ambiente jornalístico e no entendimento do motivo da importância da cobertura das guerras. O autor relata os tipos de guerra, os modos de cobertura, as diferenças das coberturas jornalísticas nos mais diversos períodos bélicos da história mundial e muito mais. Isso deixa a obra mais interessante e mais acadêmica, fugindo apenas de relatos soltos sobre experiências, algo que não é difícil de encontrar no mercado editorial.
“Quando a Grande Guerra estourou na Europa, em 1914, os governos dos países envolvidos – e especialmente suas forças armadas – já tinham a exata noção do incômodo que era ter jornalistas circulando livremente entre os acampamentos militares e tentado se aproximar da linha de frente. O que eles contavam aos cidadãos em seus países de origem podia expor a incompetência dos generais, a desorganização de seus governos, as péssimas condições em que os soldados precisavam lutar e os abusos contra prisioneiros e civis” (p. 31).
Apesar de parte primeira ser mais acadêmica, possui uma escrita fácil, direta, descomplicada. Ademais, como o tema é interessante, o trecho não fica enfadonho. Mesmo quem não é da área jornalística – meu caso – conseguirá entender bem o conteúdo e se envolver com a leitura. Sem falar que o relato é algo que deveria ser de conhecimento de todos, pois permite que se conheçam melhor os bastidores das guerras.

A segunda parte da obra, por sua vez, complementa a primeira. Isso acontece porque, no segundo momento, temos uma narrativa mais pessoal, mais voltada para as memórias. Se na primeira parte entendemos a teoria, na segunda ver-se-ão os perigos da prática. Aliás, um aviso ao leitor: a verdade choca. Os perigos que os profissionais da impressa enfrentam – sequestros, morte por bombas, estilhaços, balas, assassinatos e outros – para produzir sua visão de um fato são assustadores. Não raro o leitor é levado a se comover com os acontecimentos relatados.


A leitura da segunda parte flui ainda mais rapidamente do que a da primeira. Isso se deve por causa da narrativa pessoal, próxima de uma conversa. A escrita lembra muito uma troca de experiências, o que é envolvente. Ademais, saber que tudo ali relatado é real ajuda no processo de envolvimento emocional com o livro.
“Pergunte a qualquer jornalista com experiência em coberturas de guerra nos anos posteriores aos atentados de 2001 nos Estados Unidos sobre seu maior medo no exercício da profissão, e há uma grande chance de que responda que não é ser atingido por uma bomba, uma bala ou por estilhaços. Ele ou ela lhe dirá que ser sequestrado é o seu maior temor” (p. 45).
A terceira parte, por sua vez, é espetacular. Se as emoções são evocadas no relato de Liohn, neste último momento elas se condensam em imagens belas, mas que beiram ao bárbaro. A habilidade de pegar o ângulo perfeito mesmo nos momentos mais conturbados é impressionante. É impossível ficar indiferente diante de tais relatos visuais.

Quanto à parte física, restam-me também apenas elogios ao livro. A capa é chamativa e já apresenta bem a premissa que será encontrada na obra. A diagramação, por sua vez, é belíssima. Há mapas, fotos coloridas e um material de apoio excelente. Sem dúvidas, temos todos os elementos para uma leitura completamente satisfatória.



Em suma, Correspondente de Guerra é um jornalístico com embasamento teórico interessante, mas que também se aproveita do relato pessoal para envolver o leitor. Além disso, a sua parte física é um grande diferencial para quem lê. Sem dúvidas, uma leitura indispensável para quem se interessa pelo tema.



Comentários
19 Comentários

19 comentários:

  1. Oi, Marcos!
    Apesar de ser uma profissão interessante e, no mínimo, perigosa, não sei se leria o livro. Ele não faz muito meu estilo.
    Beijos
    Balaio de Babados

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  2. Olá Marcos!
    Adorei! Curto bastante esse tipo de obra. Gosto muito de fotografia e sempre fui curiosa sobre como faziam esse tipo de fotos. Com certeza vai para a lista de leitura :)
    Bjs

    EntreLinhas Fantásticas - Participe do nosso SORTEIO do DIA DOS NAMORADOS <3

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  3. Oi Marcos!

    Já li alguns livros com o tema mas eram mais romanceados. Nunca li nada tão expressivo assim. Gosto do tema, mas me sinto tão mal sabe? É difícil digerir algumas coisas... Mas gostei da resenha, apesar de ser mais jornalístico, espero lê-lo e gostar tanto qto vc!

    Bjo bjo^^

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  4. Olá Marcos!
    Achei o livro meio chocante, mas parece ser bom, as fotografias parecem que dão vida ao livro tbm junto com a história desenvolvida pelos autores, gostei bastante!
    Bjs!

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  5. Sem dúvida nenhuma esse livro deve ser bastante interessante e repleto de informações importantes.
    Gostei da resenha.

    www.paginasempreto.blogspot.com.br

    Beijos

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Olá, Marcos! Tudo bem?

    Acho a profissão de jornalismo investigativo muito envolvente. Que meus pais não ouçam, mas um dia gostaria de fazer parte desse mundo. Enfim, desde que o livro foi lançado pela Editora Contexto, eu fiquei bastante curioso.

    Não sei bem se será o tipo de livro que irei amar, meio termo ou odiar. Mas pretendo ler e triar minhas próprias conclusões.

    Até mais! https://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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  8. Adoro livros jornalísticos. E esse tá lindoooo♥

    Adorei a dica!!! Adorei a resenha. Nunca tinha visto esse livro antes, fiquei realmente impressionada com essa qualidade toda que você disse que ele tem.

    Bjksssssss

    Lelê

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  9. OI tudo bem..
    A resenha que voce fez junto com a capa já da uma grande vontade de ler o livro ,adoro livros com fotos ,ilustraçoes,mas por ser um tema que nunca li nao sei se leria...
    muito sucesso.

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  10. Oi, Marcos.
    Adorei a sua resenha, porém, acho que esse livro não é muito indicado pra mim, pois, não curto muito livros jornalísticos.
    Mas, a edição está linda.
    Beijos

    http://coisasdediane.blogspot.com.br/

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  11. Oi, Marcos.
    Adorei a sua resenha, porém, acho que esse livro não é muito indicado pra mim, pois, não curto muito livros jornalísticos.
    Mas, a edição está linda.
    Beijos

    http://coisasdediane.blogspot.com.br/

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  12. Oi, oi Marcos!
    Adorei a resenha, mesmo não fazendo meu estilo de leitura, é sempre bom entender um pouco mais essa profissão que as vezes é tão banalizada. Não conhecia o livro e amei a indicação.
    Abraços! ;)
    Borboletas de Papel | Fanpage

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  13. Olá, Marcos.
    O livro me pareceu ser bem interessante. Principalmente a segunda parte. Mas infelizmente é um livro que eu não leria. Como prefiro ler ficção, acho que vou deixar passar esse.

    Blog Prefácio

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  14. Hey, tudo bom?
    O livro parece ser muito bem escrito e o mesmo promete ser interessante, principalmente por relatar fatos reais. Adorei a edição e a diagramação que parece ser realmente belíssima. Estou curiosa para ver as fotos e ansiosa para iniciar a leitura.

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  15. Que livro incrível! Percebemos que o mundo mudou muito desde a inauguração dee novas tecnologias.
    Os jornalistas passam por muitos momentos difíceis, e tudo por uma boa cobertura, pra passar as informações. Eu os parabenizo, esse livro deve ser maravilhoso e cheio de informações.

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  16. Oi Marcos, tudo bem?
    Fiquei bastante interessada no livro.
    Confesso que até então, a única guerra que me atraia e que eu queria saber mais era a segunda guerra. Mas depois que li seu livro, acabei abrindo um pouco mais os olhos.
    As coisas vão bem além do que a gente espera. E a guerra não acontece apenas nos campos. Acho até que ela acontece muito mais fora dali.
    Então confesso que o livro acabou chamando a minha atenção.
    E cara, acho absurdo o tanto que os jornalistas se arriscam. Quero dizer, alguém precisa estar presente e contar o que aconteceu, mas sei lá, é muito arriscado :(
    Beijooos
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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  17. Oi.
    Sua resenha, como sempre, bem detalhada e na medida certa. A obra é de um assunto muito importante e com certeza interessante e informativa. Mas vou deixar passar. Agradará outros leitores. Abraços.

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  18. Os livros desta editora normalmente são instrutivos, que mesmo em estilo jornalístico são envolventes. A resenha atiçou minha curiosidade sobre conher um pouco destas pessoas que vivem e trabalham numa guerra.
    abraços
    Gisela
    www.lerparadivertir.com

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  19. Muito interessante, já li alguns livros nesse estilo jornalístico e curti bastante. Acho que iria gostar desse também.
    Ainda mais pelo conteúdo tratado.

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