Nesse
mês de homenagem à literatura nacional, teremos, além de dicas e resenhas,
diversas entrevistas. Abrindo essa sequência, temos o autor Diogo Rosas G. –
autor do livro Até você saber quem é (resenha).
Confira,
abaixo, a entrevista com ele:
1. Olá, Diogo. Primeiramente,
agradeço a disponibilidade para conversar com o blog. É uma honra tê-la aqui
conosco. De início, conte-nos um pouco sobre você. Quem é o Diogo Rosas G.?
Eu
é que agradeço a gentileza do convite, começando envergonhado por não saber
responder a primeira pergunta. Os dados biográficos estão na orelha do livro
(nasceu em Curitiba, em 1976... morou... atualmente é...), mas acho que toda
pessoa, ao olhar para a sua própria biografia, tem uma certa sensação de "não
é bem isso". Um romance chamado "Até você saber quem é" trata, é
claro, dessas questões. No entanto, para quem não o leu ainda e tem curiosidade
pela frieza dos fatos, nasci em Curitiba em 1976, sou escritor, casado, dois
filhos, católico. Gosto de ler (para mim e para os meus filhos) e ir ao cinema.
Não gosto de bares, muita gente junta e barulho.
2. O seu livro tem uma temática bem
diferenciada das que costumamos encontrar na literatura contemporânea,
principalmente se pensarmos em uma literatura de entretenimento. A forma de
abordar o enredo também. De onde surgiu a ideia do livro e como foi o
desenvolvimento dele?
Eu
estava passando um mau momento na vida, de grande confusão e decepção comigo
mesmo, e resolvi escrever um romance para tentar me ajudar a sair disso. O tema
do pacto fáustico e de sua presença na literatura brasileira era algo que
andava na minha cabeça, junto com ideias de morte e renascimento. Mas era uma
mistura vaga, que precisou de muita depuração para virar livro. O mais curioso
é que a estrutura - o número de capítulos, a(s) voz(es) narrativa(s) e o
desfecho - vieram primeiro, eu vi tudo isso muito claramente já no comecinho do
trabalho. De resto, a escrita foi muito difícil. Sei que muita gente já disse
isso antes do que eu, mas é mesmo um processo frustrante, você escreve um
trecho, relê, acha uma porcaria, vai dormir se sentindo um burro, volta,
recomeça.
3. Daniel, um dos seus protagonistas
– porque eu também classifico Roberto dessa maneira –, é um personagem
complexo, obsessivo e muito bem trabalhado. Como foi a construção dele? Você se
inspirou em alguém?
Como
eu disse, estava com ideias de morte, sobrevivência e ressurreição na cabeça
quando escrevi o romance. Bem, Daniel é o personagem que mata, o escorpião
posto contra a parede, de certa forma. Não me inspirei em ninguém em especial,
mas creio que não é difícil ver pessoas como ele - sombrias, pesadas, inteligentes
- por aí. É um tipo relativamente comum.
4. É possível perceber, na sua obra,
um cuidado acima do normal com a linguagem; não há qualquer palavra fora do
lugar. Como foi a construção desse aspecto do livro?
O
cuidado que procurei ter foi o de tentar escrever do ponto de vista de uma
pessoa que viu a morte, de alguém que, de certo modo, morreu e ressuscitou. Me
parece que uma experiência como essa gera uma certa secura, uma contenção a
respeito do que precisa ser dito e do que deve ser calado. Se fui bem-sucedido,
bem, isso obviamente é outra história. Mas essa é a chave da linguagem do
romance.
5. Na sua obra, Curitiba não é só um
lugar, mas um ente com vida própria, com sua própria aura. Qual a sua relação
com a cidade? Essa “vida” que a cidade possui tem algum significado especial?
Sim,
é claro. Daniel e Roberto são dez anos mais velhos do que eu. Eles circulam
adultos no cenário da minha infância e adolescência. Apesar de sempre ter sido
muito caseiro - concordo com Pascal quando diz que todos os problemas na vida
surgem quando saímos de nosso quarto - andei muito por Curitiba e guardei dela
uma memória geográfica muito forte. Recordo-me da irregularidade das calçadas,
da inclinação das ruas, do barulho dos carros, do cheiro das árvores, da
luminosidade das praças, é um lugar que vive com muita intensidade nas minhas
lembranças. Como me mudei da Curitiba há quase quinze anos, a cidade da minha
juventude ficou como que preservada em âmbar na minha memória e foi fácil
colocar meus personagens lá.
6. Sua obra possui uma série de
referências a acontecimentos reais e também a pessoas que tiveram papéis
importantes no Brasil e na literatura. Além disso, você tece certas críticas ao
meio literário. Como foi trabalhar com esses elementos?
Curiosamente,
esse é um dos aspectos que mais tem chamado a atenção das pessoas, mas para
mim, ao escrever, foi tão natural que nem me dei conta de estar fazendo algo
fora do comum. Desde o princípio, com algumas referências muito pontuais a
Curitiba, acho que fica claro que se trata de um romance muito marcado no
tempo, quase um romance de geração. Pois bem, os homens e mulheres da geração
literária dos anos 80 e 90 foram meus personagens secundários, inclusive em
suas brigas e picuinhas.
7. Diogo, agradecemos novamente a
disponibilidade. O espaço agora é todo seu. Deixe uma mensagem para os
leitores, fale mais sobre a sua obra, formas de contato, locais de venda e etc.
Uma
vez mais, quem agradece sou eu. "Até você saber quem é" é meu
primeiro romance e a resposta dos leitores e de sites como o "Desbravador
de Mundos" tem sido incrivelmente positiva, gentil e encorajadora. O livro
(físico e digital) pode ser encontrado, como diz o clichê, "nas melhores
lojas do ramo." Como moro no exterior, tenho me comunicado mais com o
mundo pelo Facebook. Quem tiver interesse, pode seguir meu trabalho por lá.
Olá, Marcos.
ResponderExcluirFui lá ler a resenha de novo porque não me lembrava da história hehe. Achei a entrevista bem legal e parabéns por abrir o espaço para os autores nacionais. Tenho em comum com o autor de não gostar de barulho e muita gente junta hehe. Só fiquei um pouco perdida nas perguntas e respostas que acho que só entendeu melhor quem já leu o livro hehe.
Blog Prefácio
Oi, Marcos!
ResponderExcluirAdoro entrevista com autores porque assim me sinto mais próxima deles e também descobrimos mais sobre eles.
Beijos
Balaio de Babados
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Adorei, Marcos!!! Você é praticamente um jornalista do Globo Repórter!! Ou do Fantástico... Ou do Omelete, que por sinal eu prefiro, rsrs.
ResponderExcluirParabéns pros dois. Gosto muito quando o autor coloca os personagens num lugar onde ele andou muito, no caso Curitiba. Isso com certeza passa para a obra.
Bjks
Lelê
Oi, Marcos
ResponderExcluirMuitos autores fazem isso, não é? Se inspiram em momentos próprios para escrever. A maioria resulta em uma boa história.
Gostei da resposta dele sobre sua biografia.
Ótima postagem.
Eu não conhecia nem a história nem o autor, mas foi legal conhecer um pouquinho mais sobre ele. E me identifiquei com ele em se inspriar em coisas próprias pra escrever, mas pra mim geralmente é um pouco da minha personalidade, assim, todos os meus personagens tem um pouco de mim. Gostei demais da entrevista.
ResponderExcluirUm abraço!
https://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/
Adorei a entrevista! Acho que é coisa de escritor preferir livros e cinema à bares né hahaha ainda não conhecia a obra, mas já desejo muito sucesso pro Diogo!
ResponderExcluirxx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
Oi Marcos,
ResponderExcluirAdoro conhecer autores novos.
Quando já nos simpatizamos por eles em entrevistas, já queremos ler os livros, rs.
Beijos
http://estante-da-ale.blogspot.com.br/
Oi Marcos!
ResponderExcluirNão li ainda o livro do autor, mas quando li a resenha achei a premissa muito interessante e ver o autor falando só confirmou isso. Parabéns pela entrevista!
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Aah q legal conhecer mais sobre o autor, eu li a resenha do livro e achei mto bacana!
ResponderExcluirParabéns pela entrevista!
Bjs
Oi, Marcos.
ResponderExcluirParabéns pela entrevista, muito bem elaborada! E parabéns também ao autor, respondeu as perguntas de forma muito clara. Desejo muito sucesso a ele! É muito bom poder conhecer mais desses novos autores e assim também conhecer suas obras. Obrigada. Abraços.
Marcos
ResponderExcluirPrimeiro que parabeniza-lo pelo seu trabalho de divulgação de autores nacionais. Você realmente é um desbravador. A Entrevista está ótima é é sempre bem legal conhecer um pouco mais dos autores, principalmente dos nacionais. Já li a resenha do livro do Diogo, e foi interessante saber que ele escreveu o livro como forma de superar seus próprios momentos difíceis. Desejo muito sucesso na carreira dele.
Abraços,
Gisela
Ler para Divertir
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adorei a entrevista
ResponderExcluirisso realmente está ficando repetitivo, mas estou amando as entrevistas está sendo ótimo para conhecer mais autores nacionais! o blog está de parabéns
não conhecia o autor nem a obra, corri para ler a resenha e fiquei super curiosa, achei bastante interessante o fato dele ter usado a escrita como uma forma de escape!
parabéns!
Já tinha ficado bastante curiosa com o livro Até Você Saber Quem é, quando li a resenha. A entrevista com o autor ficou ótima, e me deixou ainda mais curiosa com o livro. É sempre bom ter novos autores nacionais com obras tão interessantes.
ResponderExcluirAbraços :)
Oi, Marcos!!
ResponderExcluirEstou gostando muito de conhecer autores novos e principalmente autores nacionais!! Gostei muito da entrevista!
Beijoss
Adoro entrevistas com os autores nacionais. É uma forma de incentivar seus trabalhos e ajudar na divulgação.
ResponderExcluirJá me identifiquei com o autor logo no início da entrevista, também não gosto de locais lotados e barulhentos, incrível como a literatura serviu para o autor expressar o que sentia. Fiquei mais curiosa para ler o livro de sua autoria.
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