Resenha: Eu Estou Aqui

Título: Eu Estou Aqui

Autora: Clélie Avit

Editora: Fábrica 231

ISBN: 9788568432747

Ano: 2016

Páginas: 288

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Sinopse:

Vencedor do prêmio Nouveau Talent 2015, “Eu Estou Aqui”, da professora e escritora francesa Clélie Avit, é uma emocionante história de amor e superação que tem início quando Thibault, ainda se recuperando de um divórcio que levou embora suas esperanças, entra por acaso no quarto errado do hospital onde fora visitar o irmão. No leito, uma mulher dorme e ele encontra uma paz que há muito não sentia. Em coma há cinco meses, Elsa sofreu um acidente numa escalada, e a família já não acredita em sua recuperação. Mas, tomado por um sentimento que ele mal consegue definir, Thibault passa a visitá-la sempre que possível e, a cada dia, aumenta sua certeza de que está apaixonado por Elsa e de que ela ouve cada uma de suas palavras. Uma declaração de amor à vida e aos pequenos gestos que são capazes de transformá-la.

Resenha:

Se existe uma palavra que possa definir o que estou sentindo depois de ler esse livro é: indescritível. Eu Estou Aqui foi uma surpresa maravilhosa e surpreendente, não esperava pela profundidade e intensidade que ele escondia e ficou impossível não adorar a história. Quer saber como? Confira abaixo.

Pelos primeiros capítulos de Elsa, percebi que ela foi uma pessoa que sempre amou o que fazia e, por azar do destino, acabou sofrendo o acidente que a deixou em coma. Seus amigos a visitam sempre que possível e nos revela como a montanhista adorava escalar e era bastante determinada. Assim, logo no início você acaba ficando apegada a personagem e torce pela sua melhora.

Após sair de um relacionamento conturbado e que consumiu todas suas forças, Thibault tenta tocar sua vida o mais leve e agradável possível; Ainda assim, transformou-se em um homem amargurado e descuidado com sua aparência e, para agravar um pouco a situação, soube que seu irmão está no hospital por cometer um acidente horrível e imperdoável que o deixou irritado e sem coragem de visitá-lo. Contudo, ao mudar de ideia em um dia qualquer, vai ao hospital com sua mãe e acaba confundindo as portas, entrando no quarto de Elsa. Envolvido pela curiosidade, acaba descobrindo o estado dela e sente uma súbita conexão com a mulher e uma paz e tranquilidade que não encontrava há tempos. Atraído por um sentimento que não sabe definir, passa a visitá-la sempre que pode.

“– Coração… Eu queria não precisar ver mais meu irmão, e você ainda acha que tenho coração? – Todo mundo tem coração, Thibault. Resta saber o que cada um faz com ele”.

É engraçado ver Thibault conversar com Elsa e sentir-se atrapalhado porque ela não pode respondê-lo, mas pode escutá-lo e ele sabe disso. É impressionante como sente uma harmonia e bem-estar no quarto de uma desconhecida; quase todas as vezes que a visita, ele acaba dormindo e sentindo uma afeição enorme pela garota. Não consegue acreditar que uma pessoa como ela possa estar naquela cama enquanto seu irmão está bem em outro quarto. Tentando esquecer esses pensamentos, conversa um pouco com Elsa e muitas dessas conversas são engraçadas devido seus embaraços ou da forma que chega a brincar um pouco pela condição dela.

Elsa consegue ouvir tudo o que se passa à sua volta há seis semanas e aparentemente ninguém notou até encontrar Thibault, esse estranho parece ser o único que ainda tem esperança de que possa acordar e, ao mesmo tempo, percebe que um sentimento puro está nascendo em seu coração e tenta fazer todos os esforços possíveis para conseguir acordar ou dá um sinal que de que pode ouvi-lo. Era nesses momentos que o livro fica desesperador e até angustiante porque parecia que eu era a personagem e conseguia sentir todas as suas emoções e desespero para conseguir fazer um pequeno movimento. Ela precisava provar aos médicos que estava viva e que estava ali podendo ouvir tudo o que falavam e não acreditava que pudessem perder as esperanças.

“O medo… Não quero sentir esse medo especialmente, então me fixo no exercício de sempre quando Thibault está aqui.Quero virar a cabeça e abrir os olhos.Quero virar a cabeça e abrir os olhos.Quero virar a cabeça e abrir os olhos”.

Thibault é um homem simplesmente apaixonante; em seus trinta e quatro anos, ainda não conseguiu montar a família que tanto almeja, tem um bom emprego, mora em lugar agradável e tem um melhor amigo – Julien – que o entende de uma forma sobre-humana, é quase como um irmão e é para ele que conta sobre Elsa e percebe que está apaixonando-se por ela a cada dia que passa a visitá-la acreditando que a mulher possa despertar. Ela é como se fosse uma âncora para ele em um mar de tristezas e problemas que tem com seu irmão e ex. Preocupado com o amigo, convida-o para passar um dia em sua casa e ver sua afilhada, Clara, já que precisa se preparar para o batizado e função de substituto quando o casal precisar dele.

“Encontrei minha boia de salvação, o sinal luminoso que me conduz para terra firme depois de uma viagem pelas profundezas. Encontrei meu refúgio, e ele é bem melhor que a escadaria do hospital”.

Todo livro que envolve uma criança é fofo e uma graça, mas quando este envolve um homem tentando cuidar dela é lindo de ler. Assim que vemos Thibault e sua Clara, com apenas cinco meses. A forma como ele conta sobre ela e como faz para acalmá-la, não a deixar chorar, a distrair e cuidar e zelar pela sua saúde deixa a história mais suave e graciosa. Um questionamento que ele faz é: Por que quase todas as mulheres acham encantador e incomum um homem com uma criança na rua?

Podendo apenas escutar e não fazer mais nada, Elsa escuta algumas conversas de sua irmã Pauline sobre seus vários ficantes, seus pais está aos poucos parando de visitá-la, os médicos parecem não acreditar em sua recuperação já que não apresentou nenhuma melhora aos longo dos meses. Aliás, ela não consegue acreditar quando o médico-chefe sugere aos seus pais para desligá-la. Como aquelas pessoas que tanto a amam podem aceitar uma coisa dessas? Porém, no fundo entende um pouco o sofrimento dele, mas não quer acreditar nessa dura realidade e lutará com mais afinco para demonstrar que está viva, que está ouvindo tudo e vai conseguir demonstrar isso a eles. Por que não podem ter a mesma esperança que Thibault? Uma pessoa desconhecida acredita mais em sua recuperação do que qualquer outra pessoa.

Eu Estou Aqui é um livro que fala sobre o amor em toda sua plenitude desde a forma de carinho entre Elsa e Thibault e a relação de fraternidade e ternura que Thibault tem com Clara; fica demasiadamente palpável esses elos. Às vezes, ficava tão intenso os sentimentos e emoções que me sentia no lugar dos personagens até nos momentos de tristezas, parecia que eu estava tendo os meus também, como diz Thib: estava tendo sua tempestade. É de uma forma leve e tocante que a história te faz refletir sobre as pessoas em coma e até sentir uma compaixão por indivíduos que sofrem com isso. O enredo nos apresenta personagens reais que podem muito bem ser alguém que conhecemos ou até alguém que passou por isso. Bem no fundo do coração você torce para que Elsa acorde e possa mostrar que a esperança é importante para a vida de alguém, além disso ela seria um exemplo, para o médico-chefe, que é a fé e a esperança que fazem a diferença de uma pessoa despertar ou não.

“[...] Sei que o sentimento de amar é o que dá cor a tudo isso”.

A Clélie teve uma delicadeza e profundidade ao escrever essa história que ficou impossível não se emocionar pelo o amor entre Elsa e Thibault, com uma narração sentimental e carregada de emoções faz o leitor fica mais encantado e cativado pelo enredo. Os capítulos intercalados entre os personagens principais deixam o romance mais interessante e prazeroso de ler, quando terminava o capítulo da Elsa já queria saber como Thibault sentiu-se naquele mesmo momento ou como ficou sentindo-se depois, foram capítulos que se entrelaçam de uma forma harmoniosa e completa que não consegui parar de ler o livro até terminá-lo, não conseguia nem parar para comer. Depois de cinco horas, tinha finalizado a leitura e sentia-me apaixonada e feliz sem razão, olhava para o livro e lembrava das melhores cenas e todo significado que ele carregava, eu ainda não consigo achar a palavra certa para defini-lo, se a intenção da autora era deixar-me sem palavras conseguiu com bastante facilidade e esse título nunca fez tanto sentido e possui significado sentimental igual a outros livros que já li.

A profundidade e intensidade dos sentimentos que esse livro me despertaram é incalculável, não sei o que fazer além de derramar lágrimas com uma história tão linda e poderosa, Elsa e Thibault tem uma lição para nos ensinar sobre o amor e a esperança e posso afirmar com todas as letras que é impossível não se emocionar com esse livro ou não ficar extasiada e apaixonada. Eu só peço que leia essa história e sinta todas as boas emoções que ele despertará em você.

A Editora Rocco fez um belo trabalho com este livro; essa capa ficou incrível demais e retrata bem o que esperamos que aconteça com a Elsa. O capista está de parabéns, pois foi com toda certeza a mais bonita entre todas as capas que vi deste título. A revisão ficou ótima, a tradução do Marcos Marcionilo ficou impecável e bem próxima de nossa linguagem; a diagramação ficou confortável, e facilita a rapidez da leitura.

Se você gosta de histórias emocionantes e carregadas de sentimentos e algumas pitadas de humor, vai amar conhecer o romance entre Elsa e Thibault.