07/10/2016

Resenha: Neuromancer

Título: Neuromancer
Autor: William Gibson
ISBN: 9788576573005
Editora: Aleph
Ano: 2014
Páginas: 312
Compre: Aqui

Sinopse:

Neuromancer - No futuro, existe a matrix - uma alucinação coletiva virtual, na qual todos se conectam para saber tudo sobre tudo. Case, porém, não pode mais acessá-la. Ele foi banido e, hoje, sobrevive como pode nos subúrbios de Tóquio. E continuaria a se destruir se não encontrasse Molly, uma samurai das ruas que o convoca para uma missão da qual depende toda a existência da rede. O romance de estreia de Gibson é o primeiro volume da chamada Trilogia do Sprawl, que ainda inclui os livros Count Zero e Mona Lisa Overdrive. Esta edição comemorativa de 30 anos contém os extras - prefácio do autor escrito especialmente para o público brasileiro, três contos inéditos no Brasil e ambientados no universo Sprawl - Johnny Mnemônico, Hotel New Rose e Queimando Cromo (os contos trazem personagens e eventos presentes no livro).

Resenha:

Conhecer a escrita de William Gibson, o homem que revolucionou a ficção científica, era um desejo antigo e que foi realizado em Neuromancer. Porém, eu não estava preparado para a enxurrada que me aguardava e, ao terminar a leitura, eu fiquei mudo, estático, tentando absorver tudo que eu tinha lido. E então eu percebi que não foi sem motivo que a obra ganhou a tríplice coroa da ficção científica, que são os prêmios Hugo, Nebula e Philip K. Dick. Isso aconteceu na primeira leitura que fiz da obra. Na segunda, o efeito foi o mesmo. Por isso, se você estava achando que já leu essa resenha antes aqui, a resposta é sim. Porém, com a nova leitura, tive que repostá-la. Ademais, preciso apresentar essa nova edição que está simplesmente maravilhosa!

Em Neuromancer, nós conhecemos Case, um cowboy – uma espécie de super-harcker – que, apesar de ser um gênio do crime cibernético, não é tão sensato assim. Ele, ao tentar roubar seu próprio patrão, é descoberto e, como vingança, tem a ligação do seu sistema nervoso com a matrix destruída. Ou seja: sua vida de cowboy fica para o passado.


Case passou a sobreviver como pode pelos subúrbios de Tóquio, ainda com pequenos trabalhos ilegais, obviamente. Porém, sua sorte mudou ao ser encontrado por Molly, uma samurai das ruas; ela propõe um negócio ambicioso e que pode devolver a ele o que mais deseja: conectar-se à matrix e fugir da realidade esmagaora. Contudo, obviamente, nada era de graça. 
“Case tinha 24 anos. Aos 22 era um cowboy, cowboy fora da lei, um dos melhores no Sprawl. Ele havia sido treinado pelos melhores, McCoy Pauley e Bobby Quine, lendas do negócio. Na época, operava num barato quase permanente de adrenalina, subproduto da juventude e da proficiência, conectado num deck de ciberespaço customizado que projetava sua consciência desincorporada na alucinação consensual que era a matrix” (p. 33).
Gibson consegue criar, através dessa premissa e dos cantos mais sujos e criminosos do mundo, a ideia de ciberespaço e do que chamamos hoje de aldeia global. A matrix é como uma grande rede – extremamente diferente da internet – onde tudo é possível. A realidade e ilusão consensual coletiva se misturam de uma forma tão perturbadora que, muitas vezes, é quase impossível distinguir uma da outra.

Não satisfeito em apenas revolucionar a ficção científica como conceito, Willian também cria personagens sensacionais. Eles são tão bons que se torna impossível escolher qual o melhor: Case, Molly ou uma inteligência artificial que não posso revelar o nome por motivo de spoiler. Todos eles, inclusive a IA, são completamente complexos, com um passado conturbado e cheio de intenções, além de imprevisíveis.


Além dos bons e complexos personagens, Neuromancer também conta com uma narração bem diferente da maioria dos livros. O primeiro ponto sobressalente são os termos característicos da informática e da matrix, o que torna a leitura mais complexa. Além disso, o autor possui uma escrita que não se entrega completamente, mas que, analisada com calma, apresenta um mundo diferente do tudo que você pode imaginar. Ou seja: ler Neuromancer dá trabalho; dificilmente você conseguirá ler no ônibus ou no metrô voltando do trabalho, mas todo o esforço é extremamente gratificante, pois você passará a enxergar o mundo com novos olhos.
“Programe um mapa para exibir frequência de troca de dados, sendo cada gigabyte um único pixel em uma tela muito grande. Manhattan e Atlanta brilham com um branco incandescente. Então, começam a pulsar: a taxa de tráfego ameaça sobrecarregar sua simulação. Seu mapa vai virar uma supernova. Esfrie o mapa. Aumente a escala. Cada pixel vale agora um milhão de megabytes. A cem milhões de megabytes por segundo, você começa a distinguir certos quarteirões no centro de Manhattan, os contornos de parques industriais de cem anos de idade ao redor do núcleo antigo de Atlanta...” (p. 75). 
Analisando além do nível ficcional, ou seja, da superfície discursiva, podemos verificar uma crítica ou alerta à sociedade sobre o nosso envolvimento com a tecnologia. As perguntas são: até onde é realmente possível ir sem nos tornarmos verdadeiras máquinas? O mundo com uma estrutura que permite uma espécie de alucinação coletiva é realmente algo que desejamos? A fusão homem-máquina realmente é o próximo passo da nossa evolução? As perguntas esperam a reflexão e a resposta de cada leitor.

O livro, como conteúdo, foi irretocável; e a editora Aleph fez o mesmo nessa nova edição. O livro está com uma diagramação maravilhosa, onde a letra possui um tamanho confortável, o espaçamento é ótimo e ainda temos diversas folhas pretas ou com ilustrações que representam a citação “o céu sobre o porto tinha cor de televisão num canal fora do ar”. Ademais, o livro conta com uma ótima tradução e revisão, tornando o trabalho ainda mais especial.


Diante da grandiosidade da obra, é impossível não a indicar. Certamente Neuromancer será um marco na sua vida de leitor. Porém, recomendo: não se espante com a leitura mais árida, o que encontramos no final do percurso vale o esforço.
“– Cara, esse software é muito filho da puta. A coisa mais sensacional desde que inventaram o ao de fôrma fatiado. Esse negócio é invisível, porra” (p. 212).
Outras fotos:




Comentários
14 Comentários

14 comentários:

  1. Oi Marcos!

    Realmente a edição está incrível! parabéns a editora!

    Eu tenho curiosidade em ler este livro por tudo o que vc elogia na sua resenha. O enredo parece ser totalmente diferente de tudo que já li, e isso me instiga. Mas por se tratar de uma leitura mais complexa, tenho que lê-lo sem pressa, e isso, ultimamente, é impossível para mim! rsrsrsrsrs

    Vou deixá-lo na minha lista de desejados, assim que eu tiver a chance, vou comprar e qdo possível, embarcar nessa aventura!

    Bjo bjo^^

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  2. Oi Marcos
    Não conhecia o livro, mas fiquei encantada com esta diagramação e claro o livro tem um assunto muito bom. Faz tempo que não leio nada do tipo, fiquei com vontade de ler. Estou adorando suas dicas de leitura, sempre tem livros diferentes e muito bons.

    Beijinhos
    http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/

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  3. Olá! Conhecia o livro já, um amigo em indicou, achei diferente dos livro q já li desse gênero, qro conferir em breve, pois tdas resenhas q já li sobre a obra flam super bem, e aumentou ainda mais minha curiosidade em conhecer.
    Bjs

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  4. Um escândalo. Essa edição é realmente linda! Sou feliz com a minha edição limitada, rsrs. Mas essa também ganha meu coração.

    Adorei de novo a resenha ♥

    Bjks

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  5. Esse livro parece ser extremamente completo. Nunca li nada desse autor, mas já ouvi falar dele e principalmente desse livro. Imagino mesmo que a leitura deva ser complexa com todos esses termos, mas fiquei muito feliz em saber que além do tema, o autor soube desenvolver bem os personagens. Gostei bastante da premissa.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

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  6. Que edição é essa? Que capa maravilhosa.
    Adoro essas histórias um com um toque de futurismo, achei a premissa muito interessante e o personagem parece ser cativante.
    Art of life and books.

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  7. Confesso que fiquei atraída por sua resenha, vendo na livraria não me conquistaria! Parece uma leitura densa, mas gostei do enredo

    Beijos!

    EsmaltadasdaPatyDomingues

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  8. Bem que eu pensei que já tinha visto esse livro por aqui hahaha a resenha ficou magnífica! Você explicou tudo detalhadamente, de forma que não tem como não instigar a curiosidade. Tem uma premissa muito interessante e original, algo totalmente diferente do que costumo ler, e com certeza uma boa aposta.

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

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  9. Mesmo não sendo tão fã de ficção científica, admito que fiquei literalmente babando no livro. Capa espetacular e um enredo nada convencional.
    Isso de misturar futuro e realidade é algo que não tem como dar errado.
    E as fotos são um show à parte!
    Lista de desejados!
    Beijo

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  10. Marcos!
    Ficção é uma das minhas grandes paixões, afinal, foi através dela que comecei a apreciar ainda mais a leitura.
    E ver um livro tão bem escrito, com noções de informática e questionamentos pessoais do que será de nós com a tecnologia, me deixa ainda mais curiosa para a leitura.
    “Conhecimento sem transformação não é sabedoria.” (Paulo Coelho)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de OUTUBRO com 3 livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!

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  11. Oi, Marcos!!
    Ainda não conhecia o livro e também não conhecia esse autor. Gostei muito da premissa do livro, acho que vou gostar muito de ler esse livro que fala de ficção científica.
    Beijoss

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  12. Oi Marcos
    Me lembro da resenha anterior, mas acabei lendo esta novamente pois queria relembrar os detalhes. Confesso que tenho um pouco de medo de não entender completamente a obra, mas acho que se ler com muita atenção vou conseguir.
    abraços
    Gisela
    www.lerparadivertir.com

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  13. Já li bons comentários sobre esse livro, e achei bem bacana, mas não sei bem se eu leria.
    Não é bem meu estilo e tem coisas que não entendo bem kk
    bjs

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  14. Essa arte é maravilhosa, já quero a trilogia com esse novo designer pra ontem!

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