15/01/2017

Resenha: Até eu te possuir

Título: Até eu te possuir
Autora: Soraya Abuchaim
Editora: Ella
ISBN: 9788584050703
Ano: 2016
Páginas: 284
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Sinopse:

Johanna Dorne é uma mulher que perdeu todas as pessoas que amou. As tragédias de sua vida começaram com um acontecimento marcante quando ela tinha 13 anos.
Três décadas depois, ela se transformou em uma mulher solitária, confusa e inclinada à autocomiseração, que não consegue manter contato social com ninguém. Até conhecer Michel Brum, um homem charmoso e misterioso que a resgata de sua vida patética, devolvendo-lhe a felicidade há tanto tempo perdida. Só que Michel acaba mostrando que não é tão perfeito assim, e um segredo mortal jogará Johanna novamente em um abismo.

Resenha:

Johanna é uma mulher solitária. Com o passar dos anos, foi perdendo uma a uma as pessoas que amava. Por isso, de certa forma, ela se sente amaldiçoada, como se a morte acompanhasse as pessoas que ela nutre algum carinho. Exatamente por isso, se mantém fechada, reclusa, evitando qualquer contado mais profundo, mais íntimo. Porém, tudo muda quando ela conhece Michel.

Com a entrada dele em sua vida, Johanna parece redescobrir a felicidade, o amor e o sentido da existência. Principalmente porque Michel é um príncipe quase encantando. Até que... Sempre havia um até que na via de Johanna. O seu companheiro começa a se mostrar totalmente diferente de antes. O ciúme era latente; a dominação, constante. O sonho que parecia vívido vai murchando mais rápido que a protagonista imaginou.


Essa é a premissa de Até eu te possuir; um arco narrativo simples, mas muito poderoso, principalmente por causa da estratégia de desenvolvimento escolhida pela Soraya. Com a alternância entre presente e passado, a autora vai nos fazendo entender melhor como tudo aconteceu na vida da protagonista e como os elementos traumáticos vão se encaixando. O que era para ser um romance acaba ganhando, hora ou outra, ares de suspense, o que é ótimo.
“Meu sangue gela e sinto as pernas virando gelatina. O que Michel está tramando? Por que está me fazendo prisioneira em meu próprio lar?” (p. 212).
Outra estratégia muito bem utilizada foi a narrativa em primeira pessoa. O fato da Johanna ser muito reclusa faz com que esse aspecto seja muito interessante, visto que somos levados a entrar em seus pensamentos, entender seus anseios e até as suas inseguranças. Essa narrativa permite, inclusive, nos fazer compreender melhor certos aspectos do relacionamento que parecem tão hediondos vistos por fora. A dependência que se estabelece, quando olhada por dentro, ganha outros ares.

Também é um fator determinante para que a obra se destaque a abordagem sobre os relacionamentos abusivos. Estes, existentes aos montes em nossa sociedade, são muito bem retratados na obra, fazendo que o livro ganhe até um aspecto de conscientização. Além disso, faz com que o leitor diminua seus julgamentos em relação às pessoas que são presas a esse tipo de envolvimento sentimental.


Outro ponto que agrada no livro é a escrita da autora, que consegue ser leve e densa ao mesmo tempo, demonstrando a profundidade de um bom romance e mantendo o ar mais soturno digno de um suspense. Isso faz com que o leitor fique preso à obra do começo ao fim.
“Chego mais uma vez à conclusão de que entendo perfeitamente uma mulher que sofre abusos e continua na mesma vida sofrida: não dá para desligar do seu algoz, é impossível, como um imã atraído pelo polo oposto. O fato de pensar nisso de novo me assusta” (p. 228).
O único ponto que estraga um pouco a experiência com a obra é a sinopse que revela demais. Se nela não fosse entregue, de cara, o aparecimento de Michel e seu papel no arco narrativo, talvez o mistério fosse mais profundo, e a experiência com a obra mais intensa. Contudo, esse é um detalhe pequeno diante do bom conteúdo da obra.

Para deixar o texto ainda mais completo, o livro conta com uma boa parte física. A capa é bonita e consegue transmitir bem a solidão e o lado mais sombrio retratado no livro. A diagramação, por sua vez, é bonita e muito confortável; a revisão, por sua vez, foi bem feita. Ou seja, tudo contribui para que tenhamos uma boa leitura.


Em suma, Até eu te possuir é uma obra muito boa, que trata de um assunto denso, e que possui excelentes personagens. Sem dúvida, uma obra nacional que merece ser conferida.



Comentários
15 Comentários

15 comentários:

  1. A literatura nacional tem que ser elogiada sim e muito! Cada vez mais a gente se depara com novos autores, trazendo com isso, bons livros!
    Adorei o tema. A violência, que não precisa ser física, mas a psicológica. Ainda mais quando ambos personagens trazem já uma carga de passado bem pesada.
    Quantas e quantas pessoas se trancam em seus mundos particulares, por medo ou solidão?
    Vai para a lista de desejados, com certeza!
    Beijo

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  2. Oi, Marcos!
    Só por esse título já sei um pouco sobre o que esperar... Bem chamativo por sinal..
    Beijos
    Balaio de Babados

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  3. Nossa, eu gostei bastante do enredo, Dorne parece ser uma mulher muito traumatizada.
    Além disso, gostei do mistério que o livro ttaz.
    Art of life and books

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  4. Mas menino, quando li o título fiquei sem vontade de ler o livro... Aí vi a capa, e pintou uma vontadesinha... aí quando li a resenha... Fiquei com muita vontade de conferir!

    Adorei!!!

    Bjks

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  5. Oi, Marcos!!
    Adorei a premissa do livro!! A capa é bem interessante como também a parte física do livro que é muito legal. O tema do livro realmente é muito denso, pois quantas mulheres também não sofrem desse mesmo mal e escondem por vergonha.
    Beijoss

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  6. Que vida triste da Johanna. Gostei muito do tema abordado, muitas vezes julgamos uma pessoa que está em um relacionamento abusivo, mas não sabemos o que ela sente e vive, não tentamos entender o lado da vítima, é bom discutir isso. Gostei da resenha e a diagramação realmente parece estar ótima.
    Abraço!
    A Arte de Escrever

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  7. Parece um livro cheio de sentimentos mesmo. Já comecei a pensar por causa das tragédias que acontecem na vida da personagem.
    Eu adoro livros que são narrados em primeira pessoa, justamente por me envolverem mais e me deixarem mais profundamente na história.

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  8. Oi Marcos, tudo bem???
    Belíssima resenha... adoro quando leio algo bem escrito que vai do simples ao denso... é tão cativante isso... eu gostei muito da premissa deste livro e eu não o conhecia... por ser algo nacional chamou mais ainda minha atenção... gostei do encontrei na dica de hoje... Xero!!!!

    https://minhasescriturasdih.blogspot.com.br/

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  9. Marcos!
    Tanto gosto do artifício de misturar passado e presente, como da narrativa em primeira pessoa, porque torna o livro mais pessoal e nos aproximamos mais da protagonista.
    O tema abuso sexual tem mesmo que ser discutido em todas as suas formas.
    “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” (Cora Coralina)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de JANEIRO dos nacionais, livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!

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  10. Oi, Marcos!
    Só pelos assuntos abordados já me interessei pelo livro. Uma boa narrativa e suspense também me atraiu. Uma pena que a sinopse entrega muita coisa, detesto quando isso acontece.

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  11. Oi!! Nossa que livro lindo, apesar das perdas Johanna parece uma história e tanto!
    Qroo!
    Bjs!

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  12. Oi Marcos,
    quando comecei ler a resenha, pela sinopse, achei que seria um romance onde o foco seria a questão das pessoas morrerem ao redor da protagonista, como ela se sente sobre isso e como ele iria ajudá-la a superar. Mas fiquei bem surpresa quando descobri que na verdade se trata de relacionamentos abusivos. Me deixou bem instigada a ler, ainda mais por ser nacional, também.

    Beijos,
    Jéssica

    https://snowhitejt.blogspot.com.br/

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  13. Eu acho bem importante numa história dessas que o passado influencia bastante na vida do personagem que o autor coloque as alternâncias de passado e presente. Que bom que a autora faz isso, pois ajudar a entender melhor a história. E ainda mais quando a história de trata de temas tão difíceis. Deve ser um ótimo livro.

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  14. Oi Marcos.
    Gostei muito da resenha, como sempre bem explicada e motivadora.
    O livro traz um enredo bem interessante e envolvente. Não sei se irei ler, mas talvez, se tiver oportunidade, dê uma chance a leitura.
    De qualquer forma, a dica está anotada. Abraços.

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  15. Oi Marcos.
    Esse livro é mesmo muito bom!
    Quando eu entendi tudo que aconteceu na vida da Johanna, eu fiquei muito impressionada! A Soraya escreveu e uniu tudo com maestria.
    Abraços.

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