10/01/2017

Resenha: O menino feito de blocos

Título: O menino feito de blocos
Autor: Keith Stuart
Editora: Record
ISBN: 8501108081
Ano: 2016
Páginas: 378
Compre: Aqui

Sinopse:

Uma história sobre um pai e seu filho autista, e sobre um jogo que mudou suas vidas. Alex ama sua família, mas tem dificuldade em se conectar com Sam, o filho autista de oito anos. A tensão crescente da rotina leva seu casamento ao ponto de ruptura. Jody não aguenta mais o marido ausente e que pouco participa da vida do filho. Então Alex vai morar com o melhor amigo, e passa a dormir no colchão inflável mais desconfortável do mundo.
Enquanto Alex enfrenta a vida de homem separado, cumpre a função de pai em meio-expediente e é confrontado com segredos de família há muito enterrados, seu filho começa a jogar Minecraft. E o que acontece depois disso é algo que nem Alex, nem Jody, nem Sam poderiam imaginar. Inspirado no relacionamento do autor com seu filho autista, “O menino feito de blocos” é um livro emocionante, engraçado e verdadeiro sobre o poder da diferença e sobre um menino para lá de especial.

Resenha:

Quando li a sinopse desse livro, fiquei imediatamente emocionada e apaixonada pela história e coloquei, no mesmo momento, na minha lista de leitura assim que saísse da pré-venda. Hoje venho confirmar que o livro é lindo demais e deixou-me encantada pela história. Quer saber o porquê? Confira abaixo.

Alex foi morar com seu melhor amigo, Dan, após não saber mais como lidar com seus próprios problemas pessoais, seu filho autista e as brigas constantes que tem tido com sua esposa, Jody. Os últimos cinco anos foram difíceis para ele e cansativo para ela, pois Alex sempre se distanciava e deixava o comando e as responsabilidades com sua esposa para cuidar do pequeno Sam.

Além do problema com o autismo do filho, Alex tem que lidar com um acontecimento muito forte do passado que o assombra depois de duas décadas. Além disso, precisa descobrir uma forma de ajudar Jody, voltar para casa e descobrir o verdadeiro Sam, já que sempre esteve ausente para dar atenção a ele.
“Uma lição superdivertida que se aprende bem rápido como pai de uma criança propensa a rompantes frequentes: as pessoas adoram julgar. Gostam de zombar de você do alto de suas vidas aparentemente perfeitas”.
Sam é um garoto engenhoso, bastante gentil e sensível, é muito inteligente apesar do atraso em relação às crianças de sua classe de aula, possui uma pureza tão forte e palpável e, para completar, é um encanto. Por ser autista enfrenta muitos problemas com tudo a sua volta, fica irritado muito rápido, não consegue comer mais do que quatro tipos de pratos, parece odiar sua escola pelo provável bullying e é extremamente solitário e insociável.


Encontrei os verdadeiros problemas enfrentados pelos pais e por essas crianças autistas, a realidade dessas são completamente diferentes da nossa. Vi isso em Sam; pela sua visão efêmera e delicada somos feitos de engrenagens, roldanas, mecanismos que precisam de um sentido e lógica para entender esse mundo, pois tudo parece acontecer rápido demais, ele tenta entender e descobrir como funcionamos para poder se adaptar e viver sem medo.

Dan é um ótimo amigo e o cúmplice de Alex ao abrigá-lo em sua casa; são companheiros de longa data e ao mesmo tempo são completamente diferentes, desde seu modo de viver até o de vestir-se e comportar-se. Dan tentará, aos poucos, alertar o amigo sobre o caminho certo para ter uma melhora e aproximar-se de Jody e voltar para casa.

Alex ama sua família e tentará com todas as forças lutar por ela, por isso tenta aos poucos criar alguma conexão com seu filho e entendê-lo melhor, só que ele não esperava que um jogo faria esse laço ser tão forte. Quando Sam começa a jogar Minecraft, passa a entender um pouco como funcionam as coisas para ele. O jogo consegue juntá-los de uma forma inimaginável e bastante transformadora; são pequenas mudanças que acontecem, mas com grandes resultados na vida dos dois.
“Eu não tinha pensado nisso antes, em como o autismo é uma versão amplificada e muito centrada de como todos nos sentimos, das ansiedades que todos temos. A diferença é que o restante de nós esconde sob camadas de negação e de condicionamento social”.
O crescimento de Alex como pai é, aos poucos, notável. Óbvio que muitas vezes ele vai errar e terá vários arrependimentos, porém o mais incrível é que deles vai tirar inúmeras lições e entender o verdadeiro sentimento e amor que um pai sente pelo filho, aprenderá a lidar e entender melhor Sam e também a si mesmo ao decorrer de sua separação experimental, além de achar seu lugar no mundo. Ademais, perceberá que o autismo nem sempre foi o monstro que sempre o separava de seu filho e causava um estresse bem grande em sua vida.

“Somos eternos editores das nossas próprias histórias”.
Ler sobre a rotina do Sam mostra como é o amor e dedicação que os pais têm com seus filhos, principalmente quando eles são especiais. Eu compreendia aos poucos sobre o autismo e entendia o porquê de essas crianças serem assim e porque precisam e necessitam de tanta paciência e atenção.

O orgulho e admiração que Alex sente de Sam é o mesmo que senti ao ver os pequenos feitos e progressos dele ao tentar se adaptar com o mundo e com as pessoas, ainda mais quando nos surpreende com ações feitas sozinho.
“– A vida é uma aventura, não um passeio. É por isso que é difícil”.
O poder que o Minecraft teve com Sam é surpreendente e encantador; o desdenho que fazia desse jogo não existirá mais, aliás, com qualquer jogo, pois percebi a importância que pode ter na vida das pessoas, mesmo que não faça na minha, porque o mundo precisa ser entendido por nós pelas nossas perspectivas e, principalmente, devemos respeitar aqueles que pensam e enxergam diferente da gente. O mundo é um grande jogo de blocos, engrenagens e enigmas que são desvendados de inúmeras formas e jeitos.


Os capítulos finais são emocionantes, em especial um deles que desabei em muitas lágrimas pelo lindo significado e admiração que senti do Sam, um garoto que aos poucos vai nos encantando e cativando; vou lembrar dele sempre com carinho e orgulho.
“As palavras não são mais importantes do que as formas, as palavras são só formas também”.
O Menino Feito de Blocos é uma história linda, tocante e profundamente sensível, que nos ensina sobre amor, família, o descobrimento de um pai que vivia no passado e preocupado com o futuro e que poucas vezes tentava fazer a diferença e descobrir quem era o verdadeiro Sam. É a trajetória percorrida por Alex para entender que o autismo não era um obstáculo para entender e amar como nunca antes; perceber os erros que cometia ininterruptamente sem notar e que quase destruiu sua família. Alex aprendeu muitos e não apenas sobre seu filho, mas sobre ele mesmo e como aprender a viver e se deixar levar sem hesitações e medos.

Infelizmente, não pude conhecer o autor na Comic Con desse ano, pois no dia estava extremamente cansada e fui embora mais cedo, mas o pessoal querido que estava no estande da Record pegou o autógrafo para mim e sou eternamente grata a eles.

A Record deixou esse livro tão lindo com essa capa que representa toda a essência do livro; adorei os altos relevos localizados. A tradução da Ana Carolina Delmas está perfeita, a revisão ficou ótima, encontrei poucos erros, e a diagramação está confortável e adequada ao livro. 


Se você gosta de histórias que abordam assuntos pouco debatidos e tem enredos emocionantes e cativantes não pode deixar de ler sobre Alex e o carismático e apaixonante Sam.


Comentários
13 Comentários

13 comentários:

  1. Não conheci ao livro,mas confesso que estou emocionada só de ler a resenha dele.
    Uma descarga de sentimentos. Tanto do pai, esposa e do menino. Não é a doença que atrapalha a relação familiar, mas o não saber lidar com isso, o despreparo.
    E pelo que percebi, nunca a falta de amor.
    O livro vai para a lista de desejados agora. Preciso muito conhecer a história!
    Beijo

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    1. Fico muito feliz de saber que tenha gostado da resenha e ainda adiconado o livro no Skoob, gostaria muito que as pessoas lessem essa historia linda! Obrigada pelo comentário e por sempre nos acompanhar <3

      Beijos

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  2. Oi, Thais!!
    Gostei muito de conhecer esse livro que tem uma história bem marcante e emocionante!! É interessante que o livro vai abordar um tema que só vi em filmes, nunca li nenhum livro com esses tema antes. Mas fiquei muito curiosa para saber o desenrolar dessa história é como um jogo pode aproximar o pai do filho que tem autismo.
    Beijoss

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  3. Oi Thais!
    Já peço desculpas por nunca ter culhões de comentar resenhas de livros e sempre ter de correr para o mesmo lado, mas sabe um filme que retrata autismo e que eu acho sensacional? I'm Sam, em português foi traduzido como Uma Lição de Amor, com o Sean Penn, tanto que eu tenho fortes convicções que foi a interpretação do Sean que motivou os atores de Colegas a quererem ele no Brasil. No caso a historia é de um pai autista que tem uma filha que nasceu "normal"
    E ainda conta com a Michelle Pfeiffer no elenco... Qualquer dia eu vou fazer um pega a pipoca dele.
    bjos LP
    quatroselos.blogspot.com.br

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  4. Esse livro parece ser realmente muito bonito, com uma história significante, intensa e cheia de sentimentos. O fato de ter um tema psicológico por traz é o que mais me chama a atenção, principalmente por ser a minha área. Soube que foi inspirada na vida do autor, o que me deixa ainda mais curiosa. Gostaria de conhecer.

    Um abraço!
    Parágrafos & Travessões

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  5. Thaís!
    Livros que mostram a dinâmica familiar carregada de amor, sempre estão nos meus desejados, ainda mais sabendo que a criança é autista e o pai descobre uma forma de comunicação com ele através de um jogo, é muito bem elaborado e serve de exempo para outras famílias que passam pelo mesmo problema.
    Desejo uma semana de luz e paz!
    “A dúvida é o princípio da sabedoria.” (Aristóteles)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de JANEIRO dos nacionais, livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!

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  6. Eu amo esses livros e claro que já coloquei este na minha lista de desejados.
    Amei sua resenha!! Muito. Cheia de emoção ♥

    Bjks

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  7. Oi!
    Primeira resenha que leio da obra, gostei mto...
    Livros que envolvem família é sempre mto bom!
    Já pra listinha com toda ctz!
    Bjs

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  8. Essa é realmente uma história que parece emocionar muito. Gostei muito dessa premissa, principalmente por falar de uma doença que não é ainda tão conhecia, que sofre com o preconceito de pessoas que não querem entender. Muito legal acompanhar o crescimento dos personagens, principalmente a relação entre pai e filho.
    Gostei muito da indicação e a resenha está linda.
    Abraço!
    A Arte de Escrever

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  9. Esse livro parece ser realmente emocionante.
    Fiquei bem curiosa porque ele trata de uma história com uma temática que deve ser tratada de forma bem cuidadosa. Fiquei bem curiosa para conhecer mais da história e da vida de pai e filho.

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  10. Oi Thais!

    A sinopse é mesmo um amorzinho, dá aquela vontade de ler mesmo!
    Adorei sua resenha, as fotos tbm deram um toque a mais para completar a curiosidade em conhecer essa história!

    Bjo bjo^^

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  11. Fiquei impressionada com a premissa do livro. Deu pra perceber que não é apenas um livro de simples leitura e depois deixar pra lá. E sim um livro que tem mais do que reflexões, mas sim ensinamentos. Gosto muito de livros assim. Espero um dia ter a oportunidade de ler.

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  12. Oi. Nunca li nada nesse estilo, mas acredito ser uma escrita que emociona e faz refletir, já que é um tema tão importante.
    Espero ter a oportunidade de conferir.
    Resenha perfeita!
    Beijos.

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