20/04/2017

Resenha: O Último Policial

Título: O Último Policial
Autor: Bem H. Winters
Editora: Rocco
ISBN: 9788532529718
Ano: 2015
Páginas: 320
Compre: Aqui

Sinopse:

Qual o sentido de se investigar um crime quando o planeta tem apenas seis meses de vida? O detetive Hank Palace enfrenta essa questão desde que o asteroide 2011GV1 foi avistado em rota de colisão com a Terra. Em face da tragédia iminente, a maioria das pessoas abandona seus trabalhos, casas e famílias e as instituições começam a ruir, mas Palace insiste em investigar um suposto suicídio. Ganhador dos prêmios Edgar, dedicado à literatura policial e de mistério, e Philip K. Dick, voltado para livros de ficção científica.
O Último Policial é a combinação perfeita do clássico romance noir com o melhor da ficção científica atual. Primeiro de uma trilogia, o livro pinta um retrato fascinante dos Estados Unidos pré-apocalipse através de um enredo original e envolvente e de um protagonista carismático.

Resenha:

O mundo está prestes a acabar; um asteroide irá colidir com o planeta e as chances de sobrevivência serão mínimas. Quem não morrer no impacto deve perecer pela fome, sede e desastres naturais. A perspectiva não é das melhores; exatamente por isso, há um surto de suicídios. As pessoas não querem encontrar o fim com dor. Afinal, faz alguma diferença morrer hoje ou daqui a seis meses? Para alguns, não.

Nesse cenário, Hank Palace, um novo investigador da cidade de Concord, depara-se com uma morte que tem todos os elementos de um suicídio. Entretanto, algo lhe diz que ele deve investigar aquele caso como uma “morte suspeita”. Não há muitas evidências para tal, mas ele prefere seguir a sua intuição. Por essa atitude, recebe o deboche dos colegas e também a descrença. Porém, ele não se abate. Caso esteja errado, perderá alguns dias dos poucos que lhe restam; se estiver certo, porém, pode melhorar um pouco o mundo, antes que ele acabe.


Partindo dessa premissa, Bem H. Winters cria uma trama interessante, original e que ganha o leitor. Apesar de alguns problemas, o enredo se mantém em um nível bom, fazendo com que tentemos entender o que está acontecendo na mente do protagonista. Afinal, gastar seus dias finais em uma investigação que provavelmente será infrutífera não parece muito racional.
“Desde que me tornei detetive, porém, confunde-me uma sensação indescritível e frustrante, uma insatisfação, um senso de má sorte, de má hora, em que eu tinha o trabalho que queria e esperei por toda a minha vida e ele é uma decepção para mim, ou eu sou para ele” (p. 36).
Para desenvolver essa ideia, o autor aposta na mistura de ficção científica e suspense. Em relação ao primeiro elemento, há um desenvolvimento bom, mas que precisará ser melhor aprofundado nos livros seguintes. A sociedade está começando a entrar em colapso e alguns serviços já começam a falhar: como o de telefonia e o de geração de combustíveis. Isso tem alguns reflexos a investigação e o trabalho policial, o que torna o livro mais interessante. Afinal, acompanhamos uma sociedade que tenta sobreviver apesar de receber um aviso de despejo de seu planeta.

Na parte do romance policial, o enredo funciona razoavelmente bem. No começo parece estranho que Palace insista tanto em investigar aquele provável suicídio, principalmente por ter provas tão ínfimas e circunstanciais. Entretanto, posteriormente, conseguimos entender um pouco melhor a sua mente, o que faz com que o nível do suspense melhore. Apesar de não ser a mais forte obra do mundo nesse quesito, gera uma boa leitura.


Há problemas, porém, em casar os dois elementos: a ficção científica e o suspense. Asimov, por exemplo, quando uniu esses dois gêneros, fez isso com maestria, mostrando a influência total da área científica na investigação. Winters, por sua vez, não consegue fazer isso com um grau tão alto de sucesso. Em alguns momentos, a ficção científica serve como mero plano de fundo, ficando quase esquecida, o que empobrece um pouco o desenvolvimento. Entretanto, o final dá esperanças de uma melhora nesse sentido no próximo livro da trilogia.
“Este não é meu homicídio, é o homicídio do detetive Culverson. Assim, só o que faço é ficar pouco além da porta na sala mal iluminada, fora do caminho dele, fora do caminho da policial McConnell. Era a minha testemunha, mas não é o meu cadáver” (p. 239).
Por outro lado, o autor ganha pontos ao criar bons personagens, complexos e que servem principalmente como fonte de crítica social. Isso porque, mesmo o mundo estando prestes a acabar, o desejo de muitos ainda é enriquecer, mesmo que por meios ilícitos. Não importa se tudo acabará amanhã, a ideia da acumulação se mantém firme e forte. Aliás, chega a ser um pouco chocante quando alcançamos as consequências desse ideal.

Além do enredo que promete, o livro também chama atenção pelo bom trabalho no livro físico. A capa é simples, mas bonita e transmite bem a essência da obra. A diagramação, por sua vez, é sofisticada e agradável. Por fim, temos uma boa tradução e revisão, o que melhora a qualidade da leitura.


Em suma, O Último Policial é um livro bom, mas que ainda tem espaço para melhorar. Acredito que isso será alcançado nos próximos livros da série. Com o cataclismo mundial se aproximando, o enredo deve ganhar em drama e suspense. Se eles são elementos que te chamam a atenção, sem dúvidas essa é uma obra feita para você.


Comentários
14 Comentários

14 comentários:

  1. Achei bem legal a história é um pouco louco saber que alguém mesmo sabendo que o planeta vai acabar ainda vai se importar com um provável suicídio dentre tantos outros, fiquei curiosa para saber qual o real motivo para isso e de ler essa mistura de suspense com ficção científica mesmo que essa última seja pouco desenvolvida e dos problemas no enredo.

    ResponderExcluir
  2. Adoro essas historia que o autor permite que o leitor entre na mente do protagonista e o entenda melhor, a historia é estratégica e diferente gosto de investigação e mistério, mas só de pensar em que nosso planeta algum dia pode correr o risco de acontecer como na historia eu já nem gosto de pensar kkkkkk.
    Abraços!!!

    ResponderExcluir
  3. O fim do mundo e seus contratempos..rs
    Acho tudo isso tão assim,ainda mais com os tempos que já vivemos.
    Mas, voltemos a resenha!
    Não é muito meu estilo de leitura, ficção,mas de outro lado, temos investigação e claro, mistérios e a pergunta que não vai se calar:
    Adianta investigar com o mundo prestes a acabar?
    Quero muito conhecer mais do livro e começar essa saga!
    Beijo

    ResponderExcluir
  4. Oie, tudo bem?
    Achei bem interessante o livro, eu adoro essa temática então com certeza é uma leitura que vai me agradar muito.
    Espero mesmo que o autor melhore cada vez mais nos próximos livros, mas gostei de você destacar os pontos positivos e negativos.
    Parabéns pela resenha *-*
    Beijos!
    http://linegoettems.blogspot.com.br/
    Têm sorteio de um e-book lá no blog, participe!

    ResponderExcluir
  5. Bom, esse não me chamou desde a capa... Você sabe que eu ainda tenho essa mania.
    E sua resenha ainda me deixou mais sem vontade, rsrs. Enfim, vou dar um tempo pra pensar.

    Bjkssss

    ResponderExcluir
  6. Oi Marcos.
    Uma pena que em alguns momentos a ficção científica não casou muito bem com o suspense, infelizmente isso acontece, achei a premissa bastante intrigante a apesar de não curtir o gênero como comentei anteriormente fiquei intrigada com a historia.
    bjs.

    ResponderExcluir
  7. Marcos!
    Não é qualquer escritor não que consegue mistura dois estilos maravilhosos como ficção científica e romance policial, mas se diz que a leitura é mediana, acredito que dá para acompanhar a leitura e de repente nos próximos exemplares ele pode trazer mais respostas, né?
    “Compreender que há outros pontos de vista é o início da sabedoria.” (Campbell)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP COMENTARISTA ABRIL especial de aniversário, serão 6 ganhadores, não fique de fora!

    ResponderExcluir
  8. Olá.
    Como sempre, suas resenhas são excelentes. Não conhecia o livro. A premissa pareceu interessante, e apesar dos pontos negativos que você citou, creio que será uma boa leitura. E, tomara que os livros seguintes venham perfeitos.
    Espero poder conferir.
    Obrigada pela dica.
    Abraços.

    ResponderExcluir
  9. Oi, Marcos. Tudo bem?
    Não conhecia o livro, mas fiquei interessada. Esse parece ser o tipo de obra que me agrada. Gosto dessa ideia do fim do mundo. E como você bem sabe, suspense realmente me atrai. É uma pena que o livro apresenta alguns probleminhas, mas como você disse, quem sabe nos próximos volumes tudo isso seja melhorado.
    Um beijão
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  10. Oii! Já me indicaram o livro, flaram mto bem da escrita, acredito q tbm irei gostar, gostei do enredo e da capa, vai pra lista!
    Bjs!

    ResponderExcluir
  11. Obras que abordam a era pró e pós-apocalíptica são, ao meu ver, maravilhosas. Pelo menos as que já li. Com tudo o que acontece no livro, pela sua resenh, nao parece tbm ter tanta ação quanto deveria ter, considerando o gênero. Mas parece ser bom. Ficção científica é uma paixão.

    ResponderExcluir
  12. Gostei desse livro mesmo, acho que tenho algum conhecido que me empreste, gostei da capa um pouco, parece ser um livro bom.

    ResponderExcluir
  13. Oi, Marcos!!
    Gostei da combinação de ficção científica e romance policial!! A história ficou bem interessante!! Adorei a indicação!!
    Beijoss

    ResponderExcluir
  14. Achei o livro fraco,com excesso de diálogos que nada acrescenta a trama,fora o motivo inverossímil da investigação de um suposto suicídio. Na minha opinião é mais um livro fest food, romance de " aeroporto", com capinha bonita mais sem complexidade psicológica de seus personagens, enredo fraco, narrativa cansativa e acontecimentos sem nenhuma ligação com o propósito do livro, apenas para " encher linguiça".

    ResponderExcluir

© Desbravador de Mundos - Todos os direitos reservados.
Criado por: Marcos de Sousa.
Layout por Fernanda Goulart.
Tecnologia do Blogger.
imagem-logo