31/05/2016

Resenha: Fluam, minhas lágrimas, disse o policial

Livro: Fluam, minhas lágrimas, disse o policial
Autor: Philip K. Dick
Editora: Aleph
ISBN: 9788576571308
Ano: 2013
Páginas: 256

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Sinopse:

No romance Fluam, minhas lágrimas, disse o policial, Philip K. Dick explora os limites entre percepção e realidade, criando uma impressionante distopia na qual Jason Taverner, um dos apresentadores mais populares da TV, um dia acorda sozinho num quarto de hotel e percebe que tudo mudou; que se tornara um ilustre desconhecido. E pior. Descobre que não há qualquer registro legal de sua existência.
Dividido agora entre duas realidades, ele vê-se obrigado a recorrer ao submundo da ilegalidade enquanto tenta reaver seu passado e entender o que de fato aconteceu, dando início a uma estranha busca pela própria identidade. Ao unir à trama desconcertante uma sensível incursão no comportamento e nas emoções humanas, Philip K. Dick prende o leitor e faz desse livro um de seus trabalhos mais comoventes.
Escrito em 1974, Fluam, minhas lágrimas, disse o policial (Flow My Tears, the Policeman Said) foi publicado pela primeira vez no Brasil nos anos 1980, sob o título Identidade Perdida: O Homem que Virou Ninguém. O livro foi indicado aos prêmios Nebula, em 1974, e Hugo, em 1975, ano em que venceu do prêmio John W. Campbell como melhor romance de ficção cientifica.

Resenha:

 
Fluam, minhas lágrimas, disse o policial é o segundo livro que leio do Philip K. Dick, e também a segunda distopia. O primeiro livro foi Androides sonham com ovelhas elétricas? (resenha em breve). Na primeira obra eu me encantei com a escrita do autor. Após essa, eu tenho certeza que ele é genial e se tornará um dos meus autores favoritos.

Neste livro conhecemos Jason Taverner, um apresentador de um programa de TV com mais de trinta milhões de telespectadores pelo mundo, sendo um dos apresentadores mais populares e conhecido. Porém, os dias de glória estão com os dias contados. Após apresentar um programa como todos os outros, um imprevisto acontece e tudo foge do seu controle.



Jason Taverner acorda, após o seu grande problema, em um hotel barato e não sabe como chegou lá. Porém, o mais estranho de tudo é: ele não existe. Sim, você não leu errado, ele deixou de existir. Ele não tem qualquer documento que comprove quem ele é e, o pior: ninguém lembra-se dele, nem suas ex-amantes.

“– Saia da minha mente – Jason ordenou de modo brusco, com aversão. Nunca gostara dos telepatas intrometidos, movidos pela curiosidade, e este não era uma exceção. – Saia da minha mente e me leve à pessoa que vai me ajudar. E não passe por nenhuma barreira pol-nac. Se espera sair vivo desta” (p. 31).
Jason vive em uma sociedade altamente controlada por um governo totalitário, onde a polícia, chamados de pol ou nac, possuem um papel de reprimir a sociedade. Nesta ambientação, andar sem documentos é motivo para ser mandado para campos de trabalho forçado. Por isso, Jason terá que recorrer ao submundo para conseguir uma identidade falsa e tentar ser alguém.

Nem preciso dizer que o enredo é simplesmente assustador e incrível, né? Imagine só acordar e simplesmente não existir, ninguém se lembrar de você... Ou melhor, não imagine, leia o livro. Jason, obviamente, deixa de ser aquele homem popular e convincente da TV e passa a se tornar um gato desconfiado.



Toda a construção do enredo é excelente e muito bem amarrada; o autor não deixa pontas soltas. O cenário é muito bem explorado, assim como a repressão governamental. Porém, essa é uma distopia diferente. Aqui não há revolução, há apenas um homem sendo suprimido pelo sistema e com medo de dar qualquer passo.

“Como um cervo na floresta, ele pensou. Estranho, ela tem medo de ser toca mesmo de leve e, no entanto, não tem medo de falsificar documentos, um crime que poderia deixá-la vinte anos na prisão. Talvez ninguém a tenha avisado de que é contra a lei. Talvez ela não saiba” (p. 31).
O enredo é fascinante e, para colocá-lo em prática de maneira bem-sucedida, era necessário criar personagens inteligentes e bem construídos. E, afirmo: o autor se superou nesse sentido. Se no primeiro livro que li os personagens eram bons, nesse eles são perfeitos.

Jason, o nosso personagem principal, tem toda a sua psique explorada pelo autor. Dick soube aprofundar muito bem o viés mentalista e psicológico em cima de todos os personagens, mas o trabalho com Jason foi especial. O autor nos faz entrar na mente do protagonista e sentir suas dores e anseios.



Dos personagens secundários, duas mulheres foram as que me chamaram mais a atenção, principalmente porque o autor também explorou o psicológico delas: Kathy e Alys. A primeira é completamente louca e, exatamente por isso, encantadora. Ela é o tipo de maluca que você adoraria ter como amigo. Alys é meio transtornada também, porém, ao contrário da primeira, ela é o tipo de pessoa que se quer distância, pois vive arrumado os problemas mais insanos.

“Ele gostava desta hora: o grande prédio, nesses momentos, parecia pertencer a ele. “abandonando o mundo à escuridão e a mim”, pensou, lembrando-se de um verso da Elegia, de Thomas Gray. Um de seus livros prediletos, estimado há muito tempo, desde a infância, na verdade” (p. 93).
Toda a construção do livro é incrível e a parte física não fica atrás. A Aleph soube criar uma capa que é perfeita para o livro, totalmente psicodélica, assim como os personagens. A tradução e revisão ficaram excelentes, o que já é padrão da editora. E a diagramação também é muito confortável, facilitando a leitura e tornando o livro ainda mais fluído.

Em suma, temos um livro altamente crítico, bem escrito e com um excelente aprofundamento. Uma leitura essencial para todos que gostam de uma boa mistura de ficção científica e distopia.




Comentários
20 Comentários

20 comentários:

  1. Que livro incrível! Percebi mesmo as críticas que permeiam esse livro.
    Alem de ser bem diferente das minhas leituras. Que loucura acordar com tudo diferente hein.. Esse livro traz muita curiosidade a partir da sua sinopse!

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  2. Oi
    esse livro parece ser legal, gosto de distopia e essa por ser diferente chamou a minha atenção, deve ser um desespero que só do protagonista acordar e não existir sem ninguém lembrar dele, fiquei curiosa em ler, por isso que gosto daqui sempre conheço livros diferentes. A capa é bem legal.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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  3. Imagina o desespero de acordar assim? Parece uma bela obra, muito bem construída!

    Beijos!

    EsmaltadasdaPatyDomingues

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  4. Amo distopias e gostei do caso, dele acordar sem se lembrar de nada e sem ''estar vivo'' digamos assim, gostei do fato do autor explorado o enredo que criou, isso torna a obra ainda mais rica, já imagino a parte crítica do livro e gostei da capa, bem pacifica mas não deixa de ser bonita

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  5. Oi Marcos, tudo bem?
    Esse autor gosta de nomes diferentes em seus livros né? :)
    Achei bem interessante a proposta do livro. Deve ser horrível você deixar de existir, ninguém lembrar de você. Pelo visto, o livro abre possibilidade para várias reflexões e debates. Curti!
    Beijos
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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  6. Oii!
    Como seria horrível acordar e ngm se lembrar de mim, não existir...
    Eu adoreeei a sinopse do livro!
    Mto bacana a idéia do autor abrir grandes reflexões e ao msm tempo mostrar essa distopia incrível!
    Bjs!

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  7. Oi Marcos!

    Apesar do título de livro de auto-ajuda, gostei de saber que é uma distopia e que vc gostou tanto a ponto de colocar o autor entre seus preferidos.
    Sou apaixonada por distopia, adoro conhecer as diversas facetas que esse gênero aborda e claro, se eu tiver a oportunidade de lê-lo, o farei com prazer!

    Parabéns pela resenha!

    Bjo bjo^^

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  8. Essas distopias clássicas, ganharam status de cult e não sem motivo. Quero muito ler esse ainda mais pela excelente resenha! Parabéns

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  9. Oi,Marcos!
    Nossa, eu adorei demais a premissa e a proposta do livro!!! Nossa, imagina os sufocos e planos que o personagem teve para tentar descobrir o que houve e como sobreviver nessa sociedade altamente controlada.

    Beijos,

    www.liliterario.com

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  10. O livro parece ser incrível, a história parece ser excelente, gostei de tudo nele. Parabéns pela resenha!

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  11. Que interessante!
    É a primeira resenha do livro que leio e já amei.
    é beeeeem diferente do que estou acostumada a ler, porém, achei bem original e curioso.
    Anotado aqui, assim que der, lerei sem falta!
    PRECISO saber o que aconteceu afinal.
    bjss

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  12. Oi, Marcos
    O enredo parece mesmo incrível, uma distopia diferente, e me interessou muito.
    Eu adoro personagens maluquinhas então com toda certeza iria gostar dessa. Além de outros elementos no livro que iriam me agradar. Adorei a dica.

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  13. Adoro distopias e essa me chamou a atenção por focar mais na vivencia de um personagem, nos seus dramas e medos. Fiquei imaginando como seria acordar e não saber quem é, ninguém saber quem você é, bem maluco. Gostei de saber que o personagens criados são perfeitos, como isto é difícil de ser encontrado em uma obra, acho que isto já é um argumento mais do que necessário para se ler o livro. Gostei muito da resenha e da dica.
    Abraço!
    A Arte de Escrever

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  14. Olá, Marcos.
    A sua resenha me deixou zonza, mas foi por conta das fotos do livro hehe. Esse é um livro que se eu visse na biblioteca ou na livraria nem daria muita atenção, mas lendo a sua resenha, fiquei com muita vontade de ler. Como você disse não quero imaginar, quero ler essa história hehe.

    Blog Prefácio

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  15. Oi!
    Ainda não conhecia esse livro, mas esse enrendo me chamou atenção, fiquei bem curiosa para saber o que acontece com o Jason e principalmente porque ele acorda sem saber quem é, fiquei curiosa para conhecer mais essa sociedade em que ele vive e se tiver oportunidade quero ler esse livro !!

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  16. Achei bem interessante esse livro e misterioso, devido ao fato de repente é como se ele não existisse, ninguém se lembrar dele e olha que era uma pessoa famosa e não um Zé ninguém rsrs. É fato que quando vemos algo assim nos colocamos no lugar do protagonista e fazemos aquela pergunta básica e se acontecesse comigo? Sinceramente não sei o que faria, o desespero seria tão grande assim coo acho que é com o Jason, livros assim mexem com a nossa mente. Falando de louca acho que todo mundo queria uma amiga maluquinha kk.
    Comentando pelo blogger porque desde manhã que a caixa do face não quer abrir para comentar essa minha net é uma benção kkkk.

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  17. Marco
    Já conheço por nome o livro "Androides sonham com ovelhas elétricas?" e sei que é famoso, mas vou gostar de ver a resenha a saber do que se trata. Quanto a esse amei a trama, já fiquei com muita vontade de ler. Por não ter como base uma revolução já deve ser bem diferente e para alguém famoso acordar sem ser "alguém", também deve ser complicado, sem contar todos os problemas que lhe causa. Fiquei bem curiosa.
    Abraços,
    Gisela
    Ler para Divertir
    Participe do Sorteio dos 3 livros da Coleção Signos do Amor

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  18. Olá!
    Já havia lido a sinopse desse livro, mas não me chamou muito a atenção. Mas depois de ler sua resenha, já estou olhando com outros olhos. Fiquei muito interessada em saber o desenrolar dessa história, todo esse mistério me fascina! Com certeza horas de leitura muito agradáveis e de puro entretenimento. Adoro o gênero distopia, e essa obra parece perfeita. Obrigada pela ótima dica. Abraços.

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  19. Philip K. Dick é sensacional! Sua vida inteira foi marcada por surtos psicóticos e abuso de drogas; se não me engano, ele apresentava sinais de esquizofrenia. Isso explica o questionamento que persiste na maioria de suas obras: "O que é a realidade e o que nos torna humanos?"
    Não tive oportunidade de ler o livro resenhado por você, mas o "Androides sonham com ovelhas elétricas" é minha leitura atual e, como qualquer outra obra de Dick, é simplesmente genial. Vou indicar dois contos dele, o "Podemos lembrar para você, por um preço razoável" e "A segunda variedade", você encontra ambos no livro "Realidades adaptadas" da Aleph.
    Espero encontrar mais livros do autor por aqui <3
    Beijos

    Gabi,

    http://tecapsycho.blogspot.com.br/

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  20. Olá, Marcos.
    Se tem um autor que eu ainda não li, mas que quero muito, é o Dick.
    Tem tantos livros dele que eu não saberia por onde começar, mas esse, pelo enredo, parece ser uma boa. Gosto de livros distópicos porque muitas vezes tem um fundo de verdade ainda que seja ficção.
    Essas capas são muito psicodélicas! Dá até uma vertigem se olhar muito, rs.

    Abraços.

    Minhas Impressões

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