15/06/2016

Resenha: Um cântico para Leibowitz

Título: Um cântico para Leibowitz
Autor: Walter M. Miller Jr.
Editora: Aleph
ISBN: 9788576571926
Ano: 2014
Páginas: 400
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Sinopse:

Após ter sido quase aniquilada por um holocausto nuclear, a humanidade mergulha em desolação e obscurantismo. Os anos de loucura e violência que se seguiram ao Dilúvio de Fogo arrasaram o conhecimento acumulado por milênios. A ciência, causadora de todos os males, só encontrará abrigo na Ordem Albertina de São Leibowitz, cujos monges se dedicam a recolher e preservar os vestígios de uma cultura agora esquecida. Seiscentos anos depois da catástrofe, na aridez do deserto de Utah, o inusitado encontro de um jovem noviço com um velho peregrino guarda uma surpreendente descoberta, um elo frágil com o século 20. Cobrindo mil e oitocentos anos de história futura, "Um cântico para Leibowitz" narra a perturbadora epopeia de uma ordem religiosa para salvar o saber humano. Marco da literatura distópica e pós-apocalíptica, vencedor do prêmio Hugo de 1961, este clássico atemporal é considerado uma das obras de ficção científica mais importantes de seu tempo.

Resenha:

O mundo como conhecemos não existe mais; ele foi destruído pelos homens em uma guerra nuclear insana. Os poucos sobreviventes receberam de herança um mundo devastado, porém ainda existia conhecimento para que tudo fosse reconstruído. Mas, a maior parte dos sobreviventes acreditava que a culpa de tudo que acontecera era da tecnologia e do conhecimento acumulado. O resultado foi desastroso: intelectuais foram perseguidos e os livros foram queimados.

A humanidade mergulhou nas trevas da ignorância. Em meio a terras áridas, a população tentava sobreviver criando animais ou plantando o que desse. A Igreja Católica remanescente do ataque tentava trazer um pouco de luz à humanidade, mas não dava conta da maioria das necessidades, pois os padres e monges não tinham os conhecimentos necessários.


Poucos livros sobraram do holocausto do conhecimento feito pelos sobreviventes e estes estavam guardados na Ordem Albertina de São Leibowitz. Apesar dos padres e monges não entenderem praticamente nada do que eles tinham guardado, eles defendiam os livros com sua própria vida, pois acreditavam que, um dia, a humanidade seria capaz de se reerguer. Porém, se isso acontecesse, será que conseguiríamos aprender com os seus erros ou os repetiriam?
“Por si só sua alavanca saltou-lhe da mão e desferiu um golpe repentino no lado de sua cabeça, e então desapareceu para dentro de um súbito afundamento do terreno. Aquele goste incisivo fez Francis rodopiar. Uma pedra que vinha cruzando o ar desde que o deslizamento começara o pegou na nuca e ele caiu sem fôlego, inseguro, sem saber se estava ou não caindo no poço até que sua barriga deu de cheio no chão duro, e ele o abraçou. O troar das rochas caindo foi ensurdecedor, mas breve” (pág. 30).
Um Cântico para Leibowitz é um livro distópico que entrou para os meus favoritos. Apesar de eu ler muitas obras desse gênero, esse livro, para mim, foi único. Sua narração é completamente diferente das outras distopias que já desbravei; o vocabulário, a grandeza... Tudo contribuiu para que eu amasse a obra.

A primeira grande diferença que temos desse livro para a maior parte das distopias é a narração. Walter M. Miller Jr. optou por uma narração mais lenta, cadenciada e com pouca ação. A linguagem também é bem mais trabalhada do que o normal. Mas quem pensa que isso é ruim está enganado. Ao invés da ação, Walter privilegiou uma paisagem muito bem descrita e uma distopia quase psicológica. O mais importante não são as batalhas, mas a mente dos protagonistas. Não há super-heróis e sim humanos normais que sofrem com a devastação da Terra.


Os personagens também contribuíram de uma forma incrível para a excelência do livro. Todos eles, protagonistas ou coadjuvantes, foram explorados ao máximo. Entendemos seus medos, suas angústias e também suas dores. Apesar de o livro ser em terceira pessoa, o autor conseguiu dissecar a mente de cada um de uma forma que nem um livro em primeira pessoa é capaz.
“Foi assim que, após o Dilúvio, a Precipitação radioativa, as pragas, a loucura, a confusão de línguas, a ira, começou a carnificina da Simplificação, quando os remanescentes da humanidade esquartejaram outros remanescentes, membro a membro, matando governantes, cientistas, líderes, técnicos, professores e todas e quaisquer pessoas que os líderes das turbas ensandecidas dissessem que mereciam morrer por ter ajudado a tornar a Terra aquilo que ela havia se tornado” (p. 83).
Outro ponto que me ganhou foram as passagens em latim do livro. Sou fascinado por essa língua desde novo e, ao vê-la no livro, fiquei mais do que feliz. E, claro, para um completo entendimento, a editora providenciou um glossário de termos e expressões no final da obra.

Se não bastasse a grandiosidade da obra, o capricho da editora também me encantou. Eu adorei a capa, pois encontrei nela um ar de ficção científica e de subjetividade. A tradução do livro está perfeita; a revisão também. Não encontrei qualquer erro. Não obstante, o livro foi impresso em um papel amarelado, o que é essencial para tornar a leitura mais ágil.


Por todos esses motivos, eu recomendo de olhos fechados Um Cântico para Leibowitz para qualquer um. Esse livro vai agradar a quem gosta de distopia, de ficção científica e de livros com um ar psicológico. Sem dúvidas, essa é uma grande aposta para presentear alguém.




Comentários
14 Comentários

14 comentários:

  1. Oi, Marcos

    Nossa, achei o enredo do livro inteligentíssimo! Eu ando muito cansada de distopias, sabe? Parece que estou lendo sempre a mesma história, mas esse livro traz elementos muito mais profundos e pertinentes. Mais adultos!
    Bom saber que os personagens são bons, até os coadjuvantes. É bom quando o autor sabe dar espaço para todos.
    Essa capa é muito interessante, mas eu teria problemas com ela, pois meu TOC não ia deixar ela ficar assim, eu teria que botar do lado oposto pro monge ficar de pé! E isso é bem sério! Hahahaha
    Em suma, adorei a história e me interessei. Não conhecia o livro, mas se ele já ganhou até um Hugo definitivamente ele não é pouca coisa.

    Beijos

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  2. Oi, Marcos

    Nossa, achei o enredo do livro inteligentíssimo! Eu ando muito cansada de distopias, sabe? Parece que estou lendo sempre a mesma história, mas esse livro traz elementos muito mais profundos e pertinentes. Mais adultos!
    Bom saber que os personagens são bons, até os coadjuvantes. É bom quando o autor sabe dar espaço para todos.
    Essa capa é muito interessante, mas eu teria problemas com ela, pois meu TOC não ia deixar ela ficar assim, eu teria que botar do lado oposto pro monge ficar de pé! E isso é bem sério! Hahahaha
    Em suma, adorei a história e me interessei. Não conhecia o livro, mas se ele já ganhou até um Hugo definitivamente ele não é pouca coisa.

    Beijos

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  3. Oi Marcos!

    Eu amo essa capa! É sinistra e curiosa, além é claro, de ler linda! rsrsrsrsrsrs
    Fiquei mega curiosa! Amo distopias e o enredo me pareceu mais do que isso. Vou adicioná-lo na minha lista de desejados e rezar para conseguir comprá-lo em breve!

    Bjo bjo^^

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  4. Olá!!
    Nossa que capa! E a história que diferente...
    Nao conhecia o livro, já me agradou d cara!
    Qro conferir!
    Bjs!

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  5. kkk, o bom é que o natal ainda está longe, então tem bastante tempo para adquiri-lo hehehhe.
    Acho que eu já havia lido essa resenha na primeira vez que você postou e gostei bastante. Gostei de vê-la aqui novamente. Realmente pela resenha, parece ser uma distopia bem diferente. E eu confio na sua opinião também.
    Apesar de gostar de livros de ação, também gosto de enredos mais psicológicos. Beijooos
    https://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Que livro maravilhoso! Adoro histórias que contam um futuro que nem sequer imaginamos pro mundo não é? Percebo que o mundo ficou totalmente devastado. Que bom que o autor se preocupou com pequenos detalhes, como o glossário, por exemplo ;)

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  8. É um livro inteligente, sem dúvida, uma distopia que foge dos padrões que temos, mas é um livro chatíssimo, cansativo, que deixa pontas soltas e a figura do Judeu Errante me incomodou muito. Prefiro enredos que consigam fechar seus arcos narrativos, e esse não consegue, infelizmente.

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  9. oi tudo bem..
    Confesso que alguns livros ja li e pela capa e essa e linda demais rapaz,so por ela eu leria o livro ,gosto muito de ficçao ,distopias ,na sua maioria e sempre a mesmice,repetitivo e quando se encontra algo diferente voce se encanta e quer pra ontem ler com a mais completa atençao.ja quero.
    um abraço e muito sucesso.

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  10. Oi, Marcos
    Confesso que essa capa sinistra nunca chamou minha atenção, mas lendo sua resenha eu me interessei pelo livro.
    Uma distopia, onde parte da ação dá lugar ao psicológico dos personagens deve me agradar.
    Gostei muito resenha e gostaria de ler o livro.

    Blog Livros, vamos devorá-los

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  11. Olá, Marcos.
    Eu amei essa capa também e esse é um gênero que gosto muito. Nunca vi nada em latim, acho que nem reconheceria hehe. Só fiquei na dúvida quanto a essa parte de cobrir mil e oitocentos anos, que li um livro que acontecia isso e achei tão corrido. Mas acho que não é isso que estou pensando hehe.

    Blog Prefácio

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  12. Oi, tudo bem?
    É a primeira vez que vejo falar desse livro, mas gostei muito da sua resenha e fiquei interessada em conhecer mais da obra. O tema é muito bom e a sinopse é muito interessante. E também gosto de latim, fiz 2 semestres na faculdade e fiquei encantada!Sempre é enriquecedor! Livro adicionado a lista. Obrigada. Abraços.

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  13. Marcos
    Já coloquei na minha lista de desejados, sou fã do gênero e por todos os pontos positivos citados, como a narração diferenciada e desenvolvimento psicológico dos personagens
    Abraços
    Gisela
    www.lerparadivertir.com

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  14. Não costumo ler distopias, mas adorei essa trama!
    Percebe-se que é um livro extremamente primoroso e envolvente.
    E com personagens bem arquitetador melhora tudo né?
    A capa é fantástica também.

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