10/08/2016

Resenha: Celular

Título: Celular
Autor: Stephen King
ISBN: 9788573028621
Editora: Objetiva
Ano: 2007
Páginas: 400
Compre: Aqui

Sinopse:

Onde você estava no dia 1º de outubro? O protagonista desta história, Clay Riddell, estava em Boston, quando o inferno surgiu diante de seus olhos. Bastou um toque de celular para que tudo se transformasse em carnificina. Stephen King – que já nos assustou com gatos, cachorros, palhaços, vampiros, lobisomens, alienígenas e fantasmas, entre outros personagens malévolos – elegeu os zumbis como responsáveis pelo caos desta vez.
Depois de anos de tentativas frustradas, o artista gráfico Clay Riddell finalmente consegue vender um de seus livros de histórias em quadrinhos. Para comemorar, decide tomar um sorvete. Mas, antes de poder saboreá-lo, as pessoas ao seu redor, que por acaso falavam ao celular naquele momento, enlouquecem.
Fora de si, começam a atacar e matar quem passa pela frente. Carros e caminhões colidem e avançam pelas calçadas em alta velocidade, destruindo tudo. Aviões batem nos prédios. Ouvem-se tiros e explosões vindos de todas as partes.
Neste cenário de horror, Clay usa seu pesado portfolio para defender um homem prestes a ser abatido, Tom McCourt, e eles se tornam amigos. Juntos, eles resgatam Alice Maxwell, uma menina de 15 anos que sobreviveu a um ataque da própria mãe.
Os três sortudos – entre outros poucos que estavam sem celular naquele dia – tentam se proteger ao mesmo tempo em que buscam desesperadamente o filho de Clay. Assim, em ritmo alucinante, se desenrola esta história. O desafio é sobreviver num mundo virado às avessas. Será possível?

Resenha:

Psicótico e assustadoramente real são as palavras que me vêm à mente para tentar definir essa obra de Stephen King. Celular é mais do que um livro terror sobre zumbis, é a recriação de uma criatura fantástica; algo que só um gênio da literatura poderia fazer com tanta propriedade.

Não farei um breve resumo da obra como de costume, pois a sinopse está completíssima. Desta forma, irei me deter simplesmente nas minhas impressões sobre a obra. Porém, levem em consideração que essas palavras estão sendo digitadas por um fã e que elas não são nada imparciais.


Como já diz no resumo sinóptico, todos que estavam usando um telefone celular foram transformados em zumbis. Porém, a construção deste zumbi é totalmente diferente do que estamos acostumados: o zumbi de King não come cérebros, não é retardado e nem altamente agressivo; os zumbis são extremamente humanos e isso é o mais assustador de tudo. Fica aquela sensação de “e se isso acontecesse realmente?”.
“O evento que venho a ser conhecido como O Pulso começou às 15h03, horário da costa leste, na tarde de 1º de outubro. O termo era inapropriado, é claro, porém, dez horas depois do evento, a maioria dos cientistas capazes de apontar isso estava morta ou louca. Seja como for, o nome não tinha importância. O importante foi o efeito” (p. 13).
No começo da obra, quando há a transformação de humanos em fonáticos – os loucos por usarem celular –, há um surto de violência. Aviões caem, pessoas se matam, há tiros e uma verdadeira guerra urbana. Porém, da mesma forma que esse surto começa, ele termina. E tudo é trocado por uma estranha calmaria. O motivo? Para saber, você terá que ler a obra.

Para mim ficou claro que essa recriação dos zumbis não foi por acaso, mas com o objetivo de uma crítica social evidente. King, além de causar terror, demonstra como as pessoas estão se tornando verdadeiros “zumbis” por ficarem vidrados constantemente nos celulares. Não se vive mais sem essa pequena telinha. Há quem diga ela já comanda as nossas vidas. Porém, e se ela comandasse realmente?


Para recriar tão fantasticamente uma história de zumbis, Stephen utilizou-se de personagens muito bem construídos. Entre protagonistas e secundários, as duas criações do autor que mais me marcaram foi a de Clay e Alice. Apesar de totalmente distintos, eles parecem se completar.
“Alice olhou em volta para os três rostos que a observavam, então colocou o próprio rosto entre as mãos e começou a soluçar. Tom fez menção de confortá-la, mas o Sr. Ricardi surpreendeu Clay ao dar a volta na mesa e passar um braço magricelo em volta da garota antes de Tom a alcançar” (p. 59).
Clay é um desenhista que consegue vender seu primeiro trabalho exatamente no dia em que os fonáticos tomam o mundo. Ele é movido totalmente por instinto de proteção: após o surto, ele só pensa em reencontrar o filho e o proteger de todo mal. Essa obsessão por proteger a sua prole o torna totalmente desconfiado e um tanto instável.

Alice, por sua vez, é totalmente psicótica. Para se apegar a realidade, ela carrega um pequeno sapatinho consigo. Ela parece, muitas vezes, simplesmente se desapegar da realidade; por outras, age como se fosse outra pessoa, totalmente madura e muito mais velha. Porém, é esse comportamento esquisito e desequilibrado que nos cativa e a faz essencial para a obra.


O enredo é ótimo; os personagens também. A diagramação não fica muito atrás. A capa não é linda, mas é estranhamente confusa e assustadora, o que reflete exatamente a essência do livro. As páginas são brancas, mas como as letras e o espaçamento são bons, a leitura é confortável. Essa, porém, é a versão antiga do livro. Recentemente a Suma lançou uma nova; eu ainda não a vi, mas há comentários de que ela é ainda melhor e mais confortável do que essa.
“A maioria das pessoas olhava embasbacada para a tocha que havia sido Boston ou se arrastava em direção a Malden e Danvers tinha mais de 40 anos, e muitos pareciam poder utilizar a fila de idosos no supermercado. Ele viu poucas pessoas com crianças e uns dois bebês em carrinhos, mas o grupo de jovens se resumia praticamente a isso” (p. 77).
Por todos os aspectos apresentados e muitos outros, certamente eu indico a obra. Apesar de ser terror, é algo totalmente voltado para o psicológico. A parte mais aterrorizante é que King cria personagens muito reais e o livro possui uma história que, apesar de improvável, poderia acontecer. É essa pequena possibilidade que nos assombra durante toda a leitura. Pelo sim, pelo não, após a leitura desta obra, começo a pensar serialmente em abandonar meu celular.


Comentários
22 Comentários

22 comentários:

  1. Ainda não li nenhum livro desse autor, tenho até um livro dele, porém ainda não li por receio de não curti muito a leitura, por causa do gênero que é completamente diferente dos romances que costumo ler. De todas as histórias criadas por esse autor essa para mim foi a que mais me cativou a leitura, estou curiosa para saber o motivo das pessoas enlouquecerem por simplesmente falar ao telefone, e como o personagem vai lidar com toda essa loucura no decorrer da trama, por isso pretendo dar uma chance a essa leitura, quem sabe até gosto e resolvo ler o outro livro dele que eu tenho.

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  2. Oi Marcos!

    Como vc sabe, adoro os livros do mestre! Ainda não li esse livro, mas o tenho em e-book e confesso que só de ler sua resenha, já tremi nas bases! rsrssrsrsr
    King consegue nos surpreender mesmo com criaturas já tão exploradas na literatura. Claro que quero lê-lo e mais uma vez, me surpreender!

    Parabéns pela resenha! Adorei!

    Bjo bjo^^

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  3. Oi Marcos, tudo bem? Como você já sabe, esse foi meu primeiro contato com o autor e eu detestei :P , tanto que acabei abandonando a leitura. Depois li outro e não curti nada também.
    A narrativa dele me irrita, as descrições também "o terninho de poderosa" Ahhhhhhhhh hahahahhaha
    Mas claro, gosto é gosto e o legal da literatura é ela ser democrática. Todo mundo poder amar e odiar o que quiser.
    E eu sei bem como é ser fã e ser nada imparcial ahhah
    Beijos
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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  4. Vai acreditar se eu disser que estou há mais de um ano sem um celular propriamente meu? Uso o do meu namorado e o da minha mãe quando necessário e as vezes fico um pouco no snapchat, mas saio de casa sem celular e não sinto falta alguma. As vezes fico um pouco preocupada com os imprevistos, já que celulares, por mais viciantes que possam ser, também podem salvar vidas, né? Mas não tem jeito, sinto que abandonar meu celular foi a melhor coisa que me aconteceu, sou outra pessoa. Caminho olhando para o maravilhoso céu que nós temos e fico embasbacada por perceber que quase ninguém liga para isso porque está ocupado demais olhando para o celular. É uma pena!

    Simplesmente adorei a premissa desse livro e com certeza o lerei quando puder!

    Beijos,
    milenaschabat.blogspot.com

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  5. Opaaa Marcos, vc disse Zumbis?!!
    Já amei esse livro então!
    Vc sabe eu disse q amo esse gênero, e Stephen King arrasa sempre em seus enredos. Já gostei logo que vi a capa, é linda, gostei dessa mistura terror e psicológico, pra mim deu mais vida á história do que nunca....Preciso!
    Parabéns pela resenha!
    Bjs!

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  6. Oi Marcos. Tudo bem?
    Sério, tenho vergonha em dizer que nunca li nada do King. Eu adoro o gênero e não li nada ainda :/.
    Referente a resenha, está maravilhosa. Você soube destacar os pontos positivos do livros. E zumbis? Haha. Preciso ler pra ontem. Quem sabe não começo com esse livro *-*.
    Realmente as pessoas estão dependentes de celular. Infelizmente.
    Beijos!
    lostwordsin.blogspot.com

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  7. Oi Marcos. Tudo bem?
    Sério, tenho vergonha em dizer que nunca li nada do King. Eu adoro o gênero e não li nada ainda :/.
    Referente a resenha, está maravilhosa. Você soube destacar os pontos positivos do livros. E zumbis? Haha. Preciso ler pra ontem. Quem sabe não começo com esse livro *-*.
    Realmente as pessoas estão dependentes de celular. Infelizmente.
    Beijos!
    lostwordsin.blogspot.com

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  8. Adoro a escrita do King e sinto-me envergonhada por ter lido pouco de suas obras.
    Já conhecia o enredo de "Celular", mas nunca tinha lido uma resenha desse livro. E suas palavras só serviram pra ressaltar o que eu já sabia: necessito deste livro pra ontem! Não é a toa que ele está no topo da minha lista de desejados dos livros do King. Não só pela premissa interessante, mas pela crítica social em sua narrativa.

    Confissões de uma Mãe Leitora

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  9. Oi Marcos, tudo bem? Espero que sim!
    Amei sua resenha, sempre perfeita com as palavras. Sou fã da escrita do King. Ainda não tive o prazer de ler esse livro, mas a premissa está fantástica. E lendo sua resenha, fiquei mais curiosa e ansiosa por essa leitura. Todos os livros do King estão na minha lista de desejados. Sonho de consumo! Obrigada por essa ótima dica. Beijos.

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  10. Olá, Marcos.
    Não sou muito fã do autor, sempre acabo achando os livros dele chatos. Mas esse me interessa e muito. Realmente se pararmos em um lugar com bastante gente, 80% ou mais estão mexendo em um celular. Ainda mais agora com essa febre de Pokemon hehe. Tem gente que não larga nem para comer, se isso não é controle...

    Blog Prefácio

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  11. Oi, Marcos
    Tenho bastante curiosidade em ler esse livro e alguns do autor.
    Essa coisa de zumbis controlados pelo celular foi uma ótima crítica social e como um tapa na cara, talvez rs
    Que ótimo todo o desenvolvimento. Espero ler um dia.

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  12. Eu gostaria de saber de onde o Stephen King cria tantas histórias ? Ainda não conhecia esse titulo, mas pela resenha tive uma excelente ideia de como deve ser a leitura

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  13. Oi
    tenho vontade de ler algo desse autor, mas acho que pela sua descrição do inicio não leria, já que tenho um pouco de medo. Bom pelo que percebi, esse livro serve como um critica a sociedade por conta do uso de celulares .

    momentocrivelli.blogspot.com

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  14. Adoro os livros do King e não conhecia esse cuja resenha espetacular você nos apresentou. Claro que já coloquei na linha lista de livros para ler e procurar na livraria.

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  15. Eu amo as obras do Stephen King, mas ainda não tinha ouvido falar desse livro. Após ler sua resenha, o que eu mais gostei, além da obra em si, foi o fato de que existe essa crítica social de celulares e nós, seres humanos. Adorei a resenha!

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  16. Gostei muito do enredo da obra, em como as pessoas se transformaram em zumbis e fiquei curiosa para saber mais detalhes de como são estes zumbis. Se eu estivesse na história com certeza seria uma das pessoas não infectadas, não vivo conectada neste aparelhinho, então não tenho medo do que possa acontecer.... hahahah... Gostei muito da resenha e com certeza essa dica já está anotada..rs...
    Abraço!
    A Arte de Escrever

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  17. O King é um gênio mesmo! Ele consegue variar e muito suas histórias, consegue criar vários universos.
    Ainda não tive oportunidade de ler este livro, mas espero ler em breve pois gostei muito do que li aqui. Achei muito interessante a crítica que o livro contém, isso foi muito importante para o desenvolvimento da obra.

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  18. Esse, como todos os outros de Stephen King, é um livro que eu gostaria muito de ler. A história parece ser interessantíssima. Nunca vi um tipo de zumbi que tivesse uma origem assim. Fiquei curiosa com as explicações e o que acontece no livro. Já está na minha lista de desejados.

    Abraços :)

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  19. Nunca li King, sempre tive um pé atrás (coisa de leitora de Lovecraft, rsrsr). Porém adoro histórias apocalípticas e também de zumbis. Gostei muito da resenha!

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  20. oi Marcos
    Logo no início quando você citou que os transformados em zumbis eram os que estavam no celular, já me veio a cabeça que o livro tinha embutida uma crítica social. viramos verdadeiros zumbis com os celulares na mão e nem precisa de nenhum 1 de outubro. Fiquei bastante curiosa com o livro e quero muito ler mais obras deste aclamado autor.
    Abraços, 
    Gisela
    Ler para Divertir
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  21. Oi Marcos...
    Confesso que terror não faz meu estilo de leitura.... Até hoje não li nada de Stephen King, apesar de já ter ouvido falar super bem dele e de seus livros... Adorei a resenha e sabendo que se trata de algo envolvendo o psicológico dos personagens, "Celular" é uma leitura que me chama bastante a atenção. De repente será a primeira oportunidade de ler algo desse autor tão incrível.
    Abraços...

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  22. Só conhecia esse livro de nome, ainda não tinha lido nenhuma resenha dele, e poxa! Que livro!
    To muitooooo curiosa! Já imagino o que vai acontecer, o que ocasionou tudo isso, enfim, preciso lê-lo em breve!
    Na verdade, tenho muitos do King pra ler, o duro que não tenho coragem kkkkk
    bjss

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