Título: O
Peso da Gravata
Autor: Menalton
Braff
Editora: Primavera
Editorial
ISBN: 9788555780080
Ano: 2016
Páginas: 176
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Sinopse:
Esta
coletânea de contos originais do autor Menalton Braff traz diversos universos,
a partir de diferentes pontos de vista. Mergulha-se no realismo fantástico, com
histórias como a de um sobrado degradado pelo tempo, e a de um personagem morto
que caminha em direção ao seu próprio túmulo. Alguns contos permeiam, ainda, a
cruel realidade da rotina, do dia a dia, da morte e da vida. O leitor é
convidado, ao final do livro, com o conto Jardim Europa, a entrar no mundo de
um condomínio prestes a ser invadido.
Resenha:
Até
ler essa obra, desconhecia por completo Menalton Braff. Aliás, só dei uma
chance para seu trabalho porque o autor foi vencedor do Prêmio
Jabuti, o que é um excelente feito. Ao terminar a obra, entendi o motivo das
indicações e passei a ter apreço pelo trabalho do escritor. Afinal, transmitir intensidade
e profundidade em um conto, que é uma narrativa bem mais curta, é tarefa árdua.
Felizmente, Braff domina essa arte.
Devido
à quantidade de contos da obra, torna-se impossível que se fale,
detalhadamente, de cada um dos textos. Isso tornaria a resenha enfadonha e
tiraria o sabor do descobrimento por parte do leitor. Então, deter-me-ei nos dois
primeiros trabalhos, sendo o primeiro deles o que dá nome ao livro.
Em
O Peso da Gravata, conhecemos um
homem que se sente submergido pelo peso das suas responsabilidades e deveres,
que pode ser representado perfeitamente pela sua gravata. Em um certo dia, a
opressão das obrigações sociais é tamanha que ele resolve jogar tudo para o ar.
O peso é desfeito e o espírito humano é liberto. O interessante e surpreendente
é a forma que o protagonista faz isso.
“As três notas curtas e uma longa, da Quinta: torpedo. Gonçalo segura o volante com a mão esquerda, liberando a direita para ver que porra de mensagem é esta agora: não esquecer a recepção logo mais às cinco. Joga o aparelho no banco do carona e bate com a mão espalmada na testa: droga, droga, droga!” (p. 9).
O
primeiro conto do livro abre a obra muito bem e é a promessa, cumprida, aliás,
de um bom livro pela frente. Braff começa já com uma crítica social, mostrando
o qual alienante é o peso das obrigações. Atualmente, as pessoas “sérias” são
esmagadas até que desapareçam. Cabe a uns poucos corajosos quebrar esse julgo,
cada um com a sua maneira. Uns criam um clube da luta; outros tomam uma atitude
mais prática como a do nosso protagonista.
O
segundo conto da obra, O Violinista,
é um texto muito curto que narra o encontro de um crítico que reencontra um
músico pelo qual possui enorme apreço. Contudo, tal músico, apesar do talento
ímpar, tocava em um local onde o público não o apreciava e ainda o ignorava, o
que cria uma revolta naquele que é fã e crítico de sua obra.
Neste
segundo conto, conhecemos uma faceta totalmente diferente oposta de Braff. O
autor deixa de lado um pouco a crítica mais ferrenha e se emprenha numa
brincadeira com o impossível, com o quase sobrenatural. É um conto simples, aparentemente
direto, mas que precisa de calma para ser entendido em todas as suas nuances. Se
no primeiro conto o autor se mostra inteligente, é aqui que ele apresenta a criatividade
que ganhará o leitor no decorrer da obra.
“Parei em sua frente, horrorizado com o que via, indignado com a crueldade do destino: o maior talento com que cruzei na vida submetido à indiferença de um público que não era o seu. Cravei-me no granito da escada numa tentativa desesperada de proteger meu amigo de corpos mais pesados, com seus ouvidos de arame farpado. Em alguns momentos, esqueci com os cotovelos as lições de boas maneiras” (p. 17).
Em
O Peso da Gravata e Outros Contos,
Braff brinca com o leitor e com as diversas possibilidades que o gênero conto
permite. Tudo isso através de uma linguagem bem articulada e inteligente, sem
perder a fluidez do texto. Os textos são criativos e mantêm um padrão de
qualidade, fazendo com que o leitor aproveite bem a obra por completo.
Em
relação a parte física, sobram também apenas elogios. A capa representa bem a ideia
da obra, apesar de não ser completamente original. A diagramação interna, por
sua vez, é um show à parte. A Primavera trabalhou bastante na parte gráfica,
apresentando um trabalho editorial de alto nível, o mais bonito que eu já vi
nas obras da editora. A revisão também está ótima, ajudando ainda mais no
processo de leitura.
Em
suma, apesar de O Peso da Gravata não
ter sido o melhor livro de contos que eu já li, é uma obra inteligente,
interessante e que demonstra todo o potencial do autor. Sem dúvidas, um livro
que merece ser lido. Certamente, desbravarei outros trabalhos do autor.
“Ontem, depois de quatro anos, resolvi meu túmulo. Era noite e o cemitério, com seus ricos jazigos alternados com pobres sepulturas rasas, não me assustaram, apesar da hora” (p. 29).
Oi, Marcos, tudo bem?
ResponderExcluirConseguir fazer um conto ser profundo e intenso realmente é uma tarefa difícil e só aí o autor já chamou minha atenção. Gosto de textos que trazem críticas sociais e que demandem certa atenção para serem compreendidos por completo. Não conhecia o autor e nem o livro, mas curti a proposta.
Não gostei muito a capa, mas isso é um mero detalhe.
Excelente resenha como sempre!
Beijos
- Tami
http://www.meuepilogo.com
Geralmente os contos por ser algo pequeno e raso, acaba não envolvendo leitor, e pela sua resenha a escrita do autor conseguiu te transmitir essa intensidade e profundidade das história de uma maneira exemplar. Ainda não conhecia essa obra, porém fiquei bastante curiosa, principalmente pelo autor de ganhado prêmios, além do mais o livro me pareceu trazer coisas do cotiano que vão nos fazer refletir.
ResponderExcluirOi Marcos!
ResponderExcluirEu adoro contos, tenho diversos livros aqui assim e quero ler todos, um dia! rsrsrsrs
Tbm não conhecia o autor e fiquei curiosa depois de ler sua resenha, como vc mesmo disse, manter o foco do leitor em um livro de contos é muito difícil, se ele conseguiu esse feito com vc, merece mesmo uma chance!
Parabéns pela resenha, como sempre, perfeita!
Bjo bjo^^
Não tenho o hábito de ler contos, nem conhecia o autor, mas parece uma boa obra
ResponderExcluirBeijos!
EsmaltadasdaPatyDomingues
Olá Marcos! Adoro contos, este com toda ctz merece minha total atenção tbm, adorei sua resenha, o livro parece uma leitura bem agradável e divertida, qro conferir sim!
ResponderExcluirBjs!
Nunca tinha ouvido falar desse livro e nem do autor, mas gostei muito do tema desse livro de contos. Fiquei com muita vontade de ler!
ResponderExcluirhttp://www.biigthais.com/
Beijoos ;*
Não sou muito fã de livros de contos, mas gostei do que você comentou a respeito deles, além dessas ilustrações que envolvem o leitor com maior profundidade.
ResponderExcluirxx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
Olá.
ResponderExcluirGostei das ilustrações trazidas no livro. Confesso que não curto muito livros de contos, mas achei o enredo desse interessante pelas críticas trazidas em alguns contos.
Não sei se leria a obra, mas se tiver a oportunidade, não vou desperdiçá-la.
Adoro contos, principalmente os mais complexos e densos. Parece ser um livro que me agradaria muito. Também acho que vai rolar a inevitável identificação por aqui.
ResponderExcluirOi Marcos, tudo bem?
ResponderExcluirEssa também é uma resenha mais antiga né?
Acho que lembro dela :)
Ganhar o jabuti é um grande feito. E duas vezes? Uau.
Isso já me deixa bem curiosa, apesar de não ser lá a maior fã de livros de contos.
Beijooos
https://profissao-escritor.blogspot.com.br/
Olá, Marcos.
ResponderExcluirNão sou muito fã de contos, não, mas me interessei pr esses citados na sinopse. Então acho que leria ele sim. Também nunca tinha visto nada sobre o autor. Não gosto muito de amarelo, é a cor que menos gosto hehe.
Blog Prefácio
O livro parece ser muito bom; gostei dos dois contos que você selecionou, sendo que o primeiro, O peso da gravata, foi o que mais me agradou. A diagramação realmente parece estar ótima; gostei muito destas ilustrações. A resenha está ótima, como sempre e a dica, uma dica excelente.
ResponderExcluirAbraço!
A Arte de Escrever
Olá.
ResponderExcluirGosto de contos, apesar de não ter lido muitos ultimamente. Não conhecia o autor, mas me interessei pela obra. A capa está bonita e as ilustrações enriquecem mais ainda o conteúdo da obra. Sua resenha, sempre muito bem elaborada. Ótima indicação. Obrigada. Abraços.
Oi Marcos...
ResponderExcluirGosto bastante de contos e este livro parece estar realmente incrível... Uma capa muito bonita e as ilustrações da obra realmente fazem toda a diferença... Fiquei bastante empolgada para ler esse livro e conhecer um pouquinho da criatividade e inteligência de Menalton Braff.
Abraços.
Como eu gosto de contos, creio que gostarei desse livro.. Os temas são variados, o que não o torna cansativo né? Espero ter a oportunidade de ler.
ResponderExcluirOi
ResponderExcluireu acho que já a capa desse livro em um blog, que bom que curtiu a leitura e os contos parecem ser intensos e com temas bem interessantes.
momentocrivelli.blogspot.com
Ainda não conhecia o autor. E sinceramente o livro não me chamou muito a atenção, apesar de eu gostar bastante de contos e crônicas.
ResponderExcluirParece bacana, mas nada de mais. rs
bjs
Pelo o que eu pude perceber, o livro é recheado de contos diversos, o que já é um ponto positivo. Apesar do livro ter vencido um grande prêmio, eu confesso que não fiquei muito interessado. Pelas fotos, dá para perceber o quanto a editora trabalhou no livro, que já é mais um ponto positivo!
ResponderExcluirComo já gosto bastante de ler livros de contos, já imaginei que seria um bom livro. Com sua resenha fiquei ainda mais curiosa pela leitura. Os contos citados parecem ser muito interessantes e imagino que os outros também sejam. Pretendo ler com certeza.
ResponderExcluirAbraços :)
Oi Marcos
ResponderExcluirAcho que ia me identificar com alguns contos, Às vezes tenho vontade de jogar tudo para o alto também. A vida moderna é muito corrida e difícil, no meu caso utilizo a leitura como forma de relaxamento. Não tenho hábito de comprar livro de contos mas se puder vou conferir.
Abraços,
Gisela
Ler para Divertir
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