13/10/2016

Resenha: O Evangelho de Loki

Título: O Evangelho de Loki
Autor: Joanne M. Harris
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528620757
Ano: 2016
Páginas: 336
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Sinopse:

A épica história do Deus trapaceiro. Com sua notória reputação para trapaças e enganações, Loki é um deus nórdico sem igual. Nascido demônio, é visto com profundas suspeitas por seus companheiros deuses, que jamais o aceitarão como um deles; por conta disso, Loki promete se vingar. Mas enquanto o deus-demônio planeja a derrocada de Asgard e a humilhação dos seus opressores, poderes maiores conspiram contra os deuses e uma batalha é arquitetada para mudar o destino dos Mundos. Do recrutamento por Odin do reino do Caos, através dos anos como solucionador de problemas de Asgard, até a perda do seu posto no desenrolar para o Ragnarök, este é o Evangelho de Loki, a sua longa e curiosa versão da história — e se alguém disser o contrário, não acredite!

Resenha:

Eu ainda estou fascinada por esse livro, Loki sempre foi um Deus nórdico que sempre tive muita curiosidade em saber a história e como tornou-se o “Deus Trapaceiro”. O Evangelho de Loki cumpriu seu papel. Quer saber como? Confira abaixo.

Loki é um vilão por natureza ou vítima da rejeição e preconceito dos deuses asgardianos? Seriam eles culpados pelo declínio de Asgard e consequentemente transformando o Deus trapaceiro vingativo? Essas duas perguntas pairavam sobre minha cabeça enquanto passava as páginas; sempre acreditei que ele fosse o vilão, e mesmo assim era o único que chamava minha atenção nos filmes. Pode ser um pouco pela influência do ator Tom Hiddleston, mas o que indefinidamente gostava no personagem era o senso de humor e as ironias.
“Bem, pode me chamar de cínico, mas nunca fui de aceitar as coisas baseadas em confiança e acontece que eu sei que história não é nada além de voltas e metáforas, componentes que fazem parte de toda lorota quando você os expõe desde sua base. E o que faz sucesso ou cria um mito, é claro, é como e por quem ela é contada”.

O livro começa com uma apresentação dos personagens que iria encontrar no decorrer da história. Como o narrador é o próprio Loki, já esperava algumas gracinhas em descrevê-los antes mesmo de conhecer; e não é que no final suas descrições têm sentido e foram as melhores possíveis? O que posso dizer é que, ao finalizar essa leitura, você ficará encantado com a personalidade do trapaceiro.


Loki é um demônio, agente do Caos, Deus do Fogo e outros títulos, só essas três informações são o suficiente para sofrer opressão e preconceito dos asgardianos, mesmo sob proteção de Odin, O Pai de Todos. Seu objetivo, ao contar sua versão sobre a criação dos Mundos até Ragnarök, Fim do Mundo, é mostrar como são seus pensamentos acerca desses acontecimentos e mostrar sua talvez inocência sobre tudo o que aconteceu. Essa é uma versão não autorizada, contrária a versão do oráculo, aqui ele nos contará o poder das histórias, lendas e suas mentiras.

Quando o Deus trapaceiro chega a Asgard sabia dos riscos que corria, mas com a palavra de Odin, O Ancião, não imaginava que sofreria inúmeras repreensões e intolerâncias vindas de praticamente todos os argardianos; acho que as únicas que não o discriminam são Iduna e Sigyn. Imaginem como o pobre coitado, que estava em Aspecto humano, sentiu-se confuso e até – será? – magoado. Não conhecia muito bem as sensações e emoções que os humanos possuíam, não sabia o que era tristeza, angústia, dor, felicidade porém, imediatamente se identifica com humor, ironia, sarcasmo, luxúria e gula. Principalmente esses dois últimos; para ele não existia nada melhor do que mulheres e comida.
“As pessoas tendem culpar o Caos sempre que alguma coisa dá errado, mas na verdade, na maioria das vezes, o Caos não precisa intervir. O Povo não precisa de nenhuma ajuda quando se trata de massacrar uns aos outros. O que vier à sua cabeça, eles fizeram – assassinato, estupro, sacrifício infantil –, o tempo todo culpando o céu sem luz, mesmo quando a escuridão já estava em seus corações”.

E assim, aos poucos, o Pai das Mentiras constrói sua personalidade tornando-se sinônimo de caos, trapaças, mentiras, injustiças e malandragens. Ao mesmo tempo, virou o motivo de todas as desgraças e infelicidades que aconteciam com os deuses. Se alguém ficava resfriado, era sua culpa; se alguém perdesse algo, com toda certeza foi ele quem roubou; se alguma pegadinha acontecesse, o culpado por unanimidade era Loki – Bem, algumas foram feitas de propósito, mas isso vocês vão descobrir. Tudo o que acontecesse de ruim era sua culpa, então, por mais que ele tentasse arrumar desculpas ou fingisse não ligar para esses acontecimentos, sentia-se não bem-vindo naquele lugar, nunca conseguiria chamar de lar e os sentimentos que poderia criar para essas pessoas eram de repulsa e vingança…


“Caras inteligentes não são populares de forma alguma. Eles incitam suspeita. Não se encaixam. Podem ser úteis, como provei ser em diversas ocasiões, mas, entre a população geral, sempre há a vaga sensação de desconfiança, como se as mesmas qualidades que os tornam indispensáveis também os tornassem perigosos”.

Sim, vingança... O Trapaceiro estava farto do que sofria, era muita carga negativa para alguém tão solitário carregar, precisamente alguém que nunca conheceu o amor e afeto, essas palavras eram desconhecidas no seu vocabulário e vida, consequentemente, nunca desejou ser pai ou manter um relacionamento monogâmico. Então, entregava-se a várias noites de prazer e fartura, enquanto Sigyn nutria sentimentos por ele; mesmo assim não amolecia o coração deste que não dava a mínima importância pelo o que ela sentia.

Mesmo a história sendo focada no Deus Trapaceiro, ele nos conta com muitos detalhes um pouco da vida de cada deus e outras criaturas. Conheci melhor os filhos de Odin, já que só ouvimos falar de Thor. Balder e Hoder são de certa forma importantes em uma profecia que Loki tem o prazer de participar, já que a mãe destes não era lá tão amorosa com todos eles. Conheci também outros deuses, como Freia, a Deusa do Amor; Bragi, Deus da poesia e um pouco chato com seu alaúde; Njord, Deus dos Mares; o guardião Heimdall, que é dos mais hostil com o Pai das Mentiras; e claro, descobri mais sobre Thor e sua pouca inteligência e grande grau de ser manipulado, segundo palavras do Loki.
“Quem disse que nomes não podem machucar ou estava bêbado ou era idiota. Todas as palavras possuem poder, é claro, mas nomes são as mais potentes de todas, por isso os deuses tinham tantos. Nomear um ser é subjuga-lo, conforme aprendera naquele primeiro dia, quando Odin me chamou de Caos. Tenho sido a encarnação do Incêndio, livre e corruptível. Tornei-me o Trapaceiro, O Fogo de Casa; sua criatura, nomeada e domada”.


A relação entre Loki e Thor não é feita com tanta hostilidade, haverá algumas desavenças, discussões e brigas, mas o Deus do Trovão é o mais propenso a dar risadas e achar peculiar o senso de humor do nosso narrador, além disso irão participar de algumas aventuras juntos e aprender que até os deuses podem ser fracos e derrotados por aqueles que subestimaram. Sentiram-se como meros mortais e homens e que estão inclinados a decepcionar àqueles que acreditam neles.

O Deus do Fogo tem seus Aspectos: luxúrias e um orgulho tão grandes que acarretarão em várias quedas e consequências desastrosas e até dolorosas, mas o que percebi foi que ele só queria ser alguém aceito, mais valorizado até por Odin, que aos poucos mostra que nunca confiou nele, além de tentar não ser a decepção que todos esperam que ele seja. No entanto, o preconceito e hostilidade que recebia diariamente, por causa de sua origem, faziam-no ser alguém sombrio e impiedoso que, inevitavelmente, buscaria vingança contra esses que tornaram sua vida difícil e seu coração cada vez mais ficava frio e inalcançável. 

Por mais que fosse um trapaceiro, cruel, desonesto, um belo mentiroso, você acaba gostando dele, não pelas histórias e lendas que conhecemos dele e sim por suas jornadas, dificuldades e persistências. Todo “vilão” tem uma história e, às vezes, ele nem chega a ser o inimigo do mocinho quando está seguindo um ideal, uma crença ou buscando sua justiça ou sua proteção ou até provação mesmo que os meios sejam injustificáveis. Afinal, não é assim que muitos heróis, muitas das vezes, combatem os inimigos por essas razões? Ser um vilão é uma questão de perspectiva, talvez Loki seja o vilão dos asgardianos apenas por ser o que eles queriam que ele fosse, alguém desprezível e sem escrúpulos, alguém que eles nem deram uma chance de não ser o que eles pensavam. Para nós, o filho do Caos era alguém que nunca teve uma oportunidade de ser diferente do que esperavam ou acolhimento dos asgardianos.
“No final das contas, palavras são o que resta quando todas as ações estão completas. Palavras podem estilhaçar a fé, dar início a uma guerra, mudar o curso da história. Uma narrativa pode fazer seu coração bater mais rápido, derrubar paredes, escalar montanhas… Ei, uma boa trama pode até levantar os mortos”.


A Joanne M. Harris narrou tão bem que se tornou fácil ler a história pelos olhos de Loki. O sarcasmo, o senso de humor, as ironias e como elaborou os momentos de mentiras e trapaças pareciam escritas pelo Deus Trapaceiro até as impressões que os outros deuses tinham deste. Foi um belo trabalho que teve para poder incorporar a personalidade tão forte e orgulhosa que Loki possuía. Outro fator que gostei demasiadamente foram as Lokabrennas, várias lições que o personagem nos passa sobre basicamente não confiar em várias coisas ou pessoas. Gostei, na verdade, adorei intensamente esse livro e espero que tenha outro ou outros que continuem essa história épica de um personagem incompreensível e fantástico.

A Bertrand Brasil novamente fez um trabalho incrível. Essa capa ficou tão bonita, com esses pequenos detalhes dourados e desenhos que ilustram bem o que o livro guarda; parabéns ao capista. A revisão ficou ótima e a tradução da Ananda Alves ficou agradável com uma linguagem de fácil entendimento. Para finalizar, a diagramação ficou confortável, proporcionando uma leitura rápida.

Este livro contém histórias épicas, doses altas de humor e numerosas reflexões e lições de alguém que você não poderia imaginar. Então, se você gosta de mitologia, vai adorar o que O Deus Trapaceiro tem a revelar sobre sua vida até Ragnarök.



Comentários
15 Comentários

15 comentários:

  1. A capa deste livro é um espetáculo à parte! Maravilhosa, de verdade.
    E como não conhecia, já me encantei. Saber a história assim, do irmão malvado e os motivos que o levaram a ser assim, torna tudo ainda mais especial.
    E claro, a imaginação viaja.
    Vai para a lista de desejados, com certeza!!
    Beijo

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  2. Não conhecia o livro, primeira vez que leio algo sobre ele, e que algo!!! Que super resenha!!
    Agora não vou mais esquecer deste livro.

    Adorei!

    Bjks

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  3. Oi Thaís!

    Não conhecia o livro, mas, como vc, gosto muito de Loki. É um dos personagens que mais admiro e tenho curiosidade em saber mais sobre ele.
    Vou adicionar o livro na minha lista de desejados e espero ter a oportunidade de lê-lo assim que possível.

    Ótima resenha! Bjo bjo^^

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  4. Loki♥
    Eu sinceramente adoro esse vilão, tenho muita vontade de ler esse livro e essa diagramação está linda.♥
    Art of life and books.

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  5. Olá!!
    Não sabia que existia esse livro e já estou loucaa haha Adoro o Loki, sempre gosto dos 'vilões' e acho muito bom quando alguém faz algo sobre o ponto de vista deles, acho genial! Quero muito ler!
    Beeijo

    http://lecaferouge.blogspot.com.br/

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  6. Oie! Nunca tinha ouvido fla desse livro, pela história parece bom, mitologia me agrada, espero gostar deste tbm...
    Bjs

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  7. Oi, Thaís!
    Esse livro parece ser muito legal.
    Porque os vilões são tão mais interessantes, né?
    Ou mesmo os anti-heróis?
    E um livro narrado por um dos meus vilões preferidos?
    JÁ QUERO!
    Conheço ele só dos filmes do Thor mesmo (Tom Hiddleston <3) e da nova saga do Rick Riordan que é de mitologia nórdica.

    Beijoooos

    www.casosacasoselivros.com

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  8. Oi Thaís!

    Caraca fiquei fascinada! Eu sempre quis saber um pouco mais sobre Loki e é bom saber que o livro conta sobre os outros irmãos de Thor. Interessante uma história contada pelo vilão! Adorei a dica! Vou colocar na lista de próximas leituras!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  9. Olá, Thaís.
    Gostei muito da capa e da edição, está muito bonita. Você falando dele como se ele fosse muito famoso e eu aqui pensando como nunca vi falar sobre esse cara? hehe. Só quando você chegou lá no Thor é que liguei os fatos. Mas como não conheço muita coisa sobre esse universo, não conhecia ele ainda hehe. Me pareceu ser um bom livro, principalmente por ser pela visão dele. Mas não sei se eu leria.

    Blog Prefácio

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  10. Oi Thais, sabe que eu tava bem curioso para ler esse livro, eu cheguei a pegar ele na mão e dar uma folheada, mas tava sem grana na hora pra levar pra casa comigo :/
    Infelizmente não tenho nem muito o que dizer, a resenha esta otima e eu queria mesmo ler esse livro, mas não tenho grana, vo fica so na seca
    bjos LP
    http://quatroselos.blogspot.com.br/

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  11. Thais!
    Para quem como eu adora livros que falam sobre a mitologia Ascardiana, fiquei com vontade de ler, embora seja como um dejavú, já que em um dos filmes, Loki mostra seu lado cruel e como quer se vingar dos irmãos e do pai... Amo Thor e seu senso de humor.
    “Prefiro os erros do entusiasmo à indiferença da sabedoria.” (Anatole France)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de OUTUBRO com 3 livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!

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  12. Acredita que eu nunca li nenhum livro que envolvesse mitologia? Isso significa que eu preciso urgentemente começar, e adoraria começar por esse.
    Eu só vi Loki e Thor nos filmes da marvel, mas eles parecem ser ótimos personagens e adoraria ter uma visão diferente sobre eles. Adorei a dica.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

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  13. Oi!!
    Ainda não li esse livro mas parece que é uma premissa bem interessante!! Quero muito conhecer um pouco mais da história de Loki!!
    Beijoss

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  14. Interessante a Resenha pois não sabia que Loki foi um Deus nórdico que tornou-se o “Deus Trapaceiro". Este tipo de livro agrega conhecimento ao leitor, por isso achei bem interessante. E como sempre sua resenha está impecável.
    Abraços, 
    Gisela
    Ler para Divertir

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  15. Já conhecia o livro de nome, mas não sabia que era tão bem escrito e detalhado assim!
    Fiquei mais curiosa agora, deu pra ver que é bem chamativo, cheio de aventuras e curiosidades.
    A capa é bonita.
    bjs

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