08/10/2016

Resenha: A Torre Acima do Véu

Título: A Torre Acima do Véu
Autora: Roberta Spindler
Editora: Giz Editorial
ISBN: 9788578552312
Ano: 2015
Páginas: 288
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Sinopse:

Quando uma densa e venenosa névoa surge misteriosamente, pânico e morte tomam conta do planeta. Os poucos sobreviventes se refugiam no topo dos megaedifícios e arranha-céus das megalópoles.
Acuados, vivem uma nova era de privações e sob o ataque constante de seres assustadores, chamados apenas de sombras.
Suas vidas logo passaram a depender da proteção da Torre, aquela que controla os armamentos e a tecnologia que restaram.
Cinquenta anos se passam, na megacidade Rio-Aires, Beca vive do resgate de recursos há muito abandonados nos andares inferiores, junto com seu pai e seu irmão. A profissão, perigosa por natureza, torna-se ainda mais letal quando ela participa de uma negociação traiçoeira e se vê cada vez mais envolvida em perigos e segredos que ameaçam muito mais do que sua vida ou a de sua família.

Resenha:

Eu estou agradecendo aos céus por estar lendo livros que me tiraram de ressacas literárias e que estão estimulando-me mais a ler. É tão bom terminar um livro sabendo que foi uma das melhores leituras que teve ou que foi surpreendido pela qualidade da obra, além disso, fico muito orgulhosa quando essa obra é nacional! A Torre Acima do Véu ganhou-me por todos esses fatores citados. Os autores nacionais aos poucos vêm conquistando seu espaço e esse mês iremos falar novamente sobre a Literatura Nacional e sairá muitas resenhas nacionais que o Marcos e eu lemos.

Eu já fiquei interessada pelo livro por inúmeros motivos: por ser distopia, essa sinopse está muito convidativa, capa linda e título intrigante. Foi assim que escolhi essa leitura e quando percebi que era um livro nacional fiquei mais curiosa. Estava um tempinho sem ler nacional, mas já vou tratar de melhorar isso. Tenho um monte aqui em casa esperando-me para serem lidos; calma filhinhos, mamãe já vai lê-los.

Quero, primeiramente, elogiar o prólogo que me deixou completamente eufórica, desesperada, eletrizada e com uma curiosidade enorme para saber o que estava me aguardando e não via a hora de descobrir os mistérios que envolvia os personagens e essa névoa misteriosa. Eu amo quando os livros me ganham logo nas primeiras páginas, pois tenho a certeza de que não vou me arrepender da leitura.
“A névoa despertou os piores instintos humanos e viramos um povo ainda mais mesquinho e sem esperança. Os blocos que no passado pregaram serem a solução para o nosso futuro, desfizeram-se sem a mínima menção de resistência, como os fracos que realmente eram”.



Depois de 53 anos, a névoa misteriosa ainda persiste e aos poucos leva os poucos sobreviventes a morarem em megaedifícios, também conhecidos como M-E. Aparentemente, a névoa não alcança lugares muito altos e assim a sociedade foi dividida na Rio-Aires; vários edifícios abrigam agora inúmeras etnias e nacionalidades. A união e ordem que há entre eles é graças a Torre localizada no setor 1, comandada pelo líder Emir, que sucedeu o legado do lendário Faysal. É nesse cenário que a jovem Rebeca tenta sobreviver com seu pai e irmão Edu, fazendo entregas nos setores para conseguirem comida, suprimentos, armamento e cubo de luz para ter energia. 

Em uma dessas entregas, que aparentemente parecia exclusiva, dada pelo informante Rato, Beca estava encarregada de recuperar um cubo de luz, uma missão um tanto arriscada, pois seria nos limites entre a Nova Superfície e a névoa. Um destino pior que a morte é tornar-se um sombra, que é uma pessoa infectada pela névoa e transformou-se em um ser irracional e violento. Os animais não escaparam dessa também, transformando-se em los perros e aves espiãs. Os desafios são vários, mas a heroína tem uma vantagem: é uma saltadora. Se o véu trouxe destruição e mortes, por outro lado abençoou algumas crianças com habilidades especiais, essas logo foram classificadas como Alterados.


Após o fracasso da tentativa de recuperar o cubo, que quase comprometeu a confiança de Lion, pai da Beca, com Emir, eles receberam uma missão que deveria ser executada imediatamente. Eles entenderam como uma punição, mas trataram de executá-la ao recrutar novos membros. Porém, algo terrível acontece e as consequências são desastrosas.

No início, estava com raiva do Rato, por ser um mentiroso e ter uma lábia que o deixava mais convencido do que já era. O que aconteceu com a Beca era culpa dele e a repulsa que ela sentia por ele era enorme, mas ele não desistiria dela tão fácil, até gostava de provocá-la e, nessas partes, eu tive que rir; os diálogos entre esses dois são os melhores, não vou negar. Contudo, parece que o destino queria brincar com esses dois, pois teriam que descer até o véu para realizar uma tarefa com a ajuda da Torre e dessa vez teriam que conseguir ajuda de outros setores que não são bem adeptos das normas de Emir.



E assim, conhecemos Bug, uma Teleportadora bem louca e divertida, e Gonzalo, um Falcão bem destemido e ousado, e o outro membro do grupo é Idris, um especialista de sombras que acompanhará o grupo por ordem do líder da Torre. Podem imaginar que conflitos entre eles serão parte das dificuldades que enfrentarão. Um grupo que aparentemente parece improvável, mas que aos poucos conseguem aguentar suas diferenças e cumprir a missão que receberam e, além disso, o inimigo deles são unicamente os sombras.
“– Vejam onde estamos, vejam o que a névoa já causou. Acho que vocês esqueceram quem são os verdadeiros inimigos aqui. Devemos lutar contra os sombras e não contra nós mesmos – havia um ódio enraizado em cada palavra que pronunciava. – O mundo já era injusto muito antes de nascermos e do véu. Ele não mudará agora que estamos nadando em mierda, acreditem”.

A adrenalina e ameaça constante do perigo deixaram a leitura mais urgente; teve momentos que não conseguia parar de ler para nada, esquecia até de respirar nos momentos de tensão e risco. Esse grupo deu-me fortes desesperos; houve inúmeras cenas nas quais ficava torcendo para o inevitável não acontecer, mesmo sabendo que não adiantaria nada. O ambiente também somou para despertar esses surtos e aflições: consegui imaginar com facilidade como era a vida debaixo do véu; fiquei intrigada e abalada com o poder que uma simples névoa tem. Não apenas a destruição e morte abalam os personagens, mas é como as pessoas tem sobrevivido, com tantas doenças, fome e perigos dos sombras. E um cenário de tristeza e desolação. A Roberta conseguiu descrever muito bem os detalhes da situação, parecia que eu estava realmente vivendo nesse novo mundo.

Rato começou a mostrar-se, posteriormente, uma pessoa que não imaginava; desconfiava que todo o sarcasmo que carregava não fosse à toa, muitos segredos cercam-no, e nem todas as mentiras são propositais. No fundo, algumas delas escondem uma verdade devastadora. Fui encontrando debaixo daquela máscara um homem corajoso, gentil, justo e inesperadamente leal. E Beca também pareceu perceber, seu orgulho parecia está sendo ferido tendo que admitir essas mudanças e ignorar os sentimentos que se afloraram.



“ Uma pilha de esqueletos humanos que se erguia bem no centro do lugar. Ossos enegrecidos como se tivessem sido queimados, crânios com as bocas abertas e tortas, gritando silenciosamente por toda eternidade”.

A descida até o véu não foi apenas uma missão, aos poucos o grupo vai descobrindo os segredos, as mentiras que acreditavam e a verdade sendo revelada, afinal, como a névoa surgiu? Alguém a criou? Por que algumas pessoas se tornam sombras e outras morrem? Existe alguma esperança em meio ao caos? E assim, essas perguntas começam a ser respondidas, algumas da pior maneira, e outras de formas abrasadoras. Confesso que nunca imaginaria certas revelações e fiquei bastante boquiaberta, sem reação e até um pouco enojada. Foram surpresas que impulsionaram ainda mais a leitura e eu não queria terminá-la tão rápido. Eita triste dilema que enfrentamos!
“No momento em que a humanidade se deu conta de que a névoa significava o fim, de que ela continuaria matando pessoas e causando o caos, a questão que tanto maltratava bilhões de almas era: Por quê? Por que o mundo estava acabando? Por que famílias se desfaziam, cidades desmoronavam e corpos se amontoavam no chão? Muitos tentaram responder, mas não houve tempo. A origem do véu, seu propósito, acabou desconhecido”.

Fui criando laços com os personagens e surtando com seus destinos, alguns sofreram lutando, fazendo o que gostavam ou defendendo quem amavam, mas nunca deixaram de combater o mal e nem de defender seus ideais. Confesso que, depois do Rato e Beca, fiquei apegada a Bug; adorei o jeito louco e sem limites dela. O engraçado, é que fui percebendo que cada um ali tinha um papel a desempenhar, muito mais do que só enfrentar a neblina mortal, ensinavam a ter fé, esperança e a nunca desistir. Além disso, ficou tangível e verdadeiramente belo a forte relação e conexão entre Lion, Beca e Edu, o significado de família com esses três é admirável e nobre.


“No fim, compreendeu que para sobreviver naquele mundo o orgulho deveria ser engolido, suprimido pelo instinto de preservação. No entanto, aquilo não significava que se deixar dominar era tarefa fácil”.

Tenho que destacar que adorei a mistura entre o português e espanhol, muitas cenas ficaram engraçadas por essa junção. Nunca pensei que xingar em espanhol seria tão divertido e expressaria até melhor a raiva e decepção em alguns momentos; esse foi um dos diferenciais do livro que adorei. Não tenho do que reclamar, não consegui achar uma falha, a não ser que eu preciso desesperadamente da continuação, porque o final foi arrepiante.

A Giz Editorial está de parabéns, a capa do Rafael Victor ficou fenomenal, estou realmente sem palavras; a revisão da Sandra Garcia Cortez ficou ótima, achei um erro ou outro de digitação, mas nada que atrapalhe a leitura, as ilustrações do Fabio Nahon e André Ciderfão ficaram belíssimas e incríveis. O livro é um prato cheio, além de ser lindo, com uma diagramação caprichada carrega uma história que irá agradar e enlouquecer os leitores.

Se você gosta de mundos distópicos, não pode perder a oportunidade de conhecer o véu mortal que tanto devasta as pessoas e esteja preparado para o maior acontecimento: encantar-se com a leitura.


Comentários
13 Comentários

13 comentários:

  1. Oi Thaís, sua linda tudo bem?
    OMG!!!Que história eletrizante!!! Eu adoro distopias, mas geralmente os enredos são muito parecidos. Esse é bem diferente e ao ver suas emoções, seu envolvimento com os personagens, seu sofrimento com as missões, não tem como não surtar por esse livro, risos... Essa é uma editora que não vejo sendo muito divulgada, vou clocar o livro na topo dos meus desejados. Adorei sua resenha!!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  2. É gratificante demais entrar num blog e ver uma resenha deste nível de um livro nosso, daqui!rs
    Isso faz um bem pra alma enorme! E eu fiquei encantada com a capa. Que maravilha!E a mistura dos personagens, suas histórias, suas vidas..ali...misturados a algo que foge do compreender!
    Lerei com certeza!
    Beijo

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  3. Olá, Thais.
    Diferente de você, não gostei dessa capa tanto assim hehe. Já tinha visto esse livro por ai e como amo uma boa distopia, é claro que ele me interessa. Mas como não é livro único não vou ler tão já. Odeio ficar esperando e em alguns casos nunca mais publicam os outros e a gente fica sem saber o fim da história.

    Blog Prefácio

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  4. Eu ainda não li uma resenha negativa sobre "A torre acima do véu", estou há muito tempo interessada nesse livro e também um pouco arrependida de não ter comprado ele há mais tempo. Sua resenha ficou linda, um convite muitoooo convincente de uma pessoa que gostou muito do livro. Gosto de resenhas assim com sentimentos. Ah, também trato meus livros como meus bebês!

    Pandora
    O que tem na nossa estante

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  5. Resenhão perfeitão!!

    Adorei!!! Livro indo pra lista de desejados agora mesmo. Não imaginava outra opinião sobre ele. A Roberta é uma fofa!

    Bjks

    Lelê

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  6. Thaís!
    Tão bom quando podemos ler bons livros da literatura nacional e ainda mais sair da ressaca literária.
    Gostei muito da sua resenha detalhada e ainda mais por ser uma distopia.
    “Conhecimento sem transformação não é sabedoria.” (Paulo Coelho)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de OUTUBRO com 3 livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!

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  7. Oi Thaís!

    Como eu sinto falta dos livros da Giz! São tão lindos neh? rsrsrsrs
    Não conhecia este livro mas claro que a curiosidade já bateu aqui! Distopia? AMOOO demais!
    Adorei sua resenha e vou adicioná-lo na minha lista de desejados!

    Bjo bjo^^

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  8. Oii Thaís, tudo bem?
    Eu também adoro essa capa :) E curto muito distopias, então claro que o livro já me atraiu e eu fiquei curiosa para saber mais sobre esse véu :) Mas como não é um livro único, não pretendo ler em breve. Prefiro ler séries e trilogias quando já estão completas, caso contrário fico muito agoniada esperando a continuação hahahhaha
    Beijoooos
    https://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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  9. Oii Thaís! Adoreii esse livro, sua resenha tbm me convenceu á ler essa história pra lá de boa!!
    Já tinha ouvido fla mas nunca tinha lido nenhuma resenha da obra, já qro né!
    Bjs

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  10. Que ótimo que você está tendo boas leituras e que está te incentivando a sair da ressaca literária! Esse livro tem tudo pra ser bom mesmo, uma história bem diferente e cheia de ação, gostei demais de saber um pouco mais sobre o enredo, principalmente por eu ter ficado curiosa. Espero poder conhecer muito em breve.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

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  11. Oi, Thais!!
    Que resenha mais legal!! Gostei muito de conhecer um pouco mais sobre esse livro!! Espero ter a oportunidade de ler esse livro.
    Beijoss

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  12. Oi Thaís
    Eu gosto muito de distopias e ao ler sua resenha já fiquei sem ar, imagine lendo o livro! Achei todos os aspectos fantásticos e acho que vai pintar um romance entre o Rato e a Beca. Também estou curiosa para ver esta mistura de línguas. E o livro sendo nacional é melhor ainda.
    abraços
    Gisela
    www.lerparadivertir.com

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  13. Eu to lendo muito distopias ultimamente e essa me pareceu sensacional!
    Bem escrita e original, gostei muito e já fiquei com vontade de ler agora!
    Ainda mais por ser nacional, dá aquela up na gente, rs
    bjs

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