28/11/2016

Resenha: Boo

Título: Boo
Autor: Neil Smith
Editora: Fábrica 231
ISBN: 9788568432822
Ano: 2016
Páginas: 336
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Sinopse

Oliver Dalrymple é o típico “looser” americano: aos 13 anos, magro e pálido como um fantasma, está mais interessado em biologia e química do que em esportes e vida social. Um dia, enquanto se recupera de um dos frequentes episódios de bullying de que é vítima recitando a tabela periódica em frente a seu armário, ele desfalece para sempre. E é aí que sua verdadeira vida começa. O “céu” onde Oliver acorda depois do que acredita ter sido uma parada cardíaca em função de um problema congênito chama-se Cidade e é povoado por pessoas que morreram aos 13 anos, como ele e seu colega de escola Johnny Henzel, que chega dias depois de Boo à Cidade, trazendo notícias perturbadoras sobre a causa da morte deles. Notícias que mudam para sempre a percepção de Oliver Boo sobre sua personalidade e seu lugar no mundo. Elogiado pela crítica e adorado pelos leitores,' Boo” é um romance cativante sobre amizade, confiança, bullying e a difícil tarefa de ser adolescente.

Resenha:

Não esperava gostar tanto desse livro, Boo é uma história que você sente o verdadeiro impacto depois de fechar a obra e absorver tudo que leu. Com toda certeza, foi uma das melhores leituras que tive esse ano. Confira abaixo o que achei.

Oliver Dalrymple, ou simplesmente Boo, como todos o chamam depois que herdou esse apelido dos seus agressores e causadores do bullying que sofre diariamente – e acaba que em todo o livro todos o chamam assim – é um garoto que tenta sobreviver à adolescência e aos seus apenas treze anos, mas quem disse que está sendo fácil para Boo? Ele é típico looser e nerd que acaba não tendo uma vida social e amigos, sua vida é dedicada à ciência e nada mais. Nunca sentiu aquele desejo de ser rebelde, de saber sobre garotas, nem de querer sair e curtir o que essa idade proporciona. A única coisa que ele pode dizer que faz bem feito é resistir às pancadas que leva mantendo-se calmo e ignorando o que sofre.

Porém, esses dias de tortura chegam ao fim quando descobre que morreu de uma forma estranha. Uma hora estava finalizando de recitar os elementos da tabela periódica e no outro sente uma escuridão repentina e acorda na enfermaria de um lugar chamado Cidade. Por lá, conhece Thelma Rudd, uma menina da mesma idade, porém mais velha pelos anos que já passou no lugar.

Boo não sabe muito bem como morreu, acredita que foi por causa do seu coração furado que, ao sentir a alegria de finalmente conseguir recitar a tabela periódica, entrou em uma parada cardíaca. Contudo, quando Johnny Henzel, um aluno de sua mesma escola, aparece na Cidade e traz revelações perturbadoras sobre sua morte e de Boo, novas informações que o garoto não suspeitava, mas que parecem estranhas para ele. Será que realmente morreu da forma que Johnny descreveu? Infelizmente, sua mente tem alguns espaços vazios sobre sua morte e não pode afirmar muito bem sobre.

Então, os garotos partem em busca de provas que possam comprovar a teoria de Johnny, mas não sozinhos, recebem a ajuda de Thelma e de Esther, uma anã bem esquentada e improvável candidata para ser uma alma caridosa – são pessoas que ajudam os novatos e mantém a ordem do lugar. Dessa forma, o quarteto vasculha pela Cidade informações que podem ser úteis para desvendar esse mistério e esperam que Zig o ajudem.



Ao mesmo tempo que estão procurando essas provas, conhecem um pouco da Cidade e seus habitantes: Como são às regras? O que acontece com as pessoas que morrem ali? Como se alimentam? ZIg fala com eles? Eles têm contato com pessoas de outra idade? Em meio a essas curiosidades, Boo conhece o Curious, uma espécie de museu que guarda objetos incomuns que Zig lhes enviou por algum engano ou um propósito que desconhecem. Como um inveterado curioso, fica rapidamente fascinado pelo lugar e acaba conhecendo o curador do lugar Peter Peter, um menino velho.

Boo aprenderá muitas coisas sobre a Cidade e as pessoas que habitam ali; é quase parecido com uma cidade de verdade, mas com algumas exceções: nesse lugar não existe doença ou outros males; pessoas que eram surdas, cegas, mudas, com alergia e outros foram curados, o “céu” é totalmente diferente do que podemos imaginar, existem pessoas ateístas, católicas e outras religiões. Acaba sendo um pouco divertido ver as metáforas e suposições que tem do lugar, como chamam Deus de Zig, como alguns se comportam e amadurecem mesmo tendo aparência física de alguém com 13 anos.
“– Por que você sempre pensa o pior das pessoas? – Porque as pessoas são o pior –Esther diz.”

Boo e Johnny começam a ter uma amizade que nunca conseguiram ter na Terra; antes cada um seguia seu caminho e não se falavam muito. Lemos alguns episódios dos dois quando tinham momentos juntos, entretanto, seus mundos eram diferentes: Boo era uma sombra e invisível para outras pessoas enquanto Johnny era popular, admirado por muitos e um grande atleta. Dois garotos completamente diferentes, mas que parecem ter uma conexão inexplicável.

Qual o preço de uma amizade? Até onde alguém é confiável? As pessoas podem mudar e deixar de ser quem eram no pós-morte? Podem arrepender de suas ações impensáveis? São essas questões que são feitas no livro e que refleti bastante. Será que Zig apagava algumas memórias para aliviar a dor das pessoas ou para elas terem uma segunda chance?


“Quando terminam, Tim diz a Tom:– Você demonstraria compaixão por mim, se eu matasse você?Tom responde:– Ficou maluco? Nem pensar!”

Encontraremos muitos personagens engraçados como os gêmeos Tim e Tom. Esses dois são hilários demais; além de questionadores, ficam completando os pensamentos e falas um do outro de uma forma bastante divertida. Há também o Czar que participou de cenas engraçadas e soltou frases cômicas e Ringo que mostra ser divertido com o tempo. Ainda temos a Esther; o que essa garota não tem de tamanho, ela tem de petulância e ousadia, uma personagem que você consegue imaginar com facilidade se tem um amigo assim ou é essa pessoa.
“– Os 13 anos foram a idade mais perigosa da minha vida, filho”.
Contado na visão de Boo e em forma de um livro dedicado a seus pais, o autor fala sobre a dura realidade do Bullying, como ele pode afetar de uma forma horrível a vida de alguém. Sentia-me impotente, com raiva e tristeza nessas partes no livro. Como é possível alguém sentir prazer em praticar essas maldades? Acho que a maioria de nós já sofreu bullying em uma certa idade. Ser adolescente talvez seja uma das etapas mais difíceis da vida, é quando começamos a nos descobrir, quando somos mais pressionados seja pra escolher a profissional que queremos, o que devemos querer da nossa vida, ganhamos responsabilidades, aprendemos a amadurecer, muitas vezes de uma forma dolorosa, aprendemos a ser independentes. Foi mais ou menos na idade de Boo que comecei a perceber a crueldade das pessoas, a gostar mais de mim e a me valorizar e ainda assim continuo aprendendo e levando as rasteiras da vida. Mas a vida é assim,  não é mesmo? Como diz a frase ‘ Há males que vêm para o bem”.
“– Você é um sinal – Johnny diz.– Do quê?– De vida – ele diz. – A vida a que eu devo me agarrar.”


Terminei a história com um aperto no peito e com os olhos transbordando de lágrimas. É uma história que você só consegue sentir sua profundidade no final, depois de levar um balde de água fria na cabeça, quando termina de ler sentindo que deixou um pouco da sua essência no livro. Boo é muito mais que uma história sobre bullying e o pós-morte, é sobre a importância de uma amizade, de saber que não está sozinho nesse mundo, aprender a se amar e dar valor a vida que tem, sobre amadurecimento, compaixão, empatia, escolhas que temos e não sabemos que possuímos, sobre o poder da tristeza e tantas outras mensagens profundas e silenciosas que cada leitor deve absorver de uma forma diferente. É uma história intensa, misteriosa e imprevisível.  Talvez tenhamos um amigo como Boo do nosso lado e nem percebemos, alguém que só queria ser notado.
“Vocês não querem me deixar ir. Em todo caso, alguma vez deixamos realmente que alguém se vá? Mesmo aqueles que já não estão conosco, continuam conosco.”

A capa do livro é linda demais e a Rocco a manteve, adicionando alguns detalhes que não tiraram a beleza do livro, ademais, o formato da capa é genial e incrível; só pegando o livro para perceber. A tradução da Elisa Nazarian ficou impecável, a revisão e diagramação estão ótimas.

Boo é uma história que vai fazer você rir, refletir e chorar no final; sem dúvidas, fará você abraçar esse livro pela sua profundidade e beleza escondida entre as páginas.


Comentários
15 Comentários

15 comentários:

  1. Como não conhecia o livro, confesso que estou aqui, parada em frente o pc e de queixo caído. Como não sabia desse livro antes?
    Numa era onde estamos vivendo isso de bullying diariamente, é difícil entender como os antigos viviam. Já que para mim, é algo que sempre existiu..só não era "falado".
    Um menino tão novinho e com uma carga tão grande nos ombros.
    Preciso do livro para ontem!
    A capa é outro show. Apaixonada por capas simples assim!rs
    Beijo

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    1. Ola! Tudo bem?
      Siim, esse livro precisa ser mais divulgado e é uma história linda demais e emocionante que deixa o leitor apegado a história e emocionado. Espero que possa ler algum dia.

      Beijos e obrigada pelo comentário <3

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  2. Oi Thais!

    Gostei muito da capa. Bem diferente e chamativa. Tbm adorei tua resenha, mesmo não gostando muito de livros adolescentes, esse me chamou a atenção pelos pontos simples abordados, mas importantes para qualquer pessoa.

    Espero gostar tanto qto vc qdo tiver a oportunidade de lê-lo!

    Bjo bjo^^

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  3. Oi! Não conhecia, adorei a história, enredo parece bom tbm, vou anotar pra ler em breve.
    Bjs!

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  4. Oi Thais!
    Não conhecia o livro, e sinceramente ele iria passar meio que despercebido por mim se eu não tivesse lido sua resenha. Agora eu já quero ler e, conhecer mais a história de Boo e dos demais!

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  5. Nunca nem tinha ouvido falar desse livro, e pra ser sincera ele não teria me chamado a atenção... Até agora. Uma história sobre morte e amizade, parece ser realmente profunda com lições valiosas. Gostei demais.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

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    1. a trama é diferenciada, tanto por tratar da vida e da morte com essa fluidez como também pelo suspense me busca desse atirador
      http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  6. Nossa, Thaís, achei esse livro bem tocante!
    Não só pelo bullying, mas por conseguir abordar uma realidade pós-morte e uma entidade (?) sem soar religioso demais ou de menos, e acima de tudo isso não deixar de ser tocante. Fiquei bem curiosa sobre a morte dele, e claro que quero ler!

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  7. Embora esteja um pouco cansada dessas tramas adolescentes emocionantes (no momento estou lendo Por Lugares Incríveis e embora esteja gostando sinto preguiça de ler, pela história não me apresentar nada novo e assim não me prender) acho elas bem válidas por abordarem temas que os adolescentes vivem e que ninguém entende, é válido para a faixa etária deles. Confesso que não achei nada de extraordinário na premissa, acho que até desconfio de como ele morreu e achei a trama bem surreal (não que isso seja defeito). Tenho certeza que se lesse este livro choraria com o final assim como você, mas como disse, mesmo gostando dessas histórias, enjoei delas. Amei sua resenha, mas no momento não me interesso pelo livro. Amei a capa também...rs...
    Abraço!
    A Arte de Escrever

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  8. Olá.
    Apesar de tratar de um tema importante, não sei se irei ler a obra. Não é um estilo de leitura que eu goste. Mas imagino que tenha uma mensagem bem verdadeira e desejo uma ótima leitura a quem for se aventurar.
    Resenha muito bem detalhada. Obrigada.
    Beijos.

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  9. Gosto muito de livros sobre bullying e demais preconceitos e achei esse bem diferente, com esse toque fantástico.
    Fiquei muito curiosa e com vontade de conhecer a fundo a história de Boo.
    bjss

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  10. Oi Thaís, sou dessas que acredita que de vez em quando precisamos de livros assim. Acredito que esse veio na hora certa. Gostei e acho que vale a pena ler.
    Beijos
    Quanto Mais Livros Melhor

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  11. Oi, essa é a primeira vez que ouço falar do livro, e ele parece ser muito bom, acho importante termos livros que tratem sobre o bullying, irei adicionar o livro a minha lista de desejo.
    Beijos *-*

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  12. Por Zeus, como nunca havia ouvido falar deste livro? Parece ser ótimo!
    Entrou para a lista de desejados. Ótima resenha ^^


    Minha Fuga da Realidade 💙💜

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  13. Oi Thaís
    Achei bem criativa a abordagem do bullying utilizada pelo autor. De cara já fiquei curiosa para descobrir como o Boo morreu e como sua morte está relacionada com a do outro jovem. Além disso saber que o livro emociona é um atrativo a mais. Gostei da indicação.
    abraços
    Gisela
    www.lerparadivertir.com a

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