11/12/2016

Resenha: Androides sonham com ovelhas elétricas?

Livro: Androides sonham com ovelhas elétricas?
Autor: Philip K. Dick
Editora: Aleph
ISBN: 9788576571605
Ano: 2014
Páginas: 272
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Sinopse:

O livro que deu origem ao filme Blade Runner. Rick Deckard é um caçador de recompensas. Ao contrário da maioria da população que sobreviveu à guerra atômica, não emigrou para as colônias interplanetárias após a devastação da Terra, permanecendo numa San Francisco decadente, coberta pela poeira radioativa que dizimou inúmeras espécies de animais e plantas. Na tentativa de trazer algum alento e sentido à sua existência, Deckard busca melhorar seu padrão de vida até que finalmente consiga substituir sua ovelha de estimação elétrica por um animal verdadeiro; um sonho de consumo que vai além de sua condição financeira. Um novo trabalho parece ser o ponto de virada para Rick - perseguir seis androides fugitivos e aposentá-los. Mas suas convicções podem mudar quando percebe que a linha que separa o real do fabricado não é mais tão nítida como ele acreditava. Em 'Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?' Philip K. Dick cria uma atmosfera sombria e perturbadora para contar uma história impressionante, e, claro, abordar questões filosóficas profundas sobre a natureza da vida, da religião, da tecnologia e da própria condição humana.

Resenha:

Androides sonham com ovelhas elétricas? é um livro que eu gostaria de ter lido durante a faculdade, pois geraria excelentes trabalhos. Infelizmente, nenhum dos meus professores mencionou essa obra. Porém, tive a felicidade de conhecê-la através da editora Aleph e só digo uma coisa: você necessita ler este livro.

Não farei um breve resumo da obra, pois a sinopse elaborada pela editora está muito completa. Qualquer informação que eu venha a passar nada mais será que repetição do que já foi dito. Desta forma, vou focar apenas em analisar o livro. E afirmo-lhe, com toda segurança, você vai se apaixonar.


Philip K. Dick já consegue chamar a atenção para a sua obra com um nome no mínimo incomum. Porém, não apenas o nome do livro é inovador, mas também seu enredo. Em uma mistura de distopia e ficção científica, o autor narra a vida de Rick Deckard, um caçador de androides, após a grande guerra mundial.
“– Se você escolher – disse Iran, agora de olhos abertos e atentos – ficar mais agressivo, vou fazer a mesma coisa. Vou regular isso no máximo e você vai ter uma discussão que fará cada briguinha que tivemos até agora parecer coisa de criança. Vai, escolhe isso para ver; tenta. – Ela se levantou rapidamente, saltando sobre o console de seu próprio sintetizador de ânimo e parou, encarando-o, esperando” (p. 16).
A maior parte da população foi extinta; do restante, a grande maioria foi viver em acampamentos em planetas próximos. Os que ficaram na Terra batalham diariamente pela vida, seja pela terra infértil, seja pela poeira tóxica que paira no ar e deforma a muitos.

Neste cenário, onde boa parte dos animais já morreu, reina a desolação, a destruição e o sentimento de solidão. Com poucas pessoas por perto e com algumas idiotizadas por causa da radiação, os humanos procuram ter animais para alegrar seus dias. Porém, animais se tornaram artigos raros e alguns custam mais de dezenas de dólares.


Para apaziguar a sua solidão, Rick recorre a um animal elétrico. Parece algo surreal, mas é exatamente isso que o autor quer abordar. Diante desse cenário, ele faz uma análise profunda de como os humanos necessitam um dos outros para que sobrevivam. Quanto mais sozinho o homem se torna, mais doente mentalmente ele fica.
“O Nexus-6 realmente tinha 2 trilhões de componentes, além da faculdade de escolher entre dez milhões de combinações possíveis em sua atividade cerebral. Em 45 centésimos de segundo, um androide equipado com uma estrutura cerebral dessas poderia assumir qualquer uma das quatorze reações e posturas básicas. Bom, nenhum teste de inteligência pegaria um andy desses” (p. 40).
Para suprir suas necessidades emocionais, cria-se um sintetizador de ânimo, onde, através de ondas enviadas diretamente para o seu cérebro, você pode escolher seu humor. As pessoas, sem motivos para serem felizes, se tornam alegres artificialmente.

A sociedade, no livro, também criou androides com o objetivo de terem servos e também companheiros. Os androides são imitações perfeitas humanas, chegando a ser impossível descobrir quem é um robô ou um humano. A única diferença entre o orgânico e o sintético é que o último não consegue expressar empatia, uma característica tipicamente humana.


Outra característica interessante é que muitos androides possuem memórias falsas, chegando a pensar que são humanos. Por sua vez, o nosso próprio protagonista chega a uma confusão mental tão grande que começamos a nos questionar se ele é realmente um humano ou um androide iludido.
“Um farmacêutico em Marte, ele leu. Ou pelo menos o androide tinha usado essa fachada. Na verdade, ele deveria ter sido um operário, um trabalhador rural, com aspirações a algo melhor. Androides sonham?, Rick se perguntou. Evidentemente; é por isso que de vez em quando eles matam seus patrões e fogem para cá. Uma vida melhor, sem servidão” (p. 177).
Dick constrói um livro baseado no ser ou não ser. Há uma dicotomia constante entre o animal verdadeiro e o elétrico, o homem e o androide, a felicidade verdadeira e a induzida. O verdadeiro e o falso se misturam de tal maneira que, muitas vezes, é impossível distinguir o que é verdadeiro e o que é falso.

Não obstante a profundidade da obra, a escrita é totalmente fluída e o mistério permeia muitas partes dela, tornando a leitura rápida e contagiante. A cada página lida você quer ler mais dez, em um ritmo alucinante. A diagramação que é bem confortável também ajuda na velocidade da leitura da obra.


Não preciso nem dizer, depois dessa enorme e apaixonada resenha, que o livro se tornou um dos meus favoritos. Certamente vou reler a obra algumas vezes ainda, indicarei para meus alunos, amigos e claro, para vocês. Quem gosta de distopia vai amar o livro; quem gosta de ficção científica vai adorar. Sem dúvida, esse é o livro que falta na sua estante.



Comentários
15 Comentários

15 comentários:

  1. Mesmo não sendo tão fã de ficção científica(eu me perco demais), eu amei tudo que li acima. Isso de junta distopia à ficção é coisa que poucos autores se arriscaram. Talvez pela complexidade do assunto.
    Mas quando um autor consegue isso, olha só a beleza da obra!
    O título é super inovador, a capa mesmo simples, linda.
    E se tiver oportunidade, lerei com certeza!!
    Beijo

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  2. Devo admitir qur pelo nome eu já fiquei super curiosa e a história ajudou bastante, muito bom.♥
    Art of life and books

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  3. Marcos!
    As vezes me pergunto porque livros tão bons não são tão propalados nas escolas, faculdades e até mesmo nesse nosso meio literário.
    O livro parece realmente uma ficção distópica muito bem elaborada e o título é bem intrigante.
    Vou procurar para ler.
    “O verdadeiro sentido do Natal não está nos presentes e nem no papai noel, mas sim no nascimento de Jesus Cristo, que veio ao mundo para nos libertar do pecado e ser o nosso único salvador!” (Andréia Godoi)
    Boas Festas!
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de DEZEMBRO ESPECIAL livros + BRINDES e 4 ganhadores, participem!

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  4. Eu vi o filme inspirado nesse livro na faculdade, por isso trouxe ele para minha estante, mas quem disse que consegui ler ele, como havia planejado, em 2016! O ano acaba e o livro está la esperando para ser lido! #LágrimasDeSangue

    E olha depois da sua resenha... Começa a repensar e achar que ainda da tempo para ler em 2016!

    #DoQueEuLeio

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    Respostas
    1. Só voltei para dizer que estou lendo o livro! Obrigada, sua resenha me empurrou para ele, merece até coraçãozinho <3

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  5. Preciso ler mais livros de ficção científica se um dia eu quiser me aventurar e escrever o gênero, e esse pode ser uma boa opção. Nunca tinha ouvido falar, porém, reflexões nas entrelinhas são sempre bem vindas pra mim.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/
    Participe dos SORTEIOS de Natal que estão rolando lá no blog!

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  6. Oi Marcos, ficção científica sempre me agrada, estou intrigada quanto a escolha do título do livro. Bem interessante. Provavelmente vou ler.
    Beijos
    Quanto Mais Livros Melhor

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  7. Oi Marcos!

    Já havia lido sua resenha deste livro e claro, fiquei mega curiosa para também conferir a leitura.
    Gosto muito do gênero e o fato de ser diferente de tudo que já li, me deixa ainda mais curiosa para conhecê-lo.

    Parabéns pela resenha!
    Bjo bjo^^

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  8. Olá, Marcos. Tudo bem?

    Confesso que já havia ouvido falar sobre esse livro, uma amiga minha leu há pouco tempo e me recomendou. Eu gosto muito de sci-fi com essa pegada mais reflexiva e fiquei muito apaixonada por sua resenha. Com certeza lerei ano que vem, já está na minha lista de desejados.

    Bjin, Hel.

    leiturasegatices.blogspot.com.br

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  9. Oi Marcos!!
    Já ouvi muita coisa sobre este livro, tanto positivas como negativas, sendo uma das obras mais conhecidas do autor.
    Confesso que, apesar da maioria das obras do Dick não me chamar atenção, este livro tem muitas coisas que gosto,com toques futurísticos e a aqueles cenários apocalípticos kkkk
    Acho que este sim vale dar uma chance!
    Abraço.

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  10. Oi, Marcos!
    Gostei bastante da resenha. Fiquei super interessanta!! Achei o nome do livro bem diferente e criativo!
    Beijos

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  11. Olá.
    Faz um bom tempo que não leio nada desse gênero, mas tenho boas indicações na lista e esse será mais um. Gostei muito da premissa, parece ser uma leitura bem inteligente e que prende a atenção. O filme, eu adorei! Com certeza, o livro não será diferente.
    Resenha perfeita.
    Obrigada.
    Abraços.

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  12. Sua resenha está muito boa, mas lendo a sinopse e a resenha deste livro percebi que a história não faz muito meu estilo de leitura, então no momento não pretendo ler, quem sabe futuramente.

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  13. Marcos
    A frase "livro que deu origem ao filme Blade Runner" já me ganhou, nem precisava ter terminado de ler sua ótima resenha para me convercer a ler este livro. Pelo título realmente bem inusitado nunca iria fazer a conexão. Pela sua resenha percebo que este autor gosta de histórias que confundem os personagens e os leitures do que é real ou imaginario. Sei que você é fã do autor e eu como fã do filme vou juntar o útil ao agradável e comprá-lo para ontem.
    abraços
    Gisela
    www.lerparadivertir.com

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  14. Ai que raiva
    Marcos sempre me fazendo aumentar ainda mais minha lista de livros a ler hahaha
    Já coloquei esse e Valis na lista

    De fato, ele tem um nome bem incomum e instigante. No entanto, é a primeira resenha que leio e clarooooo que fiquei curiosa. Quero saber se é humano ou androide!

    Beijos,
    Kemmy - Duas Leitoras

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