08/12/2016

Resenha: Valis

Livro: Valis
Autor: Philip K. Dick
Editora: Aleph
ISBN: 9788576571773
Ano: 2014
Páginas: 312
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Sinopse:

A vida de Horselover Fat sempre foi repleta de paranoia e episódios depressivos. Apesar de tentar ajudar os amigos, nunca obteve muito sucesso. Presa de sentimentos confusos e pensamentos intrincados, ele ocasionalmente flertava com a ideia do suicídio. Mas tudo muda quando Fat (ou Phil, a distinção nem sempre é clara) é atingido por um intenso feixe de luz rosa. A partir de então, dá início a uma verdadeira jornada pessoal para entender o que aconteceu: se foi um momento de loucura ou se, de fato, uma entidade divina se revelou para mostrar-lhe a verdadeira natureza do mundo. Transitando entre a mística religiosa, o gnosticismo e a tecnologia extraterrestre, Fat sai em busca de um messias reencarnado que já teria passado pela Terra e acaba percebendo que as fronteiras da realidade começam a ficar cada vez mais difusas. Um dos últimos livros escritos por Philip K. Dick, Valis espelha o conjunto de experiências e ideais teológicos do autor. Sua narrativa quase autobiográfica, repleta de digressões filosóficas e religiosas, é leitura absolutamente essencial para compreender a visão de mundo de um dos mais geniais escritores de ficção do século 20.

Resenha:

Valis é o terceiro livro que leio do Philip K. Dick e, confesso, já me rendi ao talento do autor. Nesta obra, temos uma premissa única: um louco narrando sua experiência religiosa em terceira pessoa, porque, de certa forma, ele não acredita que ele é ele mesmo. Complexo? Talvez um pouco. Porém, o livro é loucamente genial.

O nosso narrador é Phil, alter ego de Horselover Fat (Ou seria o contrário?). Ele, ou eles, como preferir, é o que chamamos de um louco de pedra. Com algumas passagens médicas por suspeita de falta de equilíbrio mental e uma vida cheia de paranoias, Fat entra em depressão e tenta o suicídio. Mas tudo muda em sua vida quando uma luz rosa, disparada do nada, o atinge e ele acredita ter recebido uma revelação divina.


Desse dia em diante, Fat esquece a sua loucura – ou a potencializa, vai depender do ponto de vista – e resolve ir em busca de sua revelação religiosa. Ele começa a escrever uma exegese e a discutir constantemente com seus amigos as suas teorias mirabolantes. Porém, Fat nem imagina que ainda existe muitas coisas a serem descobertas.
“Então ele percebeu que ela não estava pedindo socorro. Estava tentando morrer. Ela era completamente louca. Se fosse sã, perceberia que era necessário ocultar seu objetivo, porque assim ela tornaria Fat cúmplice” (p. 10).
Como dá para perceber pela premissa, Valis é realmente um livro doido. Porém, é toda essa loucura no enredo que o transforma em um clássico da ficção científica. Cheio de reflexões filosóficas e até mesmo teológicas, percebemos que a mesma moeda – Deus – pode ter mais de uma faceta.

Isso só é possível através da narração incrivelmente bem feita de Dick. Phil ou Fat, como vocês preferirem, nos carrega para dentro de sua loucura e nos ganha pela experiência. Em alguns momentos, nós desejamos que todas as suas paranoias e crenças religiosas sejam verdadeiras e que ele encontre, pelo menos uma vez na vida, sua felicidade.


Outro ponto que merece elogios é a construção dos personagens, com destaque para Kevin. De um jeito cínico, incrédulo e até mesmo meio psicótico, ele nos ganha de maneira única. Seu principal prazer é contrariar Fat e deixá-lo com ainda mais cara de maluco.
“A maioria dos comportamentos insanos pode ser identificada com o bizarro e teatral. Você coloca uma panela na cabeça e enrola uma toalha na cintura, se pinta de roxo e sai por aí” (p. 11).
Kevin é o oposto de Fat. Ele não acredita na revelação através do enigmático raio rosa e ainda afirma que mesmo que isso seja verdade e o tal Deus de Fat exista, Ele terá que explicar porque o seu gato, que era bom, morreu injustamente. Sim, Kevin acredita que seu gato morto prova que deuses não existem. Isso é apenas o começo da viagem dos personagens.

Se todo o enredo é muito bom, a Aleph não fica atrás. Em uma edição única no mundo, a editora constrói uma capa tão louca quanto o protagonista, revisão e tradução excelentes e, para animar qualquer fã, um quadrinho no fim da obra mostrando a tal experiência religiosa de Fat.


Por tudo isso e muito mais, eu recomendo a obra de olhos fechados. Só não se espantem, de início, com as loucuras e devaneios de Fat. Vale a pena ir até o fim do livro. Ele vai entrar na lista dos seus favoritos.
“Para Sherri, o mundo se dividia em preguiçosos, maníacos, viciados, homossexuais e amigos que apunhalam você pelas costas. Ela também não via muita utilidade para mexicanos e negros. Fat costumava estranhar a falta total de caridade cristã de Sherri, no sentido emocional” (p. 110).




Comentários
17 Comentários

17 comentários:

  1. Puxa..e olhando somente a capa não dava pra imaginar que o livro seria tudo isso.
    Mesmo com essa pegada de religião, fé...(que eu não curto demais em livros assim), gostei muito do que li acima. A imaginação, a mente humana é algo que me fascina. Até que ponto sabemos onde podemos ir?
    Nunca saberemos.
    E isso de confundir o leitor entre o que é real ou não, é outro ponto muito bacana e eu gosto muito!!
    Vai para a lista de desejados.
    Beijo

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  2. Oi Marcos!

    Nunca li nada parecido com este livro e confesso, fiquei receosa. Mas... se vc indica, eu encaro! rsrsrsrsrs

    Gostei de saber que o protagonista é doidinho, posso até me familiarizar com ele! rsrsrsrs Vou colocá-lo na minha lista de desejados e espero gostar tanto quanto vc!

    Bjo bjo^^

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  3. Já quero. Adoro livro doido, rsrs.

    Gostei muuuuiiiito!!!

    Bjksss

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  4. Oi, Marcos
    Confesso que fiquei com dor de cabeça olhando pra essa capa hahhahaha
    Não conhecia o livro, mas não resisto a um livro doido. Anotada a dica.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe da promoção de seis anos de Caverna Literária
    Participe do Natal Literário
    Participe da promoção de três anos de Um Oceano de Histórias

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  5. Oi Marcos!!
    Nunca li um livro do Philip K. Dick, mas sinceramente nem tenho tanta vontade, ou pelo menos das obras que li sinopse nenhuma me deixou super entusiasmado.
    Provavelmente este não será o livro que me apresentará à escrita do autor, pois é bem confuso e não curto livros com algum ponto religioso e tals.
    Mesmo assim espero ler alguma obra dele em 2017!
    Abraço.

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  6. Realmente também nunca tinha visto e ouvido falar de nada parecido, e olha que estudo psicologia, e ainda não tinha visto um quadro maniaco tão louco, brincadeiras a parte. A premissa do livro e muito bacana, mas durante a leitura de sua resenha me peguei várias vezes confusa, imagina a leitura, porém confesso que senti bastante curiosa.

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  7. Olá, Marcos!
    Adorei a premissa do livro, parece ser bem louco mesmo, e gostei da capa do livro!!
    Beijos,
    https://teattimee.blogspot.com.br/

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  8. Marcos!
    Será que o protagonista é mesmo louco de pedra?
    O que mais gosto nos livros do gênero é justamente a dúvida em que ficamos, porque em algum ponto acabamos nos identificando com algumas atitudes do protagonista e será que nos consideramos loucos?
    Quero ler.
    “Desejo a você e a sua família um Natal de Luz! Abençoado e repleto de alegrias. Boas Festas!”
    (Priscilla Rodighiero)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de DEZEMBRO ESPECIAL livros + BRINDES e 4 ganhadores, participem!

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  9. Oi Marcos!
    Eu também já li 3 livros do Philip K. Dick, mas Valis nao foi um deles.
    Que premissa doida (como todas as premissas do autor, né?)! Mas tem tudo para ser genial.
    Fiquei super curiosa com isso de o protagonista nao ter certeza se ele é ele mesmo.
    No momento nao estou no clima para leituras do estilo Dick, mas vou colocar Valis na minha lista.
    PS: Adoro as capas dessa coleção. A Aleph sempre capricha.
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

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  10. Oi!
    Gostei do livro, tenho vontade de ler obras do autor q já ouvi flar mto bem da escrita...Anotei a dica!
    Bjs

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  11. Oi Marcos, esse sim é, definitivamente, um livro que eu leria sem que ninguém ao menos me falasse sobre ele. Entrar na mente de pessoas assim é sempre um desafio, e eu quero conhecer mais sobre a história.
    Beijos
    Quanto Mais Livros Melhor

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  12. Oi, Marcos!
    A capa realmente não me transmitiu nada e não esperava que um conteúdo tão surpreendente e diferente, seria encontrado nessa leitura. Fiquei bem curiosa. Apesar de nunca ter lido nada nesse estilo, acho que seria muito interessante. E por gostar de suas indicações, vou anotar na lista.
    Resenha, como sempre, muito bem escrita.
    Obrigada.
    Abraços.

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  13. Oi, Marcos!!
    Que livro mais interessante é esse!! Fiquei bem curiosa para ver como seria a leitura desse livro!! Adorei a indicação!!
    Beijoss

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  14. Sua resenha está muito boa!
    Eu não conhecia este livro, a capa acabou que não chamando muito a atenção, mas por a sua resenha parece ser uma história bem interessante, quem sabe futuramente eu leia.

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  15. Marcos
    só de olhar a capa já fico pirada. Já senti uma certa simpatia com os personagens, pelas suas buscas, afinal de louco todos temos um pouco, já diz o ditado. Me pareceu ser totalmente diferente de tudo que já li e se voce diz que no fim vamos gostar então vou acreditar.
    abraços
    Gisela
    www.lerparadivertir.com

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  16. Taí um autor que nunca me chamou a atenção e que com a sua resenha teve seu livro em minha lista de livros a ler.
    Achei a capa meio sem sentido, mas pela sinopse e resenha dá pra perceber que existem muitas coisas sem sentido aí hahaha
    Quero ler, com certeza!

    Beijos,
    Kemmy - Duas Leitoras

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  17. livro totalmente xarope assim como a invasão divina e fluam minhas lágrimas disse o policial

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