15/02/2017

Resenha: A menina que tinha dons


Título: A menina que tinha dons
Autor: M. R. Carey
Editora: Fábrica 231
ISBN: 9788568432020
Ano: 2014
Páginas: 384
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Sinopse:

Cultuado autor de quadrinhos e roteiros da Marvel e da DC Comics, entre eles algumas das mais elogiadas histórias de X-Men e O Quarteto Fantástico, o britânico M. R. Carey apresenta uma trama original e emocionante em sua estreia como romancista com A menina que tinha dons, lançamento do selo Fábrica231. Aclamado pela crítica, o livro se tornou um bestseller imediato na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos ao contar a história de Melanie, uma menina superdotada que faz parte de um grupo de crianças portadoras de um vírus que se espalhou pela Terra e que são a única esperança de reverter os efeitos dessa terrível praga sobre a humanidade. Uma comovente história sobre amor, perda e companheirismo encenada num futuro distópico.

Resenha:

Estava com este livro guardado há quase um ano na estante, mas ainda não tinha começado a leitura; porém, quando li Fellside e amei o livro, precisava conhecer esse outro trabalho do autor e posso dizer que gostei da história e a essência do autor. Quer saber o motivo? Confira abaixo.

Melanie é uma criança com apenas 10 anos que acorda todos os dias em uma cela e é amarrada em uma cadeira para assistir suas aulas diárias, tornou-se uma rotina tão natural que não questiona como é tratada apenas tem uma pergunta: o que ela é? Sabe que não é humana, mesmo tendo o corpo e capacidade de pensar; além disso, por onde passa, todas as pessoas parecem ter medo ou raiva, a única pessoa que consegue amar e recebe reciprocidade é sua professora favorita, Srta. Justineau.

Todos os dias é acordada aos berros, gritos e insultos pelo sargento Parks e seus soldados, e mesmo diante desse tratamento incomum, a garota lida com bastante respeito e ingenuidade, sempre dando bom dia e referindo-se aos soldados, professores e outros alunos por seus respectivos nomes ou sobrenomes. Por ser educada e gentil, acaba sendo tratada um pouco melhor ou recebendo alguma resposta ou agradecimento.

Melanie é uma garota bastante inteligente, a melhor cobaia da Dra. Caldwell, é o destaque entre todas as crianças e ainda é apaixonada pelas histórias contadas pela Srta. Justineau, que são em sua maioria da mitologia grega; a personagem favorita que gostaria de ser é Pandora, a garota que tem todos os dons. Aos poucos, começa a descobrir que é um dos famintos devido a inúmeras características em comum.

O desejo de saber como é o mundo exterior é enorme na garota, pois ela nunca conseguiu saber como é o sol, as estações do ano, como é um lar, ter uma família e muitos detalhes que a humanidade criou; para ela, o planeta deve ser bastante excitante e fantástico, mas vai descobrir de uma forma drástica que esse mundo ficou no passado.

Assim, Srta. Justineau, Sargento Parks, Dra. Caldwell, soldado Gallagher e Melanie tentarão sobreviver até chegar em Beacon, uma base até então segura e que dava suporte a eles até o momento que tiveram que fugir. É óbvio que Parks não achou uma boa ideia ter que estar junto de Melanie, mas Caldwell precisa da cobaia para conseguir uma possível cura, enquanto Justineau está empenhada em proteger a garota das garras da doutora.




“– De jeito nenhum! – Caldwell a censura. – Eu já falei, sargento. A menina faz parte de minha pesquisa. Ela pertence a mim. Justineau meneia a cabeça, olhando fixamente o chão. – Terei de lhe dar outro murro na cabeça, Caroline? Não quero ouvir você dizer isso”.
A relação entre Helen Justineau e Melanie desenvolve-se aos poucos, mostrando como a humana não consegue enxergar um monstro e sim uma criança que não sabe nada sobre o mundo, além do que aprendeu em sala. Quando a garota é ameaçada ou está em perigo, seus instintos são agressivos, o que acaba sendo uma questão bastante intrigante entre as pessoas que estão ao seu redor, pois não entendem o afeto mesmo nessas situações. Para Melani, sua professora favorita sempre foi alguém que admirou, é quase um Deus. Seu amor pela Justineau é tão forte e sincero que consegue enfrentar diversas adversidades e a faz até ter um pouco de controle sobre o que é.

O retrato desse mundo pós-apocalíptico mostra como a humanidade tornou-se decadente; o verdadeiro eu das pessoas é libertado. Elas se tornam cruéis, egoístas e gananciosas. Em um momento a pessoa era um pai, mãe, policial, mendigo, estudante ou outro alguém, no outro, as tragédias transformaram-lhes ou despertaram o pior lado que o ser humano pode ter, não importando quem eles foram. Essa imagem é bem refletida no comportamento dos lixeiros, sobreviventes que esqueceram de fazer qualquer outra coisa a não ser sobreviver, são parasitas, só querem viver, roubam, não cultivam e são quase como nômades.

Por mais devastado que o mundo tenha ficado, aos olhos de Melanie ele é simplesmente surpreendente e maravilhoso. Toda forma de vida, ou o que sobrou, é singular para a garota; a natureza é sempre impressionante para aqueles que não carregam a maldade e violência no coração. A realidade pode ser mais horrível ou extraordinária, e para ela é a segunda opção, então ler sobre como enxerga os lugares é simplesmente cativante.

Dra.Caldwell está obcecada e empenhada em conseguir desenvolver um antídoto, cura ou algo semelhante que possa salvá-los ou até combater esta epidemia que aos poucos consegue sucumbir os últimos sobreviventes. Porém, sacrifícios precisam ser feitos e sua cobaia número um pode ser a chave para às respostas que procura, mas aparece um grande dilema: O que vale mais? A compaixão por uma faminta ou a “morte” e esperança para uma possível cura? Por mais que estivesse apegada a Melanie, encarava essa questão com os prós e contras em bastante equilíbrio.

É impressionante como o desespero e medo mudam as pessoas e conseguem fazer com que elas cometam atos em sua maioria estúpidos. Houve alguns momentos que quase quis entrar na história para estapear ou gritar com os personagens; até agora estou com uma raiva imensa do Gallagher, apesar de ser um garoto gentil, dedicado e obediente, teve algumas atitudes que me incomodaram. Tendo algumas cenas que me deixaram impotente, mesmo quando o personagem tem que fazer o certo mesmo sendo triste.


Eu amo histórias sobre zumbis, adoro essas criaturas e sempre serei fisgada por livros que tenham um mundo pós-apocalíptico. Gosto de perceber as críticas que os autores fazem, as interpretações que o leitor tem e claro, a maneira como surgiu os zumbis, seja através de um vírus como em The Walking Dead, através de um astro como a série As Crônicas dos Mortos, sem contar também como são os zumbis em si, em muitos livros e filmes alguns têm variações: ficam mais lentos ou mais rápidos, mais fracos ou mais fortes. Esse livro em questão é uma nova maneira de explicar sobre essas criaturas e até como chamá-las.

Eu nunca iria imaginar que esse livro falava sobre zumbis por dois motivos: a capa e título. Acho que a maioria deve pensar em uma fantasia onde uma menina tem dons que são perigosos ou desconhecidos, mas só fui saber do que se tratava quando uma amiga falou que era sobre zumbis. Isso talvez aconteça porque o título é uma metáfora que só se descobre seu sentido ao ler o livro. Essa capa não expressa nem 5% do que a história retrata, acho que se mudá-la talvez atraia mais leitores, que são, muitas vezes, atraídos primeiramente pela capa.

Fora esses dois detalhes, gostei bastante da forma como o Carey retratou a humanidade e essas criaturas fascinantes; há um diferencial com relação a história, não é só “mais uma história sobre zumbis”, vai muito além das aparências e finais felizes; consegui captar sua essência. Apenas uma coisa não sou capaz de definir que é sobre o final, não sei se consigo gostar ou desgostar, só debatendo para conseguir ter uma opinião formada.

Um lembrete: O livro foi adaptado para os cinemas e no exterior já foi lançado em setembro do ano passado. Infelizmente, aqui no Brasil não tem data de estreia e nem sabemos se vão lançar.

Como falei antes, não gostei muito da capa, mas não desmereço o trabalho que a Fábrica 231 teve com o livro, gostei do efeito emborrachado que colocaram na capa, a tradução de Ryta Vinagre está impecável, a revisão excelente e com uma boa diagramação.

Se você gosta de livros que vão além das histórias que já conhecemos e que possuem uma escrita envolvente, não pode deixar de ler sobre garota especial que tinha dons.

Comentários
17 Comentários

17 comentários:

  1. Oi Thaís!!
    Ao contrário de você não tenho tanta afinidade com livros de zumbi, mas este é uma exceção pois adorei o filme e quero muito ler o livro agora.
    O que gostei é que não é apenas mais um pós -apocalíptico, mas mostra, como você disse, uma nova face da humanidade onde as pessoas são cruéis e egoístas.
    Muito ansioso pra ler!!
    Abraço.

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  2. Bem, tirando The Walking Dead, tenho muito receio sobre qualquer coisa que seja relacionada com zumbis e afins. Sei lá, parece que sempre tá faltando algo ou seja o excesso.
    Como não conhecia o livro, tive uma ideia totalmente errada no início, imaginei realmente uma menina capaz de ajudar ou algo parecido, bem longe de zumbis e apocalipse!
    Mas gostei muito do que li acima e se tiver oportunidade, quero muito conhecer a história!
    Beijo

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  3. Oi Thais!

    Mulher, já adicionei o livro na minha lista de desejados, ainda mais depois que vc disse a palavra mágica "zumbis" rsrsrsrsrs
    Gostei muito da sua resenha, de vdd, não imaginava que este livro teria este assunto como enredo! Fiquei bem curiosa e pode acreditar, vou tentar comprar o livro o mais rápido possível! rsrsrsrs

    Ótima resenha como sempre! <3

    Bjo bjo^^

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  4. Oie
    Não conhecia o livro, mas quando vi tbm não imaginei que teria zumbis. Fiquei curiosa, mas este tema não faz muito meu estilo de leitura.

    Beijinhos
    http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/

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  5. Oi, Thais, realmente, pela capa nem imaginei que a história seria sobre zumbis. Não gosto muito da temática, mas essa história me pareceu interessante principalmente pela menina.

    Blog aboutbooksandmore.blogspot.com.br

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  6. Olá, Thaís.
    Eu não me interessei muito por esse livro porque já estava cheia desse negocio de A Menina que... Parece que os autores não tem mais ideia de nomes para os livros hehe. Mas agora lendo que é sobre zumbis, eu me interessei em ler. A capa é bem sem graça mesmo.

    Prefácio

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  7. Eu só fui saber que tipo de história era depois de ver que iriam lançar um filme. Aí vi trailer e um post falando que tinha um livro e fiquei boba. Porque eu também nunca que iria imaginar o tipo de história com essa capa. E com o título. É doideira mesmo, não é? xD
    Gosto muito de histórias com zumbis e de ver as críticas que os autores colocam nessa ideia de mundo também. É muito legal, né? A gente percebe tantas emoções, tantas coisas que pode usar de exemplo e as consequências disso. Acho muito gostoso de ler. Tem todo um drama e uma espécie de chamado pra gente prestar atenção na sociedade e em como estamos nos relacionando ao longo dos anos...sei lá, tiro várias ideias com essas histórias...
    Acho que o legal de histórias assim é que destaca a humanidade e não só os mortos-vivos. Faz você pensar um pouco nas suas atitudes, sei lá.
    E também tem todo aquele horror de descobrir como começou mesmo, imaginar aquilo acontecendo e etc. Gosto muito das ideias que os atores tem pra explicar isso.
    Gostei dessa história. Parece ter muitas das coisas que curto nesse tipo de livro e estou querendo ler =)

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    Respostas
    1. Oi, Cristiane!
      Que bela analise, compartilho da mesma opinião sobre a critica social que oa autores fazem.
      Muito obrigafa pelo comentário <3
      Beijos

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  8. Thaís!
    Nem precisamos chegar a mundo pós apocalíptico para encontrarmos pessoas cruéis, egoístas e gananciosas. Vivemos isso em nossa atualidade.
    Acredito que todos nós se passarmos por situações desesperadoras, tomaremos decisões idiotas ou até sem nexo.
    Gostei da ideia das experiências e saber que os zumbis estão presentes.
    “O saber é saber que nada se sabe. Este é a definição do verdadeiro conhecimento.” (Confúcio)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de FEVEREIRO, livros + KIT DE MATERIAL ESCOLAR e 3 ganhadores, participem!

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  9. Oi, Thais!!
    Também não sabia que esse livro tem como tema central os zumbis!! Gostei bastante da resenha e da premissa do livro!! Adorei a indicação!!
    Beijoss

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  10. Olá, apesar do livro ter uma história bacana acho que ela poderia ser mais original, pois ler sobre temas já massivamente reiterados em muitos outros livro pode ser desgastante. Beijos.

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  11. Hey,

    Bem como disse nas resenhas anteriores esse tema não faz nada o meu tipo, então, não será um livro que vou ler, mas para quem gosta do tema deve ser ótimo.

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  12. Oi Thais!!
    Que resenha linda!!! Eu não tinha lido nd sobre esse livro, adorei o enredo!
    Vai pra minha listinha!
    Bjs!

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  13. Amo uma boa distopia, e essa me parece ser uma delas. Não imaginava que este livro se tratava de zumbis, como você disse a capa não mostra muito o enredo. Já queria ler este livro antes, depois dessa resenha quero ainda mais. Ótima resenha e dica. Espero que o filme chegue logo ao Brasil.
    Abraço!
    A Arte de Escrever

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  14. Oi ? Tem zumbis no meio ? Como assim gente ? Que eu tô a mil anos a fim desse livro e não tinha me tocado que tinha zumbis no meio, agora tô me arrependendo de não ter ido atrás dessa leitura mais rápido. Eu imagino o quanto deve ter sido ruim para a protagonista que nunca fez nada na vida contra ninguém ser tratada de tal forma horrenda pelo simples fato de ela ser a fonte da possível cura. Eu vou colocar esse livro em lista de desejados urgentes. Obrigada pela resenha.

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  15. Olá...
    Apesar de não ser fã mesmo de livros com zumbis, fiquei bastante curiosa para ler esse livro e conhecer de perto a história da superdotada Melanie... Espero poder ler esse livro em breve...
    Beijinhos...

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  16. Tentei ler esse livro várias vezes, mas não consegui. Achei chatinho e enrolado, daí troquei com um amigo. kkkk
    Acho que ele funciona mais para quem gosta de zumbis mesmo. Quem não curte muito o tema como eu , se perde.
    bjs

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