05/04/2017

Resenha: O Século de Sangue

Título: O Século de Sangue
Organizadores: Emmanuel Hecht e Pierre Servent
Editora: Contexto
ISBN: 9788572449274
Ano: 2015
Páginas: 288
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Sinopse:

Os últimos cem anos favoreceram enormes avanços civilizatórios (a internet, a penicilina, a pílula anticoncepcional e tantos outros), mas também propiciaram enorme avanço na capacidade dos homens se autodestruírem. Este livro narra vinte dos conflitos mais sangrentos a que o mundo assistiu de 1914 até os dias de hoje. Há guerras globais, como a Segunda Guerra Mundial, e embates localizados, todos eles fundamentais para desenhar o mapa do mundo da forma que ele tem hoje. Escrito de forma saborosa e enriquecido por 26 mapas, O século de sangue nos leva para o front.

Resenha:

O Século de Sangue, a princípio, pode parecer um livro apenas para quem estuda história ou para quem gosta desse conteúdo acadêmico. Contudo, apesar das aparências, a obra é muito mais; ela representa o tipo de conteúdo que deveria ser conhecido por todos. Afinal, as guerras são reflexos da sociedade e, mesmo sendo reflexos, acabam por também modificá-la. Logo, conhecer o passado sangrento é essencial para compreender o presente e projetar um futuro menos tenebroso.

Partindo desse sentido, os autores da obra apresentam vinte guerras que assolaram o planeta nos últimos cem anos. Há algumas mais conhecidas, como a Primeira e a Segunda Guerra. Outras são menos divulgadas, como a guerra da Argélia, a do Líbano e do Golfo. Contudo, todas elas tiveram influências na sociedade atual. Apresentando-as, os autores visam mostrar algumas especificidades que não são mostradas na escola e fazer com o que o leitor fuja do senso comum.


Abordar todas as guerras na resenha seria inviável pelo tamanho e também retiraria muito da descoberta do livro. Desta forma, comentarei sobre duas delas que me chamaram muito a atenção porque, apesar de conhecidas, mostram ter aspectos que fugiam da minha concepção. São elas: Primeira Guerra Mundial e Guerra da Coreia.
“Se é justo considerar que nenhum governo procurava a conflagração deliberadamente, é forçoso reconhecer, com Jules Isaac, que “a obsessão da guerra dominava a todos, os rondava” e que cada um atribuía ao outro os projetos de agressão. Numa palavra, os europeus se julgavam “em estado de legítima defesa”, e a guerra podia surgir, no clima de tensão do ano de 1914, como uma solução, uma solução terrível e radical, certamente, mas talvez como a melhor das soluções” (p. 7).
Em relação à primeira, a obra conseguiu despertar meu interesse porque, anteriormente, eu achava tal conflito um tanto confuso. O motivo é simples: a Segunda Guerra possui motivações bem claras; a Primeira, nem tanto. Então, Jean-Yves Le Naour, autor do texto sobre tal conflagração, explora exatamente esse aspecto. Ele apresenta, de maneira simples e concisa, muitos dos aspectos que influenciaram na declaração da guerra. Outro aspecto enfocado é o “redescobrimento da guerra”, até porque o homem, naquele período, nunca tinha causado algo tão desastroso.

Em relação à Guerra da Coreia, o texto escrito por Ivan Cadeau apresenta também as diversas motivações para o conflito e como ele se desenvolveu. Esta me chamou a atenção porque foi além do que é sempre ensinado na escola: comunismo x capitalismo. Há uma série de interesses particulares e nacionais envolvidos e que pouco se fala. Observar tal fato e perceber como essa “desavença” ainda repercute na comunidade mundial é mais do que interessante.


Além do conhecimento histórico que é agregado ao leitor, com fatos poucos explorados pela história oficial, o livro também chama a atenção por ter uma característica incomum aos livros acadêmicos: ele possui uma superfície textual leve e direta, o que permite que a leitura seja alcançada por todos. Isso, sem dúvidas, acrescenta muito na atratividade da obra.
“Ganhar a guerra é uma coisa, ganhar a paz é outra” (p. 20).
Outro ponto que merece ser ressaltado é a preocupação com a didática. O livro possui 26 mapas que deixam todos os conflitos muito mais visuais. Através deles, além das fronteiras, é possível observar onde ocorreram as movimentações das tropas, quais eram as verdadeiras áreas de interesse e como foram colocadas em prática as estratégias militares.

Além disso, vale ressaltar que o livro possui uma bibliografia extensa, o que confere credibilidade à obra. Ela não é construída sobre “achismos e suposições”, mas sobre bases confiáveis. Aliás, outro aspecto que dá tal credibilidade são os autores: todos com extensos estudos na área, sendo a maioria doutores em história. Ou seja, além de ensinar muito e de maneira fácil, pode ser uma fonte confiável de pesquisa para quem deseja utilizá-lo em estudos acadêmicos.


Se toda parte teórica é muito boa, também tenho que parabenizar a editora Contexto pelo excelente trabalho em relação ao físico da obra. A capa está belíssima e muito atrativa; a diagramação está perfeita: o livro possui letras grandes, espaçamento confortável, os mapas foram impressos com excelente qualidade e as páginas são amareladas, o que facilita a leitura. Além disso, houve uma atenção especial tanto na tradução quanto na revisando, entregando ao leitor um trabalho de alto nível.
“Ao amanhecer de 25 de junho de 1950, a artilharia norte-coreana abre fogo ao longo do Paralelo 38 que separa a Coreia do Norte de sua vizinha do sul: a Guerra da Coreia acaba de começar. Ela vai durar três anos e figurar entre as mais homicidas do século XX” (p. 93).
Diante de tantas características positivas, O Século de Sangue torna-se mais do que uma boa pedida pelo seu extenso conteúdo e linguagem direta, mas um livro obrigatório para quem deseja ter uma visão mais ampla da nossa história e sociedade.


Comentários
13 Comentários

13 comentários:

  1. Bem,não é muito meu estilo de leitura,por trazer informação demais e eu ter cérebro de menos..rs
    Nunca consigo guardar tanta coisa. Mas confesso que gostei muito do que li acima. Guerras sempre foram e infelizmente, serão a saída que muitos povos encontram para destruir a si próprios e aos amigos.
    Não só a guerra país/país..há guerra dentro de nós e estas matam também!
    Beijo

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  2. Sabe, achei que são poucas páginas para esse número tão gigante de informações... Dá pra aprender muito.
    Adorei isso!!!!

    Bjks

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  3. Oi Marcos!
    Gostei da resenha, mas uma pena o enredo não em chamar atenção, o gênero não me atrai...
    Bjs

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  4. Marcos, gosto muito de livros de História e sempre me interessei pelas guerras (meio mórbido, né?), principalmente as duas mundiais.
    Adorei saber que a linguagem é tranquila e é uma leitura muito bacana.
    Na escola acaba que a gente conhece só o superficial de cada conflito e precisa ler livros assim para aprofundar.

    Beijooos

    www.casosacasoselivros.com
    www.livrosdateca.com

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  5. Seria interessante fazer uma leitura que aborda tanta historia mas recentemente ando querendo ler livros com historias mais simples de se entender, mas quem saber mais na frete eu leia e goste.
    Abraços!!!!

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  6. História minha matéria favorita e sempre procuro por livros sobre conflitos do nosso passado e se tem Segunda Guerra Mundial já passa a ser um dos meus desejados, como minha leitura atual a biografia de Churchill, e achei incrível pela escrita ser simples porque faz que uma maior quantidade de pessoas se interessarem por um assunto que a maioria não considera chamativo.
    Beijos.

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  7. Gosto muito de história e esse tema de guerra sempre me interessou, porém, não acredito que eu vá me prender a leitura porque acho o tema amplo e detalhista demais para se ler apenas. Acredito que faria uma pesquisa, com documentários e algo do tipo. Mas se tiver chance de ler, claro que adoraria acrescentar a lista de leitura!

    Bjinhos ♥ ♥

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  8. Oi Marcos!
    O livro parece ser muito rico em informações. Mas dessa vez, passo a dica. Não gosto de livros e nem filmes nesse estilo. Mas para quem gosta, com certeza será uma valiosa dica.
    Como sempre, resenha muito bem escrita.
    Abraços.

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  9. Marcos!
    É bem o tipo de livro que gosto de ler, porque traz muito de toda história mundial e aqui parece que são mais os relatos ligados a guerra e toda crueldade que as acompanha.
    Gostaria de ler.
    Desejo um ótimo final de semana!
    “ O amor é a sabedoria dos loucos e a loucura dos sábios.” (Samuel Johnson)
    cheirinhos
    Rudy
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    TOP COMENTARISTA ABRIL especial de aniversário, serão 6 ganhadores, não fique de fora!

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  10. Oi, Marcos!
    Adorei a resenha o livro é maravilhoso principalmente para quem gosta de história. Esse tema não é um dos que mais aprecio mais gostei mesmo assim do livro.
    Bjoss

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  11. Li o titulo e ja não gostei muito por ser um estilo de livro que não leio muito apesar de amar história, mas fui lendo a resenha e até fiquei interessada e se tiver a oportunidade vou ler sim

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  12. Oi Marcos.
    Que incrível.
    Eu sou uma pessoa que ama livros que abordem temas de guerra, e não sabia que havia esse ai, se não tinha lido antes.
    Adorei saber que apesar do livro ser um tanto que acadêmico a leitura é interessante, esse vai para os meus desejados com certeza.
    Bjs.

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  13. Gostei do livro ainda mais pela escrita direta e didática facilitando o entendimento, conhecer alguns fatos poucos explorados das guerra além dos que foi passado na escola e os interesses particulares e nacionais é o que me faz querer mais acompanhar a obra.

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