Resenha: Alena

Título: Alena

Autor: Kim W. Andersson

Editora: AVEC Editora

ISBN: 9788567901671

Ano: 2017

Páginas: 120

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Sinopse:

A vida de Alena é um inferno. Desde que começou a estudar em um colégio cheio de colegas esnobes, ela sofre bullying de Filippa e das outras meninas do time de lacrosse. A melhor amiga de Alena acha que já chega de aguentar todo esse abuso. Seja da conselheira, do diretor, de Filippa ou de qualquer outra pessoa nessa escola repulsiva. Josefin promete resolver o assunto por conta própria a menos que Alena dê o troco. Só existe um problema: Josefin está morta há um ano.

Resenha:

Alena tinha uma vida mais ou menos normal na sua antiga escola, até que o improvável aconteceu: a morte de Josefin, sua melhor amiga. Extremamente abalada com o ocorrido, resolve deixar tudo para trás e tentar seguir em frente, em outro lugar, em outra escola. Contudo, seu novo colégio está bem longe de ser o céu. Sua vida parece estar em uma ladeira, indo sempre mais para o fundo.

Alena é a garota mais pobre da escola, depende de uma bolsa para estudar. Ademais, é considerada o patinho feio; não se encaixa, não se mistura com os colegas. Porém, a sensação de diferença vai piorando quando as ofensas verbais se tornam físicas. Os insultos são frequentes e as ameaças ainda mais. Alena quer mudar, quer ser um pouco como Josefin, mas parece não ter forças.

Josefin, presente, apesar de morta – seria realmente um fantasma ou um distúrbio? –, diz que se Alena não der um jeito nessa situação, ela dará. A finada não aguenta mais ver o sofrimento da pessoa que ama e a quer feliz. Porém, as formas que Josefin pretende empregar para resolver o problema não são nada tradicionais. Ao contrário, ela pretende dar o troco, algumas vezes antecipadamente. Ela quer ser temida. E quando uma morta deseja ser temida, os vivos deveriam tremer.

Partindo dessa premissa, Kim W. Andersson cria uma Graphic Novel que mistura elementos bem presentes em nosso mundo – o bullying, sentimento de rejeição e preconceito – com suspense, sobrenatural e terror. A combinação não poderia dar um resultado diferente: é simplesmente espetacular. O enredo é tão bem amarrado que é impossível não se impressionar com tudo que acontece.

O ponto chave para que o objetivo de Alena seja alcançado tão bem é o trabalho intenso para o aprofundamento dos personagens. Em poucas palavras e imagens, Alena e Josefin ganham uma carga emocional e psicológica fora do comum. Isso as tornam únicas, assim como o enredo que é desenvolvido. Esse elemento, junto com as ilustrações espetaculares, fazem o trabalho merecer aplausos.

Aliás, o aspecto visual foi, sem dúvidas, um dos trunfos dessa novela. O desenhista soube deixar as ilustrações mais leves nos momentos adequados; ademais, no caminho progressivo de aumento da pressão e do terror, a coloração vermelha ganha vez, o sangue respinga e a escuridão se faz presente. Seja a dor ou a morte, Kim mostra um trabalho espetacular, tornando esta Graphic Novel impossível de ser ignorada.

O fato do enredo mesclar-se com a realidade também é essencial para a aproximação com o leitor. Afinal, aqui não temos apenas o terror pelo terror ou suspense pelo suspense. Encontramos uma razão mundana de ser; aliás, os temas trabalhados podem, inclusive, dialogar com experiências de quem lê. Afinal, infelizmente, as práticas violentas em ambientes escolares são cada vez mais comuns.

Além do bom enredo e do excelente aspecto gráfico, o trabalho da AVEC também merece elogios. A editora fez uma aposta mais do que acertada em buscar esse título na literatura sueca, fazendo uma tradução primorosa. Ademais, trouxe um material físico de grande qualidade, mostrando, inclusive, um capricho muito superior ao das editoras “tradicionais”.

Em suma, todos os elementos gritam: leia Alena. O enredo é bom e bem amarrado; a arte gráfica é sensacional e o trabalho da AVEC é impecável. Desbrave-a, você irá surpreender-se.

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