28/06/2016

Resenha: O Pêndulo de Foucault

Título: O Pêndulo de Foucault
Autor: Umberto Eco
Editora: Record
ISBN: 9788501034663
Ano: 2016
Páginas: 672
Compre: Aqui

Sinopse:

Um dos romances mais famosos de Umberto Eco ganha reedição com novo projeto gráfico de capa e miolo.
Casaubon, Belbo e Diotallevi são redatores da editora Garamond, na Milão do início da década de 1980. Cansados da leitura e releitura de incontáveis manuscritos de ciências ocultas, eles acabam encontrando indícios de um complô que teria surgido em 1312 e atravessado, encoberto, toda a história do planeta até o fim do século XX. Os agentes e beneficiários dessa trama secreta seriam os templários e os rosa-cruzes, cujo objetivo maior era dominar o mundo. Em O pêndulo de Foucault, Umberto Eco aborda questões contemporâneas como a emergência do irracionalismo high-tech, as síndromes do final do milênio, o mundo dos signos e os segredos da História. Aliando a tudo isso muito suspense, ocultismo e crimes misteriosos, Eco é ao mesmo tempo erudito e bem-humorado.

Resenha:

O Pêndulo de Foucault é um livro “hardcore”. Há livros pesados, muito pesados e essa obra. Parece exagero, mas não é. Mesmo para leitores mais experientes, que leem textos acadêmicos mais elaborados, esse livro é puxado. Isso é um ponto negativo, logo de cara? Não, ao contrário. É o maior ponto positivo do livro, porém, é necessário que o leitor saiba, desde o princípio, que leitura está desbravando. Caso contrário, pode sair decepcionado.

A premissa da obra é basicamente a que foi expressa na sinopse; relatar muito mais do que isso pode e vai estragar o suspense. Uma equipe, após muitas leituras e releituras, começa a perceber determinados pontos em comum na história mundial. Eles percebem que pode estar acontecendo uma grande conspiração, de nível global, e que perpassa muitos séculos. Os três redatores da equipe começam a brincar com essa possível conspiração, até que coisas estranhas começam a acontecer.


Em um primeiro momento, você pode pensar: já vi isso em Dan Brown. E se você for leitor desse autor, vai perceber que já viu mesmo. Dan é considerado um dos “seguidores de Eco”. Aliás, o Umberto Eco chegou a afirmar, certa feita, que Dan Brown parece ter sido inventado por ele. Contudo, a semelhança para por aí. Todo o resto é completamente diferente. O que será maravilhoso para alguns leitores e péssimo para outros.
“(...) Creio que o universo seja um conceito admirável de correspondências numéricas e que a leitura do número, e a sua interpretação simbólica, sejam uma via de conhecimento privilegiada” (p. 308).
Dan Brown – que é um autor que eu gosto – aposta em tramas simplificadas, meio previsíveis, ágeis e repletas de mistério. O misticismo está sempre presente. Eco faz o caminho inverso. A trama é pesada, o texto é árido, detalhado, forte. O leitor, para vencer o texto, precisa ser experiente e persistente. A leitura é lenta na maior parte do tempo, seja pela forte reconstrução histórica que o autor faz, seja pela erudição da obra.

Outro detalhe interessante da obra é que o autor brinca e debocha de certas convicções durante o texto. Ele aborda as teorias conspiratórias, o misticismo e o ocultismo. Porém, se os personagens tomam parte de tais segmentos misteriosos, o autor, através de seu narrador, não o faz. Profundamente crítico e acadêmico, ele procura desconstruir certas opiniões tomadas como verdadeiras por muitos. Isso faz com que o texto ganhe o leitor, principalmente os que são fãs de passagens com forte eloquência e ironia.


Como era de se esperar, tudo na obra é perfeitamente construído. O mistério, os personagens, a linguagem, a trama... todos os elementos recebem um tratamento exemplar, especial, forte. Contudo, o autor vai tão fundo em todos os pontos que acaba tornando o livro muito denso, como já dito. Para leitores que gostam de um desafio, esse é um banquete. Para quem prefere as tramas mais leves, com personagens estereotipados e suspense de acelerar o coração, o livro não é a melhor das opções.
“Não se precisa raciocinar segundo sequências lineares. A água desta fonte não o faz. A natureza não o faz, a natureza ignora o tempo. O tempo é uma invenção do Ocidente” (p. 359).
Quanto à parte física, não tenho o que reclamar. Esse livro, se trata, na verdade, de uma reedição da Record. Na obra encontramos um trabalho acurado do texto, uma diagramação confortável e uma capa belíssima. O livro encanta tanto pelo bom conteúdo quanto pelo ótimo trabalho da editora.

Em suma, O Pêndulo de Foucault é um livro muito recomendado, mas definitivamente não é uma obra para todos os leitores. Esta é uma obra que exigirá muito de quem lê, em todos os aspectos: paciência, atenção, conhecimento, coragem. Se você tem todos esses elementos, mergulhe na obra. Certamente você sairá satisfeito.

Adendos:

1.      Dan Brow é citado na resenha devido à polêmica fala do Eco. Você pode encontrar uma das entrevistas que ele menciona essa criação aqui.
2.      É possível gostar de Dan Brown, que é uma literatura de massa, e gostar de Eco, uma literatura mais acadêmica. Os textos não são excludentes, apesar de não concordarem entre si.

3.      A Record publica outros textos do autor e que são mais acessíveis, tanto pelo tamanho quanto pela densidade, apesar de ainda bastante complexos. Para quem está acostumado com leituras menos densas, talvez seja interessante começar a desbravar o universo do autor pelos livros Número Zero e O Cemitério de Praga

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Comentários
20 Comentários

20 comentários:

  1. Nunca li nada do autor, mas desde que assisti O nome da rosa morro de vontade, mas sei que são leituras mais densas, todas as resenhas o pessoal comenta, adoro Dan Brown, vamos ver por qual obra lerei Umberto Eco...gostei da sua dica!

    Daily of Books

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  2. Oi, Marcos

    Eu já tinha visto essa treta do Eco com o Brown. Honestamente? O Pêndulo de Foucault é um livro que me assusta um pouco. Acredito que demoraria muito tempo para lê-lo, apesar de achar que ele agregaria muito valor ao meu eu leitora.
    Essa densidade toda tem que ser bem mastigada, bem absorvida, eu ando tendo pouco tempo para livros que necessitam de tanto empenho. Mas com certeza é uma obra que tenho vontade de ler no futuro.

    Beijos

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  3. Oi Marcos, tudo bem?
    Nossa, você devia ser crítico literário, sua resenha ficou incrível. Ei conheço o autor por ter visto o filme baseado em sua obra Em Nome da Rosa, o enredo é fantástico, gosto desse estilo, inclusive sou fã do Dan Brow. Nunca li nenhum livro do Eco, mas ganhei justamente Em nome da rosa, acho que vou começar por ele. Nunca li um autor com essa veia acadêmica, deve ser um desafio mesmo, e pelo o que disse, acho que não conseguirei alcançar a totalidade do seu texto. É nessas horas que eu gostaria de estar em uma aula de literatura com o professor dissecando a obra.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  4. eu adorei esse livro. foi um dos primeiros que li do umberto eco. não lembro daonde. talvez de uma biblioteca. bacana que reeditaram. beijos, pedrita

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  5. Não conheço a obra, parece ser uma leitura densa! Não sei se estaria apta para ela, rs


    Beijos!

    EsmaltadasdaPatyDomingues

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  6. So a Ju que e um monstro no bom sentindo, para fazer esse livro parecer leve... hhahahaha Mas para mim nenhum livro que venha com Foucault no titulo pode ser nada menos que pesado por outro lado Eco tende a ser incrivel e eu sou uma leitora experimentada entao devo dizer que esse livro esta na minha lista lindamente!

    Adorei a resenha, estou em um computador com teclado meio que defeituoso entao perdoe a ausencia de alguns acentos hahaha

    www.oquetemnanossaestante.com.br

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  7. Oi Marcos!

    Eu tbm gosto muito de Dan Brown, tenho alguns livros dele na estante mas só li mesmo O Símbolo perdido. Acho que a narrativa de Eco me deixaria muito chateada, pois não sou tão adepta a livros pesados.

    Mas gostei da resenha! Espero que eu possa desbravá-lo um dia!

    Bjo bjo^^

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  8. Eu acho esse livro muito chic. Sério. Todo o conjunto dele é extremamente chic, e quem o lê também é!

    Isso faz de você muito chic!!

    Adorei a resenha. Tenho vontade de ler, mas me falta um tanto de coragem, parece maluquice dizer isso, mas não é não.

    Bjksssss

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  9. Já li O Nome da Rosa mas nunca tive outro contato com as obras do autor. Quem sabe um dia dou uma chance para o livro.
    Beijos
    Quanto Mais Livros Melhor

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  10. Olá, Marcos.
    Eu nunca li nada do autor. Até tinha me interessado lá na sinopse, mas depois de ler sua resenha, acho que vou deixar passar. Ele é meio pesado para mim hehe. Eu gosto muito da narrativa do Dan Brown, e os pontos que você destacou que diferenciam os dois, são exatamente o que eu gosto nele. por isso acho que não leria esse.

    Blog Prefácio

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  11. Oi Marcos.

    Antes de tudo adorei seu blog, eu ainda não tinha conhecido. Bom, há alguns anos tentei ler Umberto Eco e não consegui me conectar, o livro se chamava: A misteriosa Chama da Rainha Loana. Li até a metade, porém desistir. Depois disso não voltei a ler nada do autor. Após ler sua resenha, senti uma vontade de conhecer esse livro.
    Você conquistou uma fã.
    sonhoseaventurasdeamor.blogspot.com.br

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  12. Oi.
    Sua resenha fantástica, parabéns! Ainda não li nada desse autor, mas o livro me enche os olhos. Apesar de saber que será uma leitura um pouco demorada, creio que é muito rica e interessante. Depois de tudo que você escreveu, não tem como não sentir uma certa curiosidade sobre a obra. No atual momento não pegaria para ler, pois estou com o tempo reduzido e muitas leituras na espera. Mas vou adicionar a minha lista de desejados, pois tenho certeza que vou gostar muito e quero ler com toda a calma, para compreender e ficar satisfeita com o tempo dedicado ao livro. Obrigada. Abraços.

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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  14. Que medo. Acabei de ler a resenha do mesmo livro em outro blog. O_O
    E uau, a sua resenha acabou se mostrando mais "fechada" as informações do livro do que a outra que eu li (Foi no 'O Que tem na nossa estante'). Quando você citou Dan Brown, me recordo de ler o nome de Umberto Eco sendo citado em A Página Perdida de Camões, aonde o autor também é fã de Eco (e segue uma literatura bem ao estilo Dan Brown, super recomendado).
    Obrigada por avisar para quem nunca leu Umberto para ler outros livros. Queria que alguém tivesse feito isso com Neil Gaiman.

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  15. Oi Marcos!
    Sempre tive curiosidade em ler obras do autor, ouvi fla mto bem dle...Pq não começar com um romance logo de cara não é...
    Gostei mto da sinopse e dos personagens envolvidos que fazem da história realmente mto boa...Curiosa pra ler!
    Parabéns pela resenha!
    Bjs!

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  16. Ei Marcos,
    gostei muito da resenha, interessante e bem escrita, porém, acho que não lerei não.
    Pelo amor de Deus, já não chega aqueles textos dificílimos de se concentrar que tive que ler na facul, não quero mais não kkkk
    Sempre quis ler um livro do Eco, mas provavelmente não começarei com esse kkkk
    Também quero ler Dan Brown, mais por falarem tanto mal que quero conhece-lo kkkk
    bjs

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  17. Oi Marcos, tudo bem?
    Eu ainda não li nada do Eco :O Tenho o e-book de Número Zero, mas em meio a tantos livros, esse ficou esquecido :P
    Agora sua resenha me chamou a atenção para o autor. Vou começar primeiro por esse e-book que já tenho. Apesar de gostar de alguns livros mais difíceis e tudo o mais, gosto de estar preparada para a batalha hahah
    Beijos
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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  18. Marcos
    Até hoje só li O Nome da Rosa de Umberto Eco, e gostei bastante. Desde então fiquei com vontade de ler mais obras dele. É um livro terei que ler nas férias com tempo, Mas gostei da indicação. Ótima resenha.
    abraços
    Gisela
    www.lerparadivertir.com

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  19. Olá, Marcos.
    Esse livro sempre apareceu nas minhas visitas à biblioteca do ensino médio. Sempre tive curiosidade de lê-lo, mas a oportunidade nunca apareceu. Agora, me senti meio que atraída pela dificuldade, então certamente, algum dia da vida o lerei.
    Do autor, já li um livro teórico: "Seis passeios pelo bosque da ficção" e certamente quero ler outros de seus livros do autor.
    Abraços.

    Minhas Impressões

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  20. Nossa, eu vi esse livro no catálogo da Record e por medo de não gostar, acabei não escolhendo-o e agora com sua resenha posso dizer que o ditado: Se arrependimento matasse essas horas já estaria morta, me descreve PERFEITAMENTE! :(
    Mas, serviu para mim aprender a me arriscar mais em minhas leituras.
    Abraçoos

    Jovem Literário

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